
(Foto/Divulgação)
TEMPERATURA MÁXIMA
A terça-feira amanheceu “quente” em Campo Florido, com a Polícia Civil circulando pelas ruas da cidade logo nas primeiras horas do dia. Batizada de “ExpoCampo”, a operação mobilizou quase uma centena de policiais civis e quatro agentes da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público para cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão. Cedinho o vice-prefeito e o presidente da Câmara Municipal da vizinha cidade foram acordados com o toc-toc dos policiais. Porém, até onde se sabe, o prefeito Alysson da Saúde não está envolvido no suposto esquema fraudulento de superfaturamento de valores públicos destinados a pagamentos diversos relacionados ao evento ExpoCampo 2025, realizado em Campo Florido.
PEIXE É PEIXE...
É bom que se esclareça que ExpoCampo e Megacana Tech Show são eventos completamente distintos. A ExpoCampo é promovida pela Prefeitura, enquanto a Megacana é pela CanaCampo e congrega toda a cadeia da cana, desde o plantio, maquinário e usinas. O que está sendo investigado é o suposto esquema fraudulento na contratação e pagamentos do evento realizado pela Prefeitura de Campo Florido.
BOI É BOI...
A ExpoCampo este ano foi realizada de 10 a 13 de julho, no Parque de Exposições do Sindicato Rural. Dois meses antes do início da festa, o prefeito Alysson destacou que sua gestão estava “trazendo de volta uma festa familiar, com grandes atrações”. E ofereceu uma programação robusta, como a realização de uma etapa da divisão de acesso da PBR (Professional Bull Riders), o maior campeonato de montarias em touros do mundo, pela primeira vez em Campo Florido. Shows, cavalgada, encontro de violeiros, queima do alho foram algumas das atrações. Pois bem. As investigações da Polícia Civil revelam o uso de empresas de fachada e a participação de agentes públicos e políticos em desvios de recursos municipais. Nos bastidores circularam rumores de envolvimento nesse suposto esquema criminoso de pessoas ligadas a um certo político de passado bastante conturbado em Campo Florido
PEIXE-BOI É OUTRA COISA
Também na mira das investigações da Operação ExpoCampo está o Convale, que é o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional. Os consórcios, como se sabe, foram criados para agilizar contratações por parte dos municípios, e têm cumprido esse papel. No entanto, nesse caso específico, há suspeita de envolvimento do Convale como intermediador dos pagamentos a empresas de fachada, acusadas de vencerem licitações realizadas pelo Município desde o início da atual gestão.
RESPONSABILIDADE
No final da tarde, o presidente do Convale, prefeito Celson Pires, de Conceição das Alagoas, distribuiu nota à imprensa ressaltando que os contratos de prestação de serviço relacionados à ExpoCampo decorreram de procedimentos licitatórios regulares, realizados na modalidade pregão eletrônico. Diz a nota: “A empresa vencedora dos certames foi regularmente habilitada após a apresentação e análise de toda a documentação exigida em edital, tendo comprovado sua idoneidade jurídica, fiscal e técnica”. Na nota, o presidente esclarece que o Convale não executa diretamente recursos financeiros de municípios consorciados. Atua apenas como instrumento de gestão compartilhada e cooperação intermunicipal. Ou seja, a responsabilidade pela gestão dos recursos e pelos serviços solicitados cabe exclusivamente aos municípios.
LIMITES
Na nota distribuída à imprensa, o presidente Celson Pires também ressalta que “não há qualquer notificação judicial, administrativa ou policial dirigida ao Convale que indique irregularidade no contrato ou em qualquer de seus atos administrativos”.
PALMAS
O sucesso das operações policiais sob o comando do delegado chefe do 5º Departamento motivou até uma mensagem de áudio do governador Romeu Zema ao titular Felipe Colombari. Ele merece!
LONGA JORNADA
Entrevistado pelo programa Pingo do J dessa terça-feira, o expert em pesquisas Luiz Cláudio Campos contou que tem acompanhado os números preliminares de nomes cogitados para a disputa eleitoral do ano que vem e vê com preocupação o cenário. “Pelos números aferidos, é possível perceber que será uma caminhada longa em terreno íngreme” – disse.
BOLO
Na avaliação de Luiz Cláudio, que comanda o Instituto Percent, os candidatos locais deverão repartir um bolo de cerca de 120 mil a 130 mil votos válidos, no máximo. Os forasteiros levarão daqui outros 35 mil votos. Ou seja, temos mais chances de ajudar os candidatos de fora a garantir vaga na Assembleia de Minas e na Câmara Federal do que eleger um candidato nosso se não tivermos juízo e liderança forte para peneirar as aventuras partidárias. E mais: Luiz Cláudio avalia como extremamente difícil eleger um deputado sem apoio efetivo do Executivo. Ou seja, sem as bênçãos da prefeita Elisa será difícil emplacar um candidato em 2026. Mesmo assim, precisa ver se o candidato consegue caminhar sem muletas...
DESPRENDIMENTO
O grande problema do cenário eleitoral de Uberaba em 2026 pode estar na disputa para prefeito em 2028. Não será surpresa se alguns partidos lançarem nomes para deputado, porém de olho na cadeira de Elisa daqui a dois anos. É esse jogo que pode atrapalhar Uberaba e afundar candidatos locais que teoricamente teriam maior potencial de vitória nas urnas. Segundo ele, será preciso ter muito desprendimento e responsabilidade por parte dos políticos e dos dirigentes partidários.
RECEITA DE BOLO
Quais os requisitos indispensáveis ao sucesso eleitoral de um candidato no ano que vem? Para Luiz Cláudio, esses requisitos incluem grupo político coeso e partido viável, boas condições de arrecadação financeira, saliva e sola de sapato para enfrentar um trabalho de fôlego na região à caça de votos. Quem se habilita?
REDUTO CERTO
Falando especificamente sobre a provável candidatura de Ellen Miziara a deputada federal no ano que vem, Luiz Cláudio analisa que a vereadora transita com desenvoltura num segmento eleitoral bem definido e, portanto, tem um reduto para trabalhar que pode lhe assegurar sucesso.
QUEM MESMO?
“As eleições de 2026 vão passar e daqui a dois anos se você perguntar para o eleitor em quem ele votou, certamente não vai se lembrar” – diz Luiz Cláudio. Pois é. Esse é outro desafio que os candidatos terão de vencer: empolgar o eleitor para ir votar.