Pedido de cassação do mandato da prefeita Elisa tem muitos pontos ainda desafiando respostas. A começar pelo “modus operandi”, que é muito semelhante ao usado contra o ex-prefeito Paulo Piau, em outras oportunidades. O pedido foi protocolado na Câmara Municipal por Aparecida de Fátima da Silva Lima Andreazzi, qualificada como aposentada e residente no bairro São Cristóvão. Segundo consta, foi proprietária de um comércio chamado Fitas e Laços e hoje vende produtos de beleza de uma marca popular. Dizem que também é costureira e desfruta de bom conceito junto à vizinhança.
Mas a pergunta que não quer calar é uma só: qual é a motivação de Aparecida de Fátima para contratar advogada para pedir o impeachment da prefeita? De onde tirou tantas informações (algumas consideradas “de gaveta”) para fundamentar o pedido? Ela estaria sozinha nesta ação, ou apenas emprestando seu nome para esta iniciativa que tem caráter meramente político?
FOI REVOLTA?
Nos bastidores, comenta-se que há questões de ordem pessoal envolvida nesse pedido de impeachment. Claro que são especulações, mas que devem ser analisadas também. Segundo consta, Aparecida de Fátima é tia da advogada Cássia, que, por sua vez, é vizinha de familiares da prefeita e ficou viúva recentemente, sendo que seu marido faleceu vítima de Covid. Além disso, a casa da autora teve muitos problemas com enchentes
FUNDAMENTOS
Nos meios forenses, o estilo da petição do impeachment também parece conhecido, embora seja assinado pela advogada Cássia Américo de Sousa Lima Pereira. O conteúdo é de tal forma rico em detalhes e informações, que causa espanto serem do conhecimento de uma cidadã comum, sem acesso às gavetas da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos. Bastariam esses fatos para levantar as suspeitas de que há algo mais por trás do pedido de cassação de mandato protocolado por esta senhora que é moradora do pobre Bairro São Cristóvão…
DETALHES TÃO PEQUENOS…
O pedido de cassação traz alguns detalhes que pouca gente conhece. É o caso, por exemplo, da diferença entre massa asfáltica quente e fria. Além disso, com todo respeito, é evidente que o pedido cita dados constantes de processos licitatórios que foram repassados por alguém com acesso a eles e conhecimento específico do assunto. Disso não há a menor dúvida.
PEDALADAS
Dentre outros argumentos usados no pedido de cassação do mandato de Elisa consta que os aditivos contratuais de obras foram feitos em valores a maior, descumprindo limite legal de 25% para realinhamento de preços, como no caso da drenagem do Jardim Maracanã. Cita outros aditivos contratuais que também teriam sido feitos em desacordo com a legislação vigente para, no final, pedir a instauração de comissão processante para apurar a responsabilidade a prefeita pelos fatos objeto das denúncias e o seu imediato afastamento do cargo, por 180 dias durante a apuração dos fatos, culminando com a cassação do mandato.
MAIS PROBLEMAS
Claro que o pedido de cassação é um problemaço para a prefeita, neste momento em que já enfrenta um desfecho inédito de rejeição do Plano Plurianual pelos vereadores e a iminência de entrega do relatório apurações feitas pela Comissão Especial de Investigação das irregularidades na vacinação contra Covid em Uberaba. Sem kits para testagem em massa da população, com a vacinação andando a passos lentos e rede hospitalar colapsada, o inferno astral de Elisa está “pegando fogo”. O pior é que pode piorar a partir da próxima semana…
E AGORA?
Obviamente que o pedido de cassação de mandato depende de decisão unilateral do presidente da Câmara, Ismar Marão, aceitando-o ou não. Esse processo, como se sabe, é estritamente político e até aqui o governo municipal não tem base política no Legislativo. Pelo contrário. Conta apenas com seu líder, o vereador Caio Godoy, em primeiro mandato. Qual será o desfecho desse pedido de impeachment não se sabe. E, certamente, na próxima sessão da Câmara, no dia 7 de junho, será possível avaliar que o governo municipal conseguiu mudar o “estado de espírito” dos vereadores e conquistar novos aliados. Em última análise, no dia 7 vamos saber se o relacionamento entre Executivo e Legislativo melhorou. Façam suas apostas.
VISÃO MACRO
Em entrevista ao programa O Pingo do Jota desta sexta-feira, o secretário municipal de Saúde adiantou que o governo municipal não deve aumentar as restrições para o enfrentamento à pandemia, como estão fazendo várias cidades do interior de São Paulo, incluindo as vizinhas Franca e Ribeirão Preto. “Não sei se devemos aumentar as restrições. O nível está satisfatório” - frisou o secretário, embora reconhecendo que “esse vírus é de difícil controle”.
NOVAS MEDIDAS
Afirmando que o Município enfrenta grande dificuldade para fiscalizar uma população de 350 mil habitantes, o secretário adiantou que a ideia é ampliar o trabalho dos agentes de endemias, de porta em porta, para busca ativa de contaminados. Hoje, segundo Sétimo Bóscolo Neto, o bairro com maior incidência de casos de coronavírus é o Boa Vista, que deve merecer um trabalho mais efetivo dos agentes de saúde.
A CAMINHO
Esta semana a Prefeitura testou aleatoriamente usuários sem sintomas de gripe nos terminais do transporte coletivo e detectou 3,5% de contaminados. De acordo com o secretário de Saúde, esses resultados serão usados exclusivamente para estudos, uma vez que a testagem será destinada a casos específicos. Novos kits de swab nasal e exames de sangue chegarão a Uberaba na próxima semana, segundo o secretário.
LIBERDADE TOTAL
Diante das dezenas de queixas contra o atendimento na Unidade Matricial de Saúde Roberto Árabe Abdanur, o secretário garantiu que uma segunda unidade de referência Covid será anunciada nos próximos dias. Mas o que chamou mais a atenção na fala do secretário foi a declaração de que os postinhos de saúde não têm uma padronização dos protocolos de atendimento a pacientes com síndrome gripal. Talvez fosse prudente estabelecer as regras básicas, para evitar tantas divergências como se vê atualmente na rede municipal de saúde.