Vandalismo. Trote dos calouros, ontem, na esquina da avenida Santos Dumont com Medalha Milagrosa, tirou muita gente do sério. Além de sujarem as calçadas das lojas e consultórios próximos, os calouros invadiam a pista de rolamento, “avançando” sobre os carros em movimento. Um perigo desnecessário e um abuso incompatível com as regras de cidadania. Visões sobre o Água Viva. Assustada com o salto olímpico dado pelo custo das obras do projeto Água Viva em oito anos, passando dos iniciais US$ 17,2 milhões para cerca de US$ 110 milhões, ou algo em torno de R$ 213 milhões, resolvi ouvir várias pessoas sobre o assunto, tentando entender o que aconteceu para encarecer de tal forma esse projeto. E ouvi ponderações que valem a reflexão dos leitores, assim como e, principalmente, dos nossos vereadores. À exceção da técnica Ana Luiza Bilharinho, diretora executiva do Água Viva, os outros técnicos terão identidade preservada a pedido deles. “Rasgando dinheiro”. De pelo menos três engenheiros ouvi expressões de indignação com o custo da obra, considerado excessivo. Os três conhecem bem o Água Viva e acreditam que as modificações introduzidas no projeto original serviram para encarecê-lo e inviabilizá-lo. “O preço de R$ 213 milhões é absurdo!”, afirmou um dos entrevistados, criticando, ainda, o desperdício de dinheiro com projetos e assessoria. “Esses R$ 48 milhões eram suficientes para executar todo o Água Viva, ou quase todo”, reclamou, alegando que “o Codau está jogando dinheiro no ralo”. Ana Luiza Bilharinho discorda, argumentando que o projeto é ousado, mas foi feito por técnicos indicados pelo Banco Mundial, que supervisionou tudo. E, pelo projeto, o volume de obras necessárias é maior do que o previsto originalmente. Alternativa mais barata. Para técnicos ouvidos pela coluna, em vez de gastar tanto dinheiro abrindo avenidas para fazer novo canal para escoamento de águas pluviais e emissário de esgoto, o Município poderia investir em piscinões. “É uma alternativa infinitamente mais barata e eficiente para conter as enchentes no centro da cidade, que é um dos principais objetivos do Água Viva” – ouvi. Os piscinões, segundo os críticos do caro projeto do Codau, custariam em torno de R$ 10 milhões, cada, incluindo a obra, os equipamentos e até desapropriações de imóveis. Curta duração. “Com o crescimento demográfico de Uberaba e expansão da área urbana, é certo que as áreas impermeabilizadas também vão aumentar. Fatalmente esses canais para escoamento da água das chuvas ficarão insuficientes dentro de 10 ou 20 anos. Ou seja, as obras do Água Viva terão vida curta. Já os piscinões poderão ser construídos na medida das necessidades, servindo para reter a enxurrada que desce dos bairros para o centro da cidade. Veja que em janeiro a região da Leopoldino de Oliveira próxima ao piscinão não inundou. Com os R$ 213 milhões do Água Viva, Uberaba pode construir mais de 20 piscinões e ainda vai sobrar dinheiro. Para se ter uma ideia, o Japão, que é um país muito mais avançado que o nosso, usa piscinão para evitar enchentes.” Fora de moda. Ana Luiza Bilharinho tem pavor de piscinões. Está convencida de que a topografia de Uberaba inviabiliza essa alternativa, além de apontar que a ocupação urbana das áreas indicadas (imediações da Mata do Ipê, avenida Pedro Salomão e praça da Medalha Milagrosa) tornaria caríssima a desapropriação imobiliária. Alega que o Município teria de derrubar casas e prédios para construir os piscinões. “Sem contar que na época em que o piscinão foi construído aqui essa alternativa era política”, critica Ana Luiza. Tratamento do esgoto. Se as opiniões divergem quanto às obras para escoamento da água, com relação aos emissários de esgoto há unanimidade de pontos de vistas sobre a necessidade da obra. O custo é que gera discussões. “Por mais cálculos que eu faça, jamais conseguirei entender a matemática que levou o Água Viva ao custo de R$ 213 milhões”, diz um dos técnicos ouvidos, argumentando que as estações de tratamento do esgoto já estão prontas, faltando apenas alguns emissários e interceptores. “E essa obra não é tão cara assim.” Preço dolarizado. Segundo Ana Luiza, está na valorização do real frente ao dólar a maior explicação para o encarecimento das obras do Água Viva. “Em 2002, o dólar valia R$ 3,10. Hoje está por menos de R$ 2”. O problema é que essa conta não fecha... Aos poucos. Outra preocupação é com os transtornos que as obras do Água Viva vão causar, rasgando as avenidas centrais da cidade com máquinas pesadas. Ana Luiza minimiza, explicando que o Codau planeja executar a obra de quarteirão em quarteirão, com informações prévias aos moradores para que possam se programar.