Caberá à juíza Régia Ferreira de Lima decidir a ação popular proposta pelo vereador Marcos Jammal contra a Codau, questionando a troca dos hidrômetros em Uberaba. A ação foi protocolada na sexta-feira, com pedido de liminar para suspender novas trocas programadas pela companhia de águas. Na ação, Jammal destaca que “contrariando as informações disseminadas pela Codau, descobri que a substituição obrigatória de hidrômetro a cada 6 ou 7 anos não é uma exigência do Inmetro, como a autarquia alega. O que se torna obrigatória, conforme o Inmetro esclareceu, é a aferição periódica desse dispositivo para garantir a exatidão nas medições de consumo. Esse processo é que é vital para manter a confiabilidade das cobranças”.
UM PRA CADA
Em entrevista ao programa O Pingo do Jota desta segunda-feira, o vereador Marcos Jammal salientou que o processo de substituição dos hidrômetros envolve cinco contratos diferentes. Um deles para a compra de 70 mil hidrômetros propriamente ditos. Outro para compra de lacres, um terceiro contrato para compra de veda-rosca, o quarto contrato para a execução do serviço de troca dos equipamentos e o último, para o descarte dos hidrômetros antigos.
MARCAÇÃO PREOCUPANTE
O vereador contou que esteve no almoxarifado da Codau e vistoriou pessoalmente uma caixa lacrada de hidrômetros comprados pela companhia. Segundo Jammal, dos 12 aparelhos da caixa, nenhum estava zerado, sendo que um deles mostrava consumo de 8 metros cúbicos antes de ser instalado. Ou seja, o consumidor que recebeu esse hidrômetro já teria pago pelo menos esses 8 metros cúbicos sem consumi-los. Todos os outros hidrômetros dessa caixa estavam na mesma situação, cada qual mostrando um consumo diferente, inexplicavelmente.
DESCARTE QUESTIONÁVEL
Por outro lado, Jammal ressalta que o descarte dos hidrômetros antigos feitos pela Codau inviabiliza eventual perícia para saber se seria ou não necessária a troca. Para ele, esses equipamentos deveriam ter passado por um processo de aferição, antes de qualquer outra medida, fosse a substituição justificada por real necessidade, fosse o descarte. Mas tudo coberto por um laudo técnico, o que não ocorreu. Detalhe: os hidrômetros estão sendo descartados por quilo, com preço girando em torno de R$ 7.
O OUTRO LADO
Logo no início da manhã, quando o vereador Marcos Jammal divulgou uma carta à população informando sobre a propositura da ação popular, a produção do Pingo do Jota entrou em contato com a assessoria de imprensa da Codau, para se manifestar. Todavia, o posicionamento da companhia não foi apresentado até o encerramento do programa, nem até o fechamento da coluna.
Por outro lado, o ex-vice-prefeito Moacyr Lopes espontaneamente argumentou que o vereador Marcos Jammal está agindo por motivação político-eleitoral e que o marco zero do saneamento obriga a troca dos hidrômetros. Jammal obviamente negou a acusação e garantiu que não há essa obrigatoriedade, apenas recomendação em caso de necessidade.
QUESTÃO DE EFICIÊNCIA
Defensor da troca de hidrômetros, Moacyr argumenta que esse processo está relacionado à eficiência na medição e no combate às perdas aparentes. “Todas as companhias têm de atender aos índices de eficiência trazidos no marco legal e nas normativas da Agência Nacional de Água, a ANA. A Codau tem o respaldo da agência reguladora para a troca de hidrômetros” – destacou.
CUSTO ALTO
Ainda de acordo com Moacyr, a aferição custa mais caro do que a troca. O preço da aferição gira em torno de R$ 190 por aparelho, enquanto a troca sai a R$ 65. Além disso, para fazer a aferição é preciso retirar o hidrômetro do local e levá-lo para análise, o que seria um transtorno, já que há previsão para a troca de 70 mil hidrômetros em Uberaba...
MUITO CARA
Sem entrar no mérito de quem tem razão nessa discussão técnica envolvendo a troca dos hidrômetros, uma coisa é certa: não se acha em Uberaba um único consumidor que reclame do encarecimento excessivo da conta de água no governo Elisa. Pelo menos uma explicação convincente precisa ser dada à população.
QUEM DISSE?
“Não quero hipotecar apoio agora. Não é hora para isso”. Essa foi a resposta do ex-prefeito Anderson Adauto quando questionado se poderia apoiar Elisa à reeleição. De acordo com Anderson, nessas tratativas sobre gasoduto e polo gás químico os dois têm tido bom relacionamento. Mas isso não significa apoio à reeleição da prefeita. “Não concordo com o discurso dela. Temos divergência ideológica. Reconheço que ela foi coerente com o discurso de mudança e entendeu o projeto do polo gás químico, está empenhada nele, colocou o Rui no circuito e as coisas estão evoluindo bem” – destacou Anderson. “Ela poderia atrapalhar ou não se envolver, como já aconteceu no passado. Mas está empenhada em fazer acontecer” – arrematou.
CALMA, PESSOAL!
A propósito da eleição municipal do ano que vem, Anderson foi direto ao ponto: “Se eu quiser ser candidato a prefeito eu vou ser e não devo satisfação a ninguém”. Deixou, claro, porém, que já ocupou o cargo por 8 anos e não está empolgado com a ideia de voltar a ser prefeito. Aliás, Anderson fala que não tem entrave judicial a uma eventual candidatura sua em 2024. “Ainda tenho duas ações pendentes, ambas com possibilidade de acordo judicial”, garantiu. Portanto, vão continuar pipocando as expectativas e as especulações se ele virá a prefeito ou não.
RUMO AO SENADO
Em “bocas de Matilde”, fala-se que Anderson pretende disputar cadeira no Senado, em 2026, descartando a hipótese de sair candidato a prefeito no ano que vem. A conferir.
“ELISA BEACH”
Vejam como são as coisas: nas redes sociais muita gente ironizou a proposta do governo municipal de criação de uma praia pública às margens do Rio Grande e até nominaram o projeto de “Elisa beach”. Mas esse projeto não é nenhuma novidade. Tanto que a prefeita fez questão de homenagear o ex-vereador Massuó Machyama quando apresentou o projeto do complexo turístico, dando a “paternidade” da ideia a ele. Tem mais: em 2016, ainda no governo Paulo Piau esse assunto também foi divulgado pelo Jornal da Manhã, destacando a intenção do governo de criar uma praia de água doce com cerca de 3 km de extensão, além de restaurantes, hotéis e outras opções de lazer. Implantar um complexo turístico naquela região entre a antiga ponte do rio Grande a fronteira com Água Comprida já está na pauta dos governos municipais há muito tempo. Precisamos torcer para dar certo, isso sim.