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Crise na Argentina: vale a pena conhecer o país agora?

Gisele Barcelos
Gisele Barcelos
Publicado em 13/03/2023 às 17:15Atualizado em 13/03/2023 às 17:20
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Caminito em Buenos Aires (Foto/Gisele Barcelos)

A Argentina é um destino queridinho dos turistas brasileiros há anos. Fatores como a proximidade do país, a facilidade com o idioma e a possibilidade de viajar apenas com a carteira de identidade atualizada fazem com que a terra dos hermanos seja a opção para uma primeira viagem internacional ou mesmo para uma escapadinha rápida ao exterior em um feriado prolongado.

Não bastasse a questão logística, o país vizinho também tem uma identidade cultural marcante devido ao tango e uma ampla variedade de atrações como museus, parques e vinícolas para tornar a experiência dos viajantes ainda mais especial.

Porém, a Argentina passa nos últimos anos por uma forte crise econômica e até acabou sendo citada na polarizada discussão eleitoral do Brasil no ano passado. Devido às notícias sobre a alta inflação no país hermano, um zum-zum-zum enorme se espalhou na internet falando de desabastecimento em mercados, falta de segurança, caos e até restrição de uso das redes sociais. Tais comentários agora  tem feito muita gente pensar duas vezes antes de comprar uma passagem com destino a qualquer cidade em solo argentino. 

Para responder a pergunta se vale a pena visitar a Argentina neste momento, eu organizei uma viagem para Buenos Aires por conta própria no fim do ano passado (veja um resumo do rolê no canal do instagram). A ideia era justamente mostrar como está o destino após a pandemia e o que mudou na cidade. Grata surpresa foi observar que as mensagens de alerta sobre um país em ruínas não se confirmaram. 

Casa Rosada, Buenos Aires (Foto/Gisele Barcelos)

Na verdade, os porteños estavam lotando os restaurantes e comprando livros nas lojas existentes quase a cada quarteirão da capital Argentina (dá para saber que são moradores locais porque o espanhol do argentino tem um sotaque cheio de sons bens típicos, ok?). Além disso, as prateleiras dos mercados estavam lotadas, muita gente comprando e as ruas cheias de veículos rodando por todos os lados no insano trânsito de Buenos Aires. Não tive a chance de perguntar qual o segredo para conviver com a crise e por isso não posso responder como a população média está driblando a inflação nas alturas, mas a vida segue normal. Nada diferente do cenário que vemos em outras grandes cidades do Brasil.

Em relação à questão de segurança, fiquei bastante à vontade durante toda a estadia e até mesmo caminhei à noite sozinha sem qualquer receio por Buenos Aires. Como organizei a viagem por conta própria e não estava com suporte de agência para os deslocamentos, usei transporte público aos montes. Até para visitar o bairro Caminito e o estádio La Bombonera. Não senti qualquer ameaça no ônibus ou metrô. Para quem estava totalmente desacompanhada em outro país, tudo isso conta muito na experiência. Lembrando que é preciso ter os mesmos cuidados que já temos em outras grandes cidades do mundo, como não deixar carteiras e celulares em bolsos traseiros ou bolsas sozinhas em mesas.

Havia pessoas morando nas ruas de Buenos Aires? Tem gente passando fome? Sim. O entorno do Obelisco foi onde vi mais pedintes, infelizmente. No entanto, fiquei um pouco chocada ao perceber que a quantidade perto dos principais pontos turísticos era bem menor do que já vi em pontos badalados como a avenida Paulista em São Paulo, por exemplo. Ou seja, novamente, o cenário não era pior do que as realidades que já encontramos no Brasil.

E a inflação?

A crise econômica torna a moeda argentina muito instável. Os preços realmente aumentaram demais no país e ver os números em pesos chegar a assustar. Apesar de estar até hoje pensando em como os moradores estão conseguindo lidar (aparentemente bem) com a variação maluca, do ponto de vista especificamente de turista, preciso dizer que a subida dos preços não traz impacto por causa do câmbio favorável para nós. A Argentina é um dos poucos lugares onde a nossa moeda está valorizada. Desta forma, ao fazer a conversão do real para o peso saímos na vantagem. 

Para se ter uma ideia, R$1 está hoje valendo aproximadamente $ 74 pesos no câmbio paralelo, chamado de câmbio blue. Isso significa que é possível ter uma experiência de luxo na Argentina, por menos do que desembolsaríamos no Brasil. Quem for um viajante moderado como eu, consegue economizar bastante. Meu gasto com alimentação ficou em torno de R$ 80 a R$ 100 por dia e comi muito bem. Teve inclusive jantar com bife de chorizo que até derretia na boca!

A cotação vantajosa vale não só para quem faz a conversão com os profissionais que fazem a troca de dinheiro nas ruas, mas também para casas de câmbio em Buenos Aires e agências de remessa internacional. Com recentes mudanças feitas pelo governo argentino, ultimamente está valendo a pena até usar o cartão de crédito no país, já que o câmbio é feito em taxa bem próxima do valor do câmbio paralelo.

Paralelo a tudo isso, ainda há a diversidade de experiências que podemos encontrar no país vizinho. Além da inspiração parisiense que marca a arquitetura de Buenos Aires, o território da Argentina também abriga desertos com paisagens impressionantes, montanhas belíssimas especialmente na temporada de inverno e até geleiras. Ou seja, tem atrações de sobra para planejar várias viagens diferentes. Eu, com certeza, já estou pensando na minha próxima visita.

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