Serra do Espinhaço (Foto/Reprodução)
Parque Estadual de Botumirim (Foto/Divulgação)
Considerada a única cordilheira do Brasil, a Serra do Espinhaço ganhou este ano status de destino turístico oficial em Minas Gerais e começa a ser estruturada para se tornar referência nacional em ecoturismo. Ainda pouco conhecida entre os viajantes, a região é ideal para quem está em busca de um local diferente para curtir as próximas férias e a coluna desta semana traz alguns destaques para organizar um roteiro especial por lá.
A cadeia de montanhas e vales do Espinhaço é a segunda maior da América Latina, indo de Ouro Branco, na região Central de Minas, até a Chapada Diamantina, na Bahia. A cordilheira alcança 179 municípios nos dois estados, em uma área de transição dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
Entre os destaques da rota com cerca de mil quilômetros de extensão, estão duas unidades de conservação estaduais em Minas Gerais: os parques de Grão Mogol e Botumirim. As duas áreas de proteção contam com inúmeros atrativos e roteiros turísticos, entre cânions, lagos, cachoeiras, trilhas, mirantes e paisagens naturais.
De acordo com os idealizadores do projeto, as possibilidades de turismo de contemplação da natureza ou mesmo de turismo de aventura já são diversas, incluondo roteiros voltados ao cicloturismo, caminhadas, trilhas e observação de aves.
Botumirim
Reserva natural de Botumirim (Foto/Reprodução)
Rio do Peixe (Foto/Reprodução)
Entre os atrativos mais visitados do circuito, está a observação de aves, também conhecida como “birdwatching”. Nos últimos dois anos, a região recebeu turistas de 35 países para atividades relacionadas à prática, com destaque para a observação da rolinha-do-planalto, considerada uma das dez aves mais raras do mundo. O pássaro mantém no Parque Estadual de Botumirim um de seus últimos refúgios naturais.
A unidade de conservação, administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) possui, em seus quase 36 mil hectares de área, espécies endêmicas da fauna e flora locais, algumas delas ameaçadas de extinção, como a própria rolinha-do-planalto (Columbina Cyanopis), classificada como “criticamente em perigo” pela IUCN Red List, lista global das espécies em risco de extinção. O parque integra atualmente o Programa Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies), mantido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
A observação de aves no parque deve ser agendada e feita com guias da região, pois as aves estão inseridas em uma reserva da Save Brasil, organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) que atua em nove estados brasileiros com ações de conservação da biodiversidade.
Outra atração bastante visitada pelos turistas que vão ao parque é o Balneário Rio do Peixe. O local abriga uma “praia” de areia branca e límpida, rodeada por paredões de pedra, além de um complexo de pequenas quedas d’água que desemboca em poços ferruginosos, excelentes para o banho. A entrada é gratuita e o balneário está aberto todos os dias da semana.
Grão Mogol
Gruta do quebra Côco (Foto/Reprodução)
Trilha do Barão (Foto/Reprodução)
A cachoeira Véu de Noiva (Foto/Reprodução)
Presépio em Grão Mogol (Foto/Reprodução)
O Parque Estadual de Grão Mogol, também inserido na rota da “Cordilheira do Espinhaço”, tem nas trilhas e cachoeiras seus principais atrativos naturais. Com destaque para a Trilha do Barão e Cachoeira Véu das Noivas, entre outras paisagens naturais mantidas dentro dos 28 mil hectares da unidade de conservação administrada pelo IEF.
Na Trilha do Barão, o visitante tem acesso a uma das trilhas históricas mais preservadas do estado. O caminho, construído por escravos durante o período colonial, conta com pavimentação em cantarias (pedras irregulares), margeadas por muros de arrimo em rocha. Boa parte do trajeto tem uma vegetação rasteira em decorrência da altitude, tornando o local com boa ventilação.
Já a Cachoeira Véu das Noivas conta com uma queda d’água de aproximadamente 34 metros. A paisagem é constituída por formações rochosas e vegetação de campo rupestre, possui águas de cor escura em função da composição mineral. O ambiente favorece a apreciação de cenário naturais de rara beleza, formados por quedas d’água, rios, pedras, vegetação de mata ciliar, campos rupestres, cactos e flores típicas da Cerrado.
No alto da serra em Grão Mogol, também fica o Presépio Mão de Deus. A atração foi inaugurada em 2011 e pode ser apreciada o ano todo. São um total 3,6 mil m² na encosta, com imagens em tamanho natural representando Maria, José, o Menino Jesus e animais (o burro, o galo, o carneiro e o boi) esculpidas por Antonio Silva Reis, artista de Contagem. As imagens dos Três Reis Magos e de São Francisco de Assis são de autoria do artista plástico Edson Novais, de Ouro Preto.
O presépio foi construído pelo empresário Lucio Bemquerer, como um gesto de gratidão à cidade em que nasceu. Ele comprou o terreno no topo da serra e instalou as 30 esculturas, já que considerava a estrutura rochosa esculpida naturalmente pelas mãos de Deus para ser um presépio. Além das imagens, há uma gruta remetendo ao lugar onde Jesus nasceu em Belém.
As condições de acesso aos atrativos estão em constante manutenção para receber os visitantes. Os organizadores do projeto pretendem concluir o plano de manejo e uso público do parque até o final do próximo ano, o que irá otimizar a capacidade de receber os turistas que chegarão ao local a partir da divulgação do destino da Cordilheira do Espinhaço.
A entrada para visitação ao Parque Estadual de Grão Mogol é gratuita, mediante agendamento.