Vai sozinha mesmo, mana!
Você decidiu viajar, juntou dinheiro, escolheu o destino dos sonhos e na hora H faltou a companhia. Qual será o final da história: desistir por não ter alguém para embarcar com você ou se lançar sozinha na aventura? A primeira opção, infelizmente, acaba sendo a resposta de muitas mulheres.
Seja por insegurança ou vergonha de estar sozinha, voar solo ainda não é um plano que se declara em voz alta no almoço de domingo. Para quem está solteira na casa dos 30 e pouco anos então... A decisão rende muitos olhares de pena.
Não vou negar que é bom ter uma pessoa do lado para compartilhar experiências, rir dos perrengues e garantir cliques especiais do passeio. Mas nem sempre é possível. Talvez você não tenha um boy no momento para carregar a tiracolo, brigou com a melhor amiga ou não conseguiu marcar as férias na mesma data que a galera e nem entrar em consenso sobre o destino da viagem. Quem nunca?
Só não dá para ficar esperando qualquer uma dessas situações se resolver para conhecer um lugar que sempre sonhou e viver experiências únicas ali. Viajar sozinha não é sinal de fracasso, mas de conquista.
Ao vencer a insegurança e a vergonha, você ganha de bônus a liberdade de colocar no roteiro todos os passeios bregas que você acha o máximo, sem dar satisfação para ninguém. E se um lugar não for legal, nada de alguém emburrado reclamando da ideia. Ainda não está convencida? Pense no privilégio de desfrutar o silêncio para absorver a cultura de um país estrangeiro enquanto se encanta com um belo pôr-do-sol.
Por essas e outras, a falta de companhia não pode ser uma desculpa para deixar de viver uma aventura. Acredite: depois de pegar o jeito, você vicia e aí o problema será encaixar a amiga ou o namorado que quer ir junto.
Agora se partir sozinha para um lugar desconhecido ainda dá frio na barriga, outras mulheres viajantes mais experientes já pensaram em formas para facilitar o início da caminhada. Foi assim que surgiu o projeto Sisterwave (https://www.sisterwave.com/) , uma espécie de airBnB para o público feminino.
A plataforma conecta anfitriãs e viajantes, oferecendo uma opção acolhedora de hospedagem para quem saiu de casa sozinha. Mais do que acomodação, as moradoras locais até ajudam com dicas fora do roteiro turístico basicão para dar um upgrade na viagem das novas amigas.
Idealizadora da plataforma, a empresária Jussara Pelicano conta que o projeto nasceu após um mochilão pela América do Sul e Europa. "Senti na pele o que é ser uma mulher do mundo, como temos que ter mais cautela do que os homens. Mas vi também como é uma experiência muito transformadora, apaixonante e engrandecedora estar sozinha e se reconhecer como sua melhor companhia. Meu desejo é que mais pessoas possam vivenciar isso. Historicamente e por construção social, nós temos mais obstáculos que os homens. Queremos diminuir esses obstáculos e estimular experiência em novos ares e culturas, com menos medos e mais liberdade e segurança", declara.
A rede hoje já conta com anfitriãs nas cidades de Goiânia, São Paulo, Manaus, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, mas a intenção é chegar ainda mais longe e incluir hospedagem em outros países. "Nosso intuito é ser uma rede de apoio global para a mulher viajante, com muitos outros serviços ligados à segurança da mulher. Já estamos fazendo algumas experiências pilotos no exterior. O plano é no final de 2019 já termos a plataforma e a parte jurídica estruturadas para isso. Estamos tecendo algumas parcerias fora do Brasil, só ainda não temos a definição de quais seriam os primeiros países", revela.
Enquanto a rede do Sisterwave não chega a destinos internacionais, que tal começar a tirar viagens do papel experimentando as cidades brasileiras onde as manas já abriram as portas de casa? Pode parecer um pequeno passo, mas é o primeiro impulso para alcançar o mundo. Está esperando mais o quê? Veja dicas para organizar a sua primeira viagem internacional sozinha.
*Gisele Barcelos é uma jornalista viajante, que adora pesquisar e montar roteiros para aventuras pelo Brasil e exterior. Além de escrever sobre política no Jornal da Manhã, é autora do blog Checklist Mundo, onde compartilha suas andanças e experiências pelo mundo afora.