Na última semana, duas datas comemorativas marcaram o calendário do mês de julh o Dia do Escritor e o Dia do Viajante, ambos celebrados em 25 de julho.
Como acredito que literatura é uma ótima inspiração para roteiros de viagem e o Brasil não decepciona os amantes de um bom livro, a coluna de hoje é dedicada aos ratos viajantes de biblioteca e traz sete destinos que foram eternizados nas páginas de clássicos ou mesmo na biografia de escritores brasileiros.
Nos caminhos de Rachel de Queiroz
A 169 quilômetros de Fortaleza, a cidade de Quixadá é o ponto de partida para o viajante visitar tanto a fazenda pertencente à família da autora quanto o Memorial Chalé de Pedra e o Centro Cultural, criados para retratar sobre a vida e obra de uma das mais importantes escritoras desse País.
Na Fazenda Não Me Deixes, é possível fazer visitas guiadas pela propriedade que foi comprada por um tio-avô de Rachel de Queiroz e depois repassada ao pai da escritora, Daniel de Queiroz, que homenageia o distrito onde esta localiza-se. A casa grande foi construída a partir de desenhos feitos pela própria escritória e mantém o padrão original até hoje. Além disso, o local guarda a pequena biblioteca, acervo pessoal da autora.
Seguindo Iracema por Fortaleza
O roteiro Caminhos de Iracema talvez seja um dos mais completos para apresentar ao viajante sobre a vida e obra do grande escritor José de Alencar. Com várias locações em Fortaleza, é possível conhecer praças, teatro, monumentos, pinacoteca, estátuas da Índia Iracema, que remete a uma das principais publicações do autor.
Outro destaque é o projeto do livro urbano, que reúne um conjunto de 18 peças no espigão da Praia de Iracema, cada uma com mais de 2 metros de altura. Cada parte registra trechos do livro de José Alencar, com objetivo de divulgar a riqueza literária cearense.
Além disso, a casa onde nasceu o autor, em 1826, está aberto a visitação. No local, o visitante poderá conhecer a Pinacoteca Floriano Teixeira, o museu Arthur Ramos (com peças indígenas e da época da escravidão) e a biblioteca Braga Montenegro, além de exposição de gravuras de Iracema.
A Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre
O autor gaúcho mudou-se jovem para Porto Alegre e durante os anos 1968 e 1982 morou no Hotel Majestic, às margens do Rio Guaíba.
Hoje, o local é a Casa de Cultura Mário Quintana, que além de possuir um grande acervo sobre o poeta, promove oficinas, exposições e exibição de filmes. Lá o visitante também pode conhecer a réplica do último quarto em que Quintana se hospedou.
As cidades baianas imortalizadas por Jorge Amado
Foram duas as fases literárias de Jorge Amad uma de cunho social e político, como em “Capitães da Areia”, e outra de aspecto mais regionalista em obras como “Gabriela, cravo e canela”. São três as cidades baianas que se destacam na vida e obra do autor: Ilhéus, Salvador e Mangue Seco.
Em Ilhéus, a casa em que Amado viveu durante a infância, um museu e esculturas do escritor são pontos turísticos. Já em Salvador, a casa em que viveu com a segunda esposa possui um acervo com cartas e documentos escritos pelo próprio autor, que também ajudam o visitante a entender melhor seu relacionamento com o Candomblé. Por fim, em Mangue Seco foi a cidade em que a novela “Tieta do Agreste” foi gravada, baseada na obra homônima do autor.
Os caminhos Drummondianos em Itabira
A 124 quilômetros de Belo Horizonte fica a adorável Itabira, cidade natal de Carlos Drummond de Andrade. Na cidade mineira, o visitante pode percorrer os “Caminhos Drummondianos”, uma rota de 7 quilômetros com 44 placas poemas nos lugares que o autor cita em suas obras.
Para se aprofundar na relação que o autor tinha com a cidade, o percurso também inclui paradas no memorial projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que era amigo do poeta, e no Centro Cultural Fazenda do Pontal, onde Drummond viveu parte da infância.
A magia do universo do Sítio do Pica-pau Amarelo, em Taubaté
A série de livros “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato, marcou a infância de várias gerações com as aventuras de grandes personagens da literatura brasileira como a boneca Emília, Dona Benta e o Visconde de Sabugosa.
Em Taubaté, interior de São Paulo, você pode visitar o Sítio homônimo, cuja propriedade pertenceu ao avô de Lobato. Trata-se de um museu histórico com móveis e objetos do autor, além de promover atividades pedagógicas em seus espaços de recreação – um ótimo passeio para todas as idades.
Aventura no Grande Sertão Veredas
O Parque Nacional Grande Sertão Veredas ganhou o nome em homenagem à obra de João Guimarães Rosa e engloba justamente a paisagem retratada no clássico da literatura nacional.
Com 230,8 milhões de hectares, o parque se espalha grande parte pelo norte de minas nos municípios de Arinos, Formoso e Chapada Gaúcha, sendo esse ultimo a sede e única forma de acesso.
Embora a predominância de cerrado, existe uma diversidade imensa no local, com inúmeros trechos de matas ciliares, veredas e vegetações de transição com a caatinga.
O parque está aberto à visitação, porém, ainda não possui infraestrutura totalmente adequada ao turismo. Para entrar na unidade, é preciso o acompanhamento por um guia credenciado, que pode ser contratado, em média, por R$ 150/dia.
*Gisele Barcelos é uma jornalista viajante, que adora pesquisar e montar roteiros para aventuras pelo Brasil e exterior. Além de escrever sobre política no Jornal da Manhã, é autora do blog Checklist Mundo, onde compartilha suas andanças e experiências pelo mundo afora.