CONEXÃO URBANA

Adriano Espíndola defende que mesmo se vencer no 2º turno, Tony Carlos pode ficar fora da Prefeitura

François Ramos e Leilane Vieto
François Ramos e Leilane Vieto
Publicado em 10/10/2024 às 09:43Atualizado em 10/10/2024 às 13:54
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Desaparecer
Ao longo da história planetária, várias espécies foram extintas. As principais motivações incluem fenômenos naturais (terremotos, furacões, tsunamis e vulcões), que deram cabo, por exemplo, dos dinossauros; mudanças climáticas e incapacidade de adaptação a novas condições dos habitats que ocupam. As eleições municipais deste ano demonstram que os mesmos motivos podem fazer desaparecer do cenário político vários nomes conhecidos.

Fim?!
Seja pelo impacto do fenômeno Elisa Araújo (PSD), que em um curto espaço de tempo se tornou uma das lideranças mais fortes da região, ou pela incapacidade de evoluir e se adaptar aos novos rumos da política, caracterizados principalmente pelo desejo popular de renovação e pela influência das redes sociais na formação de opinião pública, fato é que vários são aqueles que se encontram em risco de, em breve, serem esquecidos pelo eleitor.

Saber ler
Antes de uma espécie ser aniquilada, a natureza sempre dá sinais de que uma extinção em massa pode estar a caminho. Na política não é diferente! A eleição de 2020 trouxe Elisa Araújo como um fenômeno análogo a um asteroide. Apesar dos avisos, emitidos por técnicos experientes, a base que compunha o governo do então prefeito Paulo Piau optou por um “racha” entre Heli Andrade e Tony Carlos, que, na condição de favoritos, iniciaram suas campanhas concentrando “forças destrutivas” um no outro. Simplesmente ignoraram a possibilidade de outra ameaça.

Próximo
Em um cenário que o desejo de renovação popular e o sentimento de aversão à corrupção e outros elementos contemplados pelo que foi rotulado como “velha política”, se esqueceram de como Jair Bolsonaro e Romeu Zema conquistaram o poder dois anos antes. Os grupos de Heli Andrade e Tony Carlos não consideraram, de forma adequada, o peso do “novo” para forjar uma estratégia política capaz de conter o fenômeno Elisa Araújo. Quando se pensou em fazer diferente, o colapso já era inevitável.

Então
Este ano o contexto estava diferente. À exceção de Adriano Espíndola (PSTU), todos os candidatos a prefeito, em algum momento, foram mandatários: Elisa é a atual prefeita, Tony Carlos foi vereador e deputado estadual, Anderson Adauto passou pela Assembleia mineira, pela Câmara dos Deputados e também ocupou a cadeira do Executivo municipal; situação idêntica à do candidato tucano, Paulo Piau. Por fim, Samir Cecílio continua a ostentar o título de vereador mais votado da história de Uberaba.

Diferente
Os objetivos do socialista Adriano Espíndola, que compôs dobradinha com Simea Freitas, também do PSTU, não era o mesmo dos demais candidatos. Sem espaço no rádio e TV e com ínfimos recursos do Fundo Eleitoral, ele sempre foi consciente de sua condição em uma cidade que ainda pode ser considerada conservadora. É só lembrar que na última eleição presidencial Jair Bolsonaro venceu Lula em Uberaba.

Teimosia
O candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições municipais de Uberaba foi Anderson Adauto. Mesmo com situação jurídica que ainda determina sua inelegibilidade (do que continua a recorrer), o PT preteriu um nome em construção na esquerda local (Patrícia Melo), para sonhar com a chance de participar, como coadjuvante, de um governo que seria comandado pelo PV. Os mais de doze anos distante do poder investido por um mandato concedido por vitória nas urnas, somou-se às condenações que foram impostas a AA devido a atos praticados pelo ex-prefeito, para determinar sua tímida terceira colocação no pleito.

E Aí?!
Anderson Adauto contabilizou 21.256 votos, menos que a metade dos 46.294 atribuídos pelo eleitor a Tony Carlos (MDB), que por sua vez tem que tirar uma diferença de mais de 30 mil votos de vantagem conquistados por Elisa Araújo no primeiro turno. Caso o recurso de AA seja indeferido e sua “teimosia” renegada nos tribunais superiores, o ex-prefeito é mais um que pode sofrer os efeitos impostos pelos “novos tempos” da política no Brasil.

Pois é...
O ex-prefeito Paulo Piau (PSDB), que no final do ano passado chegou a compor uma coalisão com Franco Cartafina (PP) e Tony Carlos para enfrentar Elisa Araújo, recebeu nas urnas uma dura mensagem do eleitor. Claro que os ínfimos 5.308 votos que teve estão distantes de representar a qualidade do trabalho por ele desenvolvido em seus mandatos, mas refletem o impacto do “fenômeno” que tem determinado a renovação de lideranças e a necessidade de se adaptar e mudar de estratégia para “sobreviver” na política contemporânea.

Exemplo
Um bom exemplo de renovação e adaptação extraído das urnas vem do candidato conservador. Samir Cecílio Filho, apesar de ter sido anunciado como o candidato de Jair Bolsonaro, na primeira pesquisa publicada, estudo realizado pelo Instituto F5 Atualiza Dados, cravou apenas 1,16% da preferência dos eleitores uberabenses. Com a defesa de pautas da direita, um discurso firme e sem concessões no que se refere à bandeira “Deus, Pátria, Família e Liberdade” Samir terminou o primeiro turno com 9,08% dos votos, ultrapassando Paulo Piau e bem próximo de Anderson Adauto.

Nítido
Entre os que protagonizaram a corrida eleitoral no primeiro turno, o ex-deputado estadual Tony Carlos, talvez por sua experiência como profissional da comunicação, mostrou desenvoltura e evoluiu em relação ao último pleito. Trouxe consigo Franco Cartafina (PP), que como companheiro de chapa agregou o elemento da renovação. Além disso, mostrou que sabe fazer bom uso das ferramentas digitais e acreditou no poder das redes sociais no processo de sedução e captação de eleitores. Apesar de estar diante de um contexto adverso para o segundo turno, o radialista demonstra que ainda tem fôlego para tentar tirar a diferença conquistada por Elisa Araújo no primeiro turno.

Certo
A prefeita Elisa Araújo, que este ano busca a reeleição, não pode mais contar com o fator “novidade”. Mas isso não a impediu de continuar a se beneficiar da bandeira da renovação. Com boa penetração nas classes “A”, “B” e “C”, ela optou por um vice que circula bem entre as classes menos favorecidas economicamente (onde Tony Carlos é forte). Além disso, Maurício de Sá também é radialista e conferiu representatividade aos afrodescendentes dentre as chapas majoritárias.

Representatividade
Aliás, Elisa Araújo aproveitou para reforçar, durante a campanha, sua condição de referência para o empoderamento feminino. Desde a última segunda-feira, a candidata do PSD está realizando reuniões políticas, reforçando apoios para o segundo-turno e buscando ampliar a representatividade de sua base com novos aliados. A exemplo do primeiro turno ela segue com imersão intensa no planejamento estratégico e seus programas de TV já estão sendo gravados. A rede social está ativa e as caminhadas pelos bairros já estão sendo agendadas.

Classe operária
Ainda sobre o panorama eleitoral, Adriano Espíndola (PSTU) falou com exclusividade com a coluna e prometeu posição sobre o segundo turno para os próximos dias. O representante da classe operária no pleito deste ano também se manifestou sobre o imbróglio envolvendo os votos dados a Anderson Adauto. Para ele, se anulados os votos de forma definitiva, o segundo turno pode deixar de acontecer e mais, se a posição final demorar a sair, mesmo se Tony Carlos vencer o segundo turno e tomar posse, pode ser destituído durante seu eventual futuro governo.

Técnico
Adriano Espíndola, que é advogado militante, entende que contrário do que está sendo dito por muitos, a anulação dos votos para Anderson Adauto não afetaria o coeficiente eleitoral para a eleição dos vereadores, não havendo quaisquer alterações por este motivo na composição da câmara eleita.  Porém, adverte que, há risco de modificações, se o boato, que corre em grupos de WhatsApp sobre compra de votos por um vereador da atual legislatura for confirmado, e também, se a candidatura que recebeu zero votos for considerada fraude para a paridade de gêneros.

Bola dentro
O candidato do PSTU disse ainda aos colunistas que recebeu, no dia posterior as eleições, ligação da adversária Elisa Araújo, que teria elogiado sua postura na campanha e o agradeceu pelo tom respeitoso que a tratou, mesmo diante das divergências políticas. Por fim, Adriano Espíndola destacou não ter discutido com ela apoio para o segundo turno, durante o telefonema. O socialista não recebeu qualquer contato de Tony Carlos.

Frase
“Reconhecer os nossos próprios erros para desenvolver naquilo que for necessário é sinal de maturidade. Façamos bem a nossa parte para juntos fazermos um grande futuro.” (Reflexão Democracia e Pensamento Político)

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