Alto desempenho nas urnas torna Samir apoio cobiçado para o segundo turno

Sem surpresas
O resultado eleição majoritária não trouxe para o eleitor uberabense qualquer surpresa. Aliás, o resultado das urnas se aproximou da realidade apresentada pelos institutos de pesquisa. Desde o início, os três protagonistas identificados pelas sondagens técnicas eram: Elisa Araújo (PSD) e Tony Carlos (MDB), que disputarão o 2º turno; e Anderson Adauto (Federação Brasil da Esperança).

Fim?!
A decepção ficou por conta do desempenho do candidato tucano Paulo Piau. O ex-deputado estadual, ex-deputado federal e antecessor de Elisa Araújo na Prefeitura de Uberaba, onde esteve por dois mandatos, teve apenas 5.308 votos em sua tentativa de conquistar um terceiro mandato no Executivo. Com a preferência de 3,22% dos eleitores, Piau teve menos votos que seu ex-crítico (agora companheiro de partido) Thiago Mariscal, que visava uma cadeira na Câmara de Vereadores.

Legislativo
Apesar dos problemas que enfrentou com as denúncias que vincularam seu nome ao “escândalo dos chips”, caso que envolve a compra fraudulenta de linha de telefonia celular em nome da prefeita Elisa Araújo, o ex-vereador Thiago Mariscal (PSDB), que sempre negou as acusações, conseguiu o retorno ao Legislativo Municipal e foi eleito com 5.447 votos, tornando-se o mais votado nas proporcionais do pleito de 2024.

Mulheres
Entre elas, a candidata mais votada pelo eleitor uberabense foi Ellen Miziara. Com a bandeira “Deus, Pátria, Família e Liberdade”, a líder conservadora conquistou 3.238 votos. A presidente do PL-Uberaba e 2ª vice-presidente estadual do PL/Mulher contou com o apoio de empresários, produtores rurais, instituições representativas e políticos, dentre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro; o ex-ministro da Defesa, General Braga Netto; e o deputado federal Nikolas Ferreira, para se tornar a única “novata” na bancada feminina da Câmara Municipal de Uberaba.

Neófita?
Apesar de ter conquistado seu primeiro mandato como vereadora, Ellen Miziara não é exatamente uma novidade. Nos últimos anos, com sua postura firme, direta e sem concessões no que se refere à defesa das pautas da direita brasileira, ela vem se consolidando como uma das principais lideranças liberais de Minas Gerais. Sua participação nas eleições de 2022 lhe renderam 9.649 votos e a condição de suplente de deputado federal.

Embate
Registre-se que Ellen Miziara foi uma das principais responsáveis por garantir que o PL de Uberaba tivesse candidatura própria ao Executivo. Após convidar Elisa Araújo para se filiar ao Partido Liberal (ela optou pelo PSD), a única mulher não mandatária eleita para a próxima legislatura, protagonizou, ao lado de Samir Cecílio Filho, um forte embate com a candidata à reeleição: primeiro para evitar a interferência de lideranças da cúpula nacional na legenda em Uberaba; depois para descredenciá-la como candidata da direita.

Elas
A eleição de Ellen Miziara também garantiu que a bancada feminina da Câmara Municipal de Uberaba, continue a ocupar quatro cadeiras, apesar de perder Alessandra Piagem (Solidariedade), que não conseguiu se reeleger. Conseguiram um novo mandato a veterana Denise Max (PRD), com 1.655 votos; Lu Fachinelli (União Brasil), com 1.905 votos; e Rochelle Gutierrez (PDT), com 3.178 votos.

Vem aí?
Em uma eleição que, pelo menos no primeiro turno, demonstrou o desejo do eleitor em dar continuidade à renovação das lideranças políticas na cidade, não será surpresa se Ellen Miziara emergir, em breve, como potencial candidata ao legislativo estadual e federal para suprir a carência de representação de Uberaba e, até mesmo, despontar como nome forte para a Prefeitura em 2028.

Lição
Quem mais tem se beneficiado desta tendência de renovação, que vale dizer está presente nos resultados das urnas em todo o país, tem sido a direita e os partidos considerados mais conservadores. Um exemplo claro desta afirmação está na reação de Samir Cecílio Filho, que concorreu à Prefeitura pelo PL. O conservador, na primeira pesquisa publicada, estudo realizado pelo Instituto F5 Atualiza Dados, tinha uma fatia de apenas 1,16% da preferência dos eleitores uberabenses. Samir terminou o primeiro turno com 9,08% dos votos.

Quase dançou
Aliás, o desempenho anotado por Samir Cecílio na pesquisa do Instituto F5 Atualiza Dados quase custou sua candidatura. Houve forte pressão para que ele renunciasse para dar apoio à base que comporia com Elisa Araújo. A ameaça de uma intervenção foi real, inclusive com a presença de “caciques” do Partido Liberal em Uberaba. Contudo, o grupo local se mostrou firme e ameaçou ficar até mesmo sem candidatos a vereador caso a participação na eleição majoritária não fosse respeitada.

Certo
A queda de braços travada pelas lideranças da direita de Uberaba com a cúpula do PL, para assegurar a presença de candidato próprio na disputa ao Executivo, mostrou-se acertada. A intervenção poderia resultar na “morte” do projeto desenvolvido pelos conservadores na cidade ao longo dos últimos anos. Uma iniciativa que, além de Ellen Miziara, conseguiu colocar na casa legislativa mais um liberal, Luiz da Farmácia, eleito com 3.280 votos.

Representatividade
O desempenho de Samir e Romeu (vice), com quase 15 mil votos (9,08%), soma-se aos dois vereadores eleitos pelo PL e confere agora, à sigla, condição de apoio valorizado e que merece ser disputado pelas alianças que visam ao segundo turno. A depender da composição e do resultado das urnas, os liberais podem vir a compor o próximo governo com cargos no 1º e 2º escalão.

Diferente
A esquerda, porém, não conseguiu resultado semelhante. Os 576 votos obtidos por Adriano Espíndola e Simea Freitas, a dobradinha pura do PSTU, não são culpa apenas do pouco espaço e recursos disponíveis para a campanha. Demonstram a pouca receptividade do eleitor uberabense às propostas socialistas (os motivos são muitos). Afinal, Elisa Araújo viveu situação semelhante na eleição passada, mas acabou superando com facilidade os favoritos em 2020 e se tornou a primeira mulher a comandar a Prefeitura de Uberaba.

Duvidoso
O PT, por sua vez, deixou de acreditar em uma candidatura própria, preterindo nomes em construção como o de Patrícia Melo, para embarcar na “aventura” proposta por Anderson Adauto (PV). Apesar de ser o nome preferido pelo presidente Lula, AA ainda luta contra circunstâncias jurídicas que determinam sua inelegibilidade e que, claro, influenciaram na votação que o deixou fora do 2º turno.

Nem isso
O Partido dos Trabalhadores perdeu a oportunidade de, a exemplo da direita, construir um projeto que lhe permitisse aspirações mais ambiciosas a médio e longo prazo, como ocorreu, por exemplo, em Uberlândia, onde o Partido dos Trabalhadores conseguiu 86.755 votos com Dandara, que ficou em 2º Lugar na disputa pela Prefeitura, e fez dois vereadores: Professor Ronaldo (3.895 votos) e Dr Igino (5.189 votos).

Exceção
Em Uberaba, a única conquista da esquerda foi com o PCdoB, partido pelo qual se reelegeu vereador Paulo César Soares. China, como é mais conhecido, teve 1788 votos. Na centro-esquerda, o PDT, que também caminhou com Anderson Adauto, conseguiu duas cadeiras: o novato Diego Rodrigues foi eleito com 3.523 votos e Rochelle Gutierrez reeleita com 3.178 votos.

Frase
“Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.” (Bertolt Brecht)