CONEXÃO URBANA

Especialista prevê 50 candidatos disputando os votos de Uberaba em 2026

François Ramos e Leilane Vieto
François Ramos & Leilane Vieto
Publicado em 15/12/2025 às 10:22
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A farra dos inviáveis
Mais uma vez, a política mineira se rende ao festival de ego dos incapazes. Enquanto partidos em Uberaba fazem as contas para a corrida a Belo Horizonte e Brasília, a regra é clara na capital mineira: cada cacique partidário quer seu próprio cabide de votos. O resultado previsível? Uma legião de "nomes" pífios e sem a menor viabilidade disputando migalhas de um mesmo eleitorado. É a velha patologia que condena cidades importantes a serem mal representadas, como a cidade do zebu pode testemunhar nos últimos anos. No final, a vaidade de alguns pode "melar" o futuro de todos.

O cálculo do vice
Eis a verdadeira moeda do poder: o carreirismo mais rasteiro. A entrada do vice-governador Mateus Simões no PSD não foi uma conversão ideológica, mas uma transação eleitoral. A operação garante a ele o que realmente importa: tempo de TV, mais recursos para a campanha e uma legenda forte para se projetar no pós-Zema. Enquanto o governador atual faz campanha presidencial, seu antigo parceiro já cuida do próprio futuro.

O vazio de um governo e o preço pago
Uma pergunta, porém, não quer calar: Romeu Zema (Novo) quer ser Presidente com que feito exatamente? Seu discurso se resume à façanha de ter colocado a folha em dia e conseguir manter os salários do funcionalismo em dia (o mínimo que se espera). Em contrapartida conseguiu o feito de aumentar substancialmente a dívida do estado com a União. Em sete anos, o "gestor" não ergueu uma obra emblemática ou legou uma política de estado. Este vazio explica o pandemônio experimentado em todo o estado. A incapacidade do chefe do executivo, que nada fez pelos prefeitos aliados, contaminou todo o sistema com a lógica do “se não fez nada, também não há o que criticar”.

O pesadelo de Uberaba
O economista e articulador político Zebeto Fernandes, que ajudou a arquitetar o “milagre eleitoral” de Elisa Araújo em 2020, agora desenha um cenário de pesadelo para o pleito proporcional. Sua projeção é um atestado de incompetência coletiva: Pelo menos 50 candidatos (20 federais e 30 estaduais), a maioria aventureiros, brigando pelo mesmo punhado de votos em Uberaba. A "lei" do egocentrismo, mais uma vez, se sobrepõe ao interesse da cidade. Enquanto não houver um direcionamento mínimo, a estratégia suicida de lançar um exército de inviáveis garantirá o mesmo resultado das últimas eleições: a cidade, importante polo regional, ficará órfã de representação direta. Uma tragédia anunciada!

A lição ignorada de 2020
O exemplo Elisa Araújo, primeira mulher eleita para comandar o Executivo municipal em 2020 deveria ter servido de aula: uma candidatura bem direcionada, com mensagem clara, contato direto com o eleitor e viabilidade construída gradativamente. A insatisfação popular com velhos caciques da política local assegurou a possibilidade do então baixo clero da política tradicional assumir o poder. Mas a classe política uberabense, em sua miopia crônica, parece não ter aprendido a lição. Em vez de concentrar forças em um ou dois nomes com reais chances, prefere a dispersão caótica que conforme Zebeto irá pulverizar as chances de Uberaba.

(Foto: Reprodução/Facebook)

(Foto: Reprodução/Facebook)

O egoísmo que fragiliza a cidade
O ex-presidente do MDB em Uberaba, Fabiano Elias, foi cirúrgico durante participação no programa Tony Carlos: candidaturas inviáveis movidas por "vaidade gigantesca" são um câncer no processo eleitoral. O cenário que ele descreve é um suicídio coletivo. Um candidato com seis mil votos além de não se eleger, “rouba” votos decisivos de quem poderia vencer. A regra é cruel: quem não alcança 20% dos votos da legenda vira mero cabide de votos, e seu capital político é transferido para agremiações de outros lugares. Uberaba, assim, patrocina com seus eleitores a campanha de quem não a representa.

A ciranda que esvazia o poder local
A análise de Fabiano Elias vai além do diagnóstico e aponta uma consequência geopolítica fatal. A pulverização de votos fará com que os poucos candidatos competitivos de Uberaba, dentre eles o próprio Tony Carlos, tenham que sair em peregrinação por municípios onde não têm base. Enquanto isso, políticos eleitos de outras praças, munidos de emendas e cargos, consolidam suas redes com muito mais facilidade. A vaidade dos inviáveis, portanto, não é um erro inocente; é o mecanismo que transforma uma das cidades mais importantes do Triângulo Mineiro em um mero curral eleitoral a serviço de interesses alheios. Uberaba pode, mais uma vez, ficar sem voz e sem vez!

O voto que escorre pelo ralo
A perspectiva de Tony Carlos (MDB) é o retrato falado do desastre anunciado por Fabiano Elias e Zebeto Fernandes. Com 43 mil votos em 2022, uma votação expressiva, o ex-deputado reconhece que hoje não se elegeria sem ampliar seu eleitorado. Este dado é a prova cabal de como a multiplicação desenfreada de candidaturas pode diluir o poder do voto uberabense a ponto de anular uma legítima representação. O eleitor, iludido por dezenas de nomes, vê seu voto escoar pelo ralo da inviabilidade. A matemática eleitoral tornou-se uma armadilha: votar em um "filho da terra" já não é garantia de tê-lo como representante. O sistema foi pervertido pela vaidade e será necessário muito trabalho para reverter esse quadro antes das eleições de 2026.

(Foto: Reprodução/Facebook)

(Foto: Reprodução/Facebook)

A aliança estratégica de Tony e AA
Nesse contexto, uma possível dobradinha entre Tony Carlos e o ex-ministro Anderson Adauto surge não como ato de desespero, mas como uma cartada de inteligência política. A união de dois pesos-pesados com trajetórias complementares, um com forte capilaridade local e outro com projeção estadual e nacional, pode representar um ativo poderoso para Uberaba. Juntos, eles ampliam a capacidade de penetração regional e constroem uma base de votos mais sólida e diversificada. Esta convergência experiente é aparece como resposta prática ao caos da pulverização: concentrar forças para elevar a representatividade da cidade com potência e viabilidade incontestáveis.

O Assédio Virtual e o Peso do Poder Real
Neste cenário pré-eleitoral a prefeita Elisa Araújo enfrenta a sina de todo mandatário com projeção: as "metralhadoras" dos adversários ecoam com a força das redes sociais, uma artilharia barulhenta e coordenada cujo único objetivo é o desgaste político. A estratégia é velha, mas ainda consome energia preciosa que deveria ser usada na gestão. No entanto, a experiência adquirida e demonstrada neste segundo mandato a levou a operar nos campos onde o poder real se constrói nos bastidores e nas articulações regionais. Enquanto a oposição dispara no virtual, Elisa consolida alianças concretas. Sua capacidade de transformar ataques em alicerces de liderança será um ativo decisivo para seus aliados nas urnas.

A reeleição silenciosa que fala alto
Enquanto a política partidária ainda se apresenta inconsistente, Elisa Araújo conquista uma vitória estratégica e silenciosa: foi reeleita por aclamação à presidência da Associação dos Municípios do Vale do Rio Grande (Amvale). O fato é um manifesto de confiança dos prefeitos da região em sua liderança administrativa e capacidade de articulação. Este cargo não dá tempo de TV, mas concede algo mais valioso: influência real, rede de contatos e poder de barganha coletivo. É a base institucional perfeita para, no turbilhão eleitoral, sustentar e projetar as candidaturas que tiverem seu apoio.

O preço da liderança
A capacidade de articulação e sua reeleição na Amvale elevam Elisa Araújo ao posto de principal âncora política da região, mas agora ela também deve colher os frutos amargos dessa posição. Sua vida não será fácil! Além de gerenciar as candidaturas oficiais do PSD — como a de Ismar Marão à federal e a possível dobradinha com Rochelle Gutierrez —, ela será assediada por uma legião de postulantes em busca de seu aval. O verdadeiro teste de sua habilidade não será apoiar, mas saber negar. Recusar aliados históricos, conter ambições desmedidas e frustrar expectativas é o custo de tentar impedir a pulverização de votos que ameaça a cidade. Seu capital político será medido não apenas pelos que ela agradar, mas pelos descontentamentos que souber administrar.

(Foto: Reprodução/Instagram)

(Foto: Reprodução/Instagram)

O desafio da direita bolsonarista
A direita uberabense se articula para as eleições proporcionais sob a sombra que define seu campo nacional: a condenação e a prisão de sua maior liderança, Jair Bolsonaro. Enquanto a lealdade ao ex-presidente é moeda fundamental, a necessidade prática de eleger representantes força um movimento de pragmatismo local. O desafio será canalizar o fervor ideológico e a eventual revolta do eleitorado conservador em votos úteis para nomes que possam transcender a mera bandeira e efetivamente ocupar cadeiras. O pleito testará se o bolsonarismo é um sentimento eleitoral ou uma estratégia viável de poder na região.

O novo pilar: Ellen Miziara e a aposta no PL
Se após 2024 a expectativa liberal repousava em Samir Cecílio e Romeu, que conquistaram quase 10% dos eleitores nas eleições municipais, a cena mudou. A vereadora Ellen Miziara, 2ª vice-presidente do PL Mulher de Minas, emerge agora como o pilar consolidado da legenda para a Câmara Federal. Suplente de deputada federal no último pleito proporcional, sua ascensão após se tornar a vereadora mais votada sinaliza uma aposta na força orgânica do partido e na capacidade de mobilização de uma base específica, em contraste com a projeção mais difusa dos liberais. Miziara não é mais uma opção; é a opção do PL. Sua candidatura já teve o referendo de Bolsonaro, Nikolas e Sávio, representando a institucionalização da sigla como força própria, menos dependente de fenômenos externos.

A parceria estratégica
A possível dobradinha de Ellen Miziara com o vereador Cabo Diego Fabiano, recém-filiado ao PL em evento de peso na Aciu, é a demonstração clara de uma estratégia que privilegia nomes fiéis ao ex-presidente Bolsonaro. O encontro regional do PL em Uberaba reuniu todos os elementos desta sinergia: a presença do presidente estadual Domingos Sávio e lideranças de várias cidades em uma demonstração cuidadosa da força do aparato partidário. A meta é clara: aumentar a bancada conservadora no Congresso Nacional e nas casas legislativas estaduais.

(Foto: Reprodução/Instagram)

(Foto: Reprodução/Instagram)

Vaidade não elege
Diante de todo o exposto na “Coluna Conexão Urbana!” de hoje, a fotografia política que se forma é dura, mas cristalina: Uberaba corre o risco de repetir o erro que já virou “tradição”: trocar estratégia por vaidade e projeto coletivo por ambições individuais. A pulverização de candidaturas não é pluralidade; é fraqueza. Sem coordenação, o eleitor paga a conta e a cidade assistirá, mais uma vez, a irrelevância de seus nomes ser definitiva para o resultado nas urnas.

O voto como responsabilidade histórica
O tempo da política amadora acabou. Ou as lideranças locais compreendem que concentração de forças é sinônimo de sobrevivência política, ou Uberaba seguirá financiando mandatos alheios enquanto perde voz, recursos e influência. Em 2026, o voto útil não será apenas uma escolha eleitoral, mas um ato de responsabilidade histórica com o futuro da cidade.

Frase
"A vontade geral deve prevalecer sobre a vontade particular". (Jean-Jacques Rousseau)

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