CONEXÃO URBANA

Uberaba celebra fé, mídia e história no Jubileu das Comunicações

François Ramos e Leilane Vieto
François Ramos & Leilane Vieto
Publicado em 11/07/2025 às 09:05Atualizado em 15/07/2025 às 21:59
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O óbvio, enfim, no papel
De tempos em tempos, a política brasileira redescobre o óbvio. A faixa de isenção de Imposto de Renda, que ficou congelada em governos que adoravam falar em eficiência e compromisso com o interesse público — Temer, Bolsonaro —, finalmente será ampliada de forma a torná-la um pouco mais digesta. O projeto relatado por Arthur Lira propõe isenção total para quem ganha até R$ 5 mil, e parcial até R$ 7.350. Não é revolução, é atualização! E antes tarde do que nunca: trata-se de corrigir uma distorção que jogava classe média baixa na condição de “contribuinte privilegiado” enquanto milionários continuavam com seus dividendos intocados.

Tributação mínima: racionalidade versus lobby
Foi mantida no relatório de Arthur Lira, a criação do imposto mínimo para quem ganha a partir de R$ 50 mil mensais, o mesmo vale para a cobrança sobre lucros e dividendos. As medidas não são propriamente ideias revolucionárias, mas corrigem uma indecência histórica. A gritaria da Abrasca (que representa companhias de capital aberto), prevendo fuga de capitais, soa previsível: afinal, todo lobby que se preze adota o tom apocalíptico. Lira manteve o texto de Lula sem grandes concessões às empresas, e fez bem. Afinal, os verdadeiros prejudicados pela manutenção de um paraíso fiscal para as elites sempre foram os assalariados médios — e não o investidor internacional.

A política como ela é: timing e cálculo
Arthur Lira entregou o relatório com atraso, mas não por acaso. Preferiu esperar o clima esfriar, após semanas de bate-cabeça entre o governo Lula e o Congresso. Não houve golpe, mas cálculo político puro: votar o projeto do IR num momento contaminado seria um tiro no pé de todos. Enfim, merece crédito a condução fria e pragmática do processo. E quem diria? No Brasil, até avanço social vem calibrado na régua da paciência política. É feio? Talvez. Mas é real e, no atual contexto, necessário.

Entre o ideal, o possível e o necessário
Por 16 votos a 1, a Câmara de Uberaba aprovou o convênio da Prefeitura com a ACIU para instalar um ponto de atendimento fiscal no centro da cidade. A oposição chiou: R$ 4 mil mensais à associação seria gasto evitável de acordo com o vereador Diego Rodrigues (PDT). Pode até ser, mas é o custo da praticidade. No Brasil, onde burocracia costuma ser sinônimo de humilhação silenciosa, às vezes a administração pública precisa se curvar ao velho pragmatismo para funcionar: não se pode negar que a medida é uma facilitadora para adesão dos contribuintes inadimplentes ao Refis 2025.

Política pragmática
Outros vereadores fizeram acompanharam o parlamentar pedetista no processo de questionamentos e críticas à proposta, entre eles Tulio Micheli, Ellen Miziara e Thiago Mariscal. Apesar da insatisfação inicial quanto à definição de prioridades pelo Executivo, o episódio do convênio da ACIU expôs uma diferença clássica entre as funções de cada poder: Os questionamentos pelo Legislativo se deram em tom respeitoso (mas fiscalizador), mas os representantes do governo Elisa Araújo e seu líder na Câmara, vereador Cabo Diego Fabiano, demonstraram que o contribuinte sairia ganhando com o serviço descentralizado.

(Fotos/Rodrigo Garcia/Decom/CMU)

(Fotos/Rodrigo Garcia/Decom/CMU)

A violência de intolerância que mata
Em Manaus, Fernando Vilaça da Silva, de 17 anos, foi brutalmente espancado no sábado (5/7) após reagir a ofensas homofóbicas enquanto comprava pão. Internado com traumatismo craniano grave, morreu na segunda-feira (7/7) e o caso comoveu o Brasil. A Polícia Civil já apreendeu um dos agressores, de 16 anos, e busca o segundo, também adolescente. O crime, motivado por ódio, reforça o alarme de entidades como o Ministério dos Direitos Humanos. A população amazonense, não sem razão, condena o episódio como homicídio qualificado por motivo torpe (embora a legislação não considere assim). Em Uberaba, casos de homofobia também se tornaram comuns e assusta que eles têm sido objeto de denúncia em várias escolas.

Tragédia evitável demandando reação social
No caso de Fernando, ele sequer havia declarado sua orientação sexual, porém o ódio o perseguiu mesmo assim. Câmeras flagraram sua queda após o ataque. O crime impõe à sociedade uma reflexão amarga: entre bullying e agressões crescentes, quantas vidas serão ceifadas antes que enfrentemos a homofobia de forma efetiva? No Amazonas, onde as mortes contra LGBTQIA+ estão entre as mais altas do país, a tragédia exige urgência de leis, prevenção e educação, mas a realidade presente em Uberaba também demanda atenção, pois a violência nas escolas é crescente e o preconceito uma de suas principais motivações.

Consulta pública com farda na mesa
Em Minas Gerais, uma resposta contra a violência nas escolas foi dada pelo governador Romeu Zema (Novo), que lançou consulta pública para expandir o modelo cívico-militar, hoje restrito a nove escolas da rede, para até 728 unidades da rede estadual, incluindo 12 em Uberaba: EE Carmelita Carvalho Garcia, EE Francisco Cândido Xavier, EE Horizonta Lemos, EE Frei Leopoldo, EE Irmão Afonso, EE Aurélio Luiz da Costa, EE Professor Chaves, EE Minas Gerais, EE Corina de Oliveira, EE Felício de Paiva, EE América e EE Presidente João Pinheiro.

A decisão final caberá às assembleias escolares, mas o tom já está dado: o governo defende a militarização.

Melhor ficar esperto!
É legítimo ouvir a comunidade, claro. Mas quando o debate já vem embalado como solução pronta, há risco de confundir consulta com mera formalidade. Segurança escolar se constrói com política pública, não só com uniforme e apito. O governador Romeu Zema repete a velha fórmula do marketing eleitoral: propõe ação, mesmo que de eficácia questionável e angaria votos junto aos simpatizantes da causa iludindo, ainda, outra parcela do eleitorado: aquela que está assustada com um caos provocado pela falta de legislação apropriada e autonomia, o que, em tese, não seria problema para uma gestão militar. Enfim, é mais um gesto político de olho em 2026.

Gestão democrática ou gestão de quartel?
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) bate firme: militarizar escolas não melhora o ensino, não reduz a violência e ainda ameaça a liberdade acadêmica. É uma crítica que merece ser ouvida. Escola é lugar de formar cidadãos críticos, não apenas disciplinados. De acordo com os sindicalistas, ao insistir nesse modelo, Zema busca mais agradar a base eleitoral conservadora do que resolver problemas reais da educação mineira.

(Foto/Reprodução)

(Foto/Reprodução)

Festa D’Abadia
A tradicional Festa em Louvor a Nossa Senhora D’Abadia, padroeira de Uberaba, não se organiza apenas com fé e devoção. A Comissão de Monitoramento da Violência em Eventos (Comoveec) reuniu forças de segurança e equipe do Santuário para ajustar trajetos, prever riscos e coordenar a atuação da Guarda Municipal e da PM durante os 15 dias do evento, que atrai pessoas de toda a região. É o tipo de cuidado discreto, mas essencial, que evita sustos em confraternizações populares. Segurança pública, nesse caso, é trabalho silencioso, mas decisivo.

Prevenção é mais eficiente que improviso
Nada substitui planejamento quando o assunto são grandes eventos. A reunião da Comoveec para alinhar estratégias antes da Festa de Nossa Senhora D’Abadia mostra que a Prefeitura de Uberaba busca consolidar uma cultura de prevenção, não de remediação: algo visto no Carnaval 2025 e também durante a ExpoZebu. Ajustes em carreatas e definições de rota podem parecer detalhes pequenos, mas evitam confusões e transtornos.

Jubileu das Comunicações — fé, mídia e memória
No próximo sábado (12), Uberaba celebra o Jubileu das Comunicações, evento que integra o Ano Santo de 2025 e reúne profissionais da mídia e agentes da Pastoral da Comunicação. A equipe organizadora está se desdobrando para receber participantes dos 20 municípios que integram o território da Arquidiocese. A iniciativa não se limita a ritos internos da Igreja: é um gesto que resgata a tradição da imprensa confessional como ator político e cultural. Em tempos de ruído informacional e crise de credibilidade, ver comunicação e fé dividindo o mesmo palco é um raro sinal de que palavra, ética e história ainda podem caminhar juntas.

(Foto/Divulgação)

(Foto/Divulgação)

Correio Católico: passado vivo em nova edição
Um gesto simbólico e concreto marcou a retomada do jornal Correio Católico: a entrega da primeira edição à jornalista Lídia Prata, do Grupo JM, que cedeu o nome da histórica publicação. Mais que saudade do passado, o relançamento representa um olhar pragmático: unir tradição e contemporaneidade para garantir presença da Igreja no debate público. Em tempos de plataformas velozes e esquecimentos instantâneos, resgatar um jornal fundado em 1897 é quase um ato de resistência editorial.

Troféu Correio Católico — reconhecimento e mensagem
Durante o Jubileu, no Salão de Atos do Colégio Marista Diocesano, 21 nomes da comunicação e da Igreja receberão o Troféu Correio Católico, incluindo jornalistas, rádios, TVs e líderes eclesiásticos. De acordo com o Assessor Eclesiástico do Setor Comunicação, Padre Fabiano Roberto, “é mais do que homenagem: é um reconhecimento sobre o papel social da comunicação bem feita, feita por sacerdotes, pasconeiros e profissionais, e orientada por valores cristãos”. Enquanto boa parte do noticiário vive da lógica do clique e da polêmica fácil, a celebração valoriza quem, com técnica e boa vontade, prefere construir pontes em vez de espalhar ruído.

Frase
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração”. (Nelson Mandela)

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