CONEXÃO URBANA

Verde-amarelo domina ato bolsonarista em Uberaba

François Ramos e Leilane Vieto
François Ramos & Leilane Vieto
Publicado em 04/08/2025 às 11:49
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Bolsonarismo cresce, mas a direita ainda não tem nome para 2026
Os números não mentem: o bolsonarismo segue mobilizando multidões, mesmo com seu líder inelegível até 2030. Mesmo sem Bolsonaro presente (devido às sanções do STF), o ato de domingo (3) reuniu quase 60 mil pessoas na Paulista, segundo o Poder360. Isso representa mais que o triplo do evento de junho. Porém, a questão que se impõe é óbvia: quem capitaliza esse fervor em 2026? A direita não apresenta alternativas à altura de seu “mito”. Enquanto isso, o PL balança entre lealdade ao ex-presidente e a urgência de projetar um nome viável. A matemática eleitoral é cruel: sem Bolsonaro, a soma de manifestantes não contabiliza votos.

Festa na Paulista, preocupação na direita
As fotos aéreas da Paulista mostram um movimento paradoxal: quanto mais se afasta Bolsonaro do palco e das redes, mais sua base se aglomera. Politicamente as restrições não estão funcionando. Os 57,6 mil manifestantes deste domingo reforçam a resistência do bolsonarismo, mas escancaram o vácuo na direita. Enquanto Tarcísio, Zema e Moro patinam em pesquisas, o PL continua a insistir na aposta em um cavalo que não pode correr. O partido que abriga o ex-presidente simplesmente não consegue (ou não quer) forjar um sucessor. O resultado é um ativismo vigoroso e uma estratégia eleitoral sem consistência jurídica.

Direita sem rumo
O bolsonarismo corre o risco de repetir o script do petismo pós-2016: mantém ruas aquecidas, mas não resolve o dilema pós-líder máximo. Os números da adesão aos atos em favor de Bolsonaro impressionam (60 mil em abril, 57,6 mil agora), mas escondem uma fragilidade. Sem o “Messias” na disputa, a direita fica reduzida a um movimento de protesto, não se verifica um projeto concreto para a sucessão presidencial. Enquanto a esquerda se reorganiza, adere aos influencers em suas estratégias e tenta se fortalecer para 2026, a direita parece satisfeita em ser coro de uma possibilidade inviável para as urnas.

Uberaba mostra que o bolsonarismo ainda corre no sangue (e no grito) das mulheres
Enquanto a cúpula do PL ainda patina sem um nome alternativo para disputar a presidência em 2026, as bases seguem firmes — com destaque para a força feminina. Em Uberaba, a vereadora Ellen Miziara, presidente do PL local e pré-candidata à Câmara Federal, comandou um ato com mais de 500 pessoas, muitas delas vestindo as cores da "pátria amada" e ecoando brados de "Fora Lula" e "Fora Morais". O protagonismo das mulheres no movimento bolsonarista não é novidade, tanto que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pode se tornar a opção do partido conservador para concorrer na sucessão de Lula.

O PL de Uberaba fez barulho
O ato na Praça Por do Sol teve todos os ingredientes do bolsonarismo clássico: buzinaço, verde-amarelo, faixas contra Lula e Morais, e discursos inflamados. A ausência do ex-presidente nas manifestações das capitais não diminuiu a dimensão do movimento, pelo contrário parece ter colaborado para aumentar o vigor dos políticos que compareceram aos atos em todo o país, o que se repetiu em Uberaba na falas de Samir Cecílio e Romeu Borges, candidatos a prefeito e vice em 2024. Ellen Miziara, que também integra a direção do PL Mulher/MG, segue fiel escudeira de Bolsonaro, e luta para manter a chama conservadora acesa na cidade. O vereador Cabo Diego Fabiano (Republicanos) também subiu ao caminhão para falar em favor do “mito”.

(Foto/Divulgação/PL-Uberaba)

Plebiscito popular tenta forçar agenda progressista, mas Congresso já boceja
Os movimentos sociais lançaram mais uma edição do Plebiscito Popular, desta vez com duas perguntas óbvias para quem vive de salário mínimo e indigestas para a elite econômica: redução da jornada sem cortes salariais e taxação dos super-ricos. A estratégia é clara: criar pressão para uma reforma tributária que o Congresso, dominado por centrão e liberais, já rejeitou parcialmente em surdina. A ironia? Enquanto a esquerda mobiliza bases em sindicatos, ônibus e redes sociais, o Planalto tenta negociar migalhas com Arthur Lira. Para votar basta acessar o link https://plebiscitopopular.votabem.com.br/?id=10232HL5536. O resultado será simbólico, mas o descompasso entre a vontade popular e Brasília tende a aumentar.

A esquerda faz sua lição de casa (enquanto o governo risca o caderno)
O Plebiscito Popular 2025 é um manual de como a esquerda tem se esforçado para ativar suas bases: sindicatos, pastorais e coletivos batendo de porta em porta com perguntas que embaralham a direita (Você quer trabalhar menos e taxar os ricos?). Mas há um abismo entre o entusiasmo militante e a realidade do Palácio do Planalto. Lula sabe que, sem aliados no Congresso, a "reforma justa" virará só mais um projeto empoeirado, afinal conservadores e centrão dificilmente votarão contra o “bem-estar” das elites. Enquanto isso, o mesmo povo que votará "sim" online continua esperando a efetivação do jargão que ouço desde criança: "O Brasil é o país do futuro”.

Quando a cruz vira martelo: Igreja pressiona por reforma
O tom inflamado de Dom Paulo Jackson em favor do Plebiscito Popular no Recife mostra que a hierarquia católica segue alinhada com pautas históricas da esquerda. Seu discurso — cheio de dados e comparações internacionais — desmonta o mito de que "imposto alto para ricos atrasa o país". Tomara que o resultado da consulta vá além de virar um belo documento, mas o Congresso já mostrou que prefere criar e debater CPIs sem objeto claro a taxar bilionários. A pergunta que fica: se nem com os santos ao lado a reforma avança, que milagre restará aos trabalhadores?

Sobre duas rodas e muita fé – a devoção que move multidões no asfalto
Em Romaria (MG), motores roncaram em uníssono no domingo (3), mas não para protestar – era o som de milhares de motociclistas em caravana, transformando buzinas em preces e curvas em atos de louvor. A 4ª edição do romaria sobre duas rodas mostrou que, em tempos de polarização, há espaços onde a única bandeira que importa é a de Nossa Senhora da Abadia. Capacetes enfeitados e medalhas benzidas provam: a fé popular não só resiste como se reinventa, ocupando até as estradas com uma espiritualidade tão vibrante quanto os motores. Enquanto o país discute sobre uma malha viária precária, esses romeiros lembram que há rotas que nenhum GPS secular consegue mapear.

(Foto/Pascom/Santuário Basílica N. Sra. Abadia (Romaria))

A estrada como altar – onde a devoção vence até o asfalto quente
O padre Márcio Ruback, reitor do Santuário Basílica de Nossa Senhora da Abadia em Romaria acertou ao dizer, na homilia da missa campal, que "as motos são expressões de liberdade que devem ser guiadas pela fé". A 4ª. Romaria dos Motociclistas foi mais que um evento religioso – tornou-se prova de que o sagrado não se enclausura em templos. Histórias como a de Fernando Almeida, que voltou para agradecer pela proteção após um acidente, mostram o que os dados não capturam: a força de uma devoção que transforma até o asfalto das rodovias em caminho de graça.

Uberaba transforma devoção em festa – e a Padroeira ganha até motociata
Enquanto Romaria (MG) vibrava com a sua romaria de motociclistas, Uberaba provou que a fé mariana no Triângulo Mineiro também segue firme na Terra do Zebu e vai além dos bancos da igreja – ocupa também as praças e ruas da cidade com os roncos de motores se transformando em parceiros de solidariedade. A Festa da Padroeira, contou ontem com motociata e missa especial celebrada pelo arcebispo metropolitano, Dom Paulo Mendes Peixoto, seguida da bênção dos capacetes. A MotoFé, como ficou conhecida, culminou com doação que beneficia o Asilo São Vicente.

90 anos de fé e tradição – Estigmatinos e Uberaba celebram juntos a Padroeira
A Festa de Nossa Senhora da Abadia, que segue até 15 de agosto em Uberaba, não é apenas um marco religioso, mas também histórico: celebra os 90 anos dos Estigmatinos na cidade, reforçando décadas de dedicação pastoral e comunitária. O Padre Edson, um dos organizadores, não poupa esforços para convidar toda a população a participar – e com razão. A programação, que mescla liturgia, cultura e solidariedade, prova que a devoção à Padroeira em Uberaba vai muito além do Santuário Basílica, ecoando por todo a região.

Agricultura familiar e fé se encontram no coração de Uberaba
Enquanto a cidade celebra Nossa Senhora da Abadia, o Calçadão da Rua Artur Machado se transforma em um verdadeiro altar à agricultura familiar. Nesta terça-feira (5), a Feira reúne 20 produtores locais, oferecendo desde hortifrúti até queijos artesanais e licores – prova de que o agronegócio de Uberaba não se resume aos grandes latifúndios. A Prefeitura acerta ao integrar saúde (com posto de vacinação), cultura (com show de Giovanna Rocha) e até lazer infantil, transformando o evento em política pública multissetorial.

Do campo ao calçadão – Uberaba mostra que desenvolvimento rural também é urbano
A segunda edição da Feira da Agricultura Familiar prova que o agronegócio do Triângulo Mineiro tem mais de um caminho. Enquanto o Brasil discute PAC e outras medidas macro, Uberaba leva o pequeno produtor direto ao centro comercial da cidade, com apoio de Emater, Sindicato Rural e uma rede de secretarias municipais. O Acquamóvel da Codau vai garantir água fresca para o evento que celebra a conexão entre campo e cidade. Claro que o show musical atrai o público, mas os produtos artesanais são a verdadeira estrela da feira – e lembram que, antes de virar commodity, o agro é cultura, tradição e sustento de famílias.

Frase
"A agricultura familiar é mais do que produção, é herança, história e amor passado de geração em geração.” (Autor descohecido)

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