Na coluna dessa semana vamos abordar as eleições estaduais de 2026 na região Centro-Oeste.
Na última coluna, foi abordado o esquadro eleitoral da região Sudeste, região mais populosa do Brasil e que detém, em números redondos, 45% do eleitorado nacional.
Nessa coluna vamos abordar a região Centro-Oeste, a região que mais de desenvolveu da década de 70 para cá. Desenvolvimento este turbinado pela agropecuária.
A região em tela compreende os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Análise do MT
Comecemos pelo Mato Grosso. O atual governador, Mauro Medes, do PSD deve renunciar o mandato em março para concorrer a uma vaga de senador no estado do Mato Grosso. Super bem avaliado, político experiente, foi presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso e também prefeito de Cuiabá de 2013 até 2016, sendo eleito e reeleito governador do MT em 2018 e 2022.
Mauro tem um mandato recheado de entregas de obras públicas, soluções de problemas de infraestrutura e também de entraves sanitários para produção agropecuária.
Mauro Mendes não deve ter dificuldades para se eleger em uma das duas cadeiras do Senado pelo Mato Grosso em 2026. Este é o soneto, agora vem a emenda: O vice-governador de Mauro Mendes assumirá o governo em março de 2026 e, com certeza, será candidato à reeleição. Trata-se do mega empresário do agro, o gaúcho erradicado no MT, Otaviano Pivetta. Pivetta é candidato viável e representa uma continuidade à gestão de Mauro Mendes.
O Mato Grosso se desenvolveu muito nos últimos 30 anos e isso trouxe gargalos enormes em infraestrutura e diversos gargalos sanitários e ambientais. Pivetta tende a ser um legítimo representante da agropecuária no Palácio Paiguás. Tende a receber apoio maciço do setor produtivo local.
Quem enfrenta Pivetta ? Pivetta deve enfrentar na disputa pelo governo do MT, o senador Carlos Fávaro, atual ministro da agricultura do governo Lula. Lula precisa ter um palanque mínimo no Mato Grosso. Um palanque que sustente o governo Lula em terras mato-grossenses. Lula e o PT não têm, nunca tiveram e nunca vão ter vida fácil no Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso, mas o petismo sempre busca uns palanques alternativos que dê sustentabilidade mediana em alguns estados onde os quadros são desfavoráveis. MT é um desses casos.
Outro político tarimbado que pretende disputar as eleições em MT, embora seja do mesmo viés político do vice-governador Otaviano Pivetta, é o senador por MT, Welington Fagundes do PL. Hoje Welington corre por fora, pois a tendência é que o lado mais tradicional em MT apoie o vice-governador Otaviano Pivetta, que estará no cargo de governador a partir de março de 2026.
Em Mato Grosso uma cadeira do senado está praticamente definida para Mauro Mendes. A outra está 100% em jogo. Vamos aguardar.
Goiás vive uma situação parecida com o MT no aspecto sucessório para o governo do estado. Ronaldo Caiado, atual governador, renunciará em março para ser, provavelmente, candidato a Presidente da República. Seu vice, Daniel Vilela, filho do ex governador Maguito Vilela, assumirá o governo de Goiás a partir de março e será candidato à reeleição. Daniel deve enfrentar como adversário principal, o também ex governador de Goiás, Marconi Perrillo
Para a vaga no senado em Goiás, dois senadores são candidatos à reeleição. Vanderlan Cardoso e Jorge Kajuru. Embora este último apareça muito mal colocado nas pesquisas atuais, Kajuru deve ser candidato a senador mesmo.
Na opinião desse colunista, as duas cadeiras goianas para o senado 2026 estão em aberto. E como o estado tem chances de ter um candidato à Presidência da República, que é Ronaldo Caiado, a tendência é que tenhamos surpresas e novos nomes na disputa das cadeiras de senador.
Vamos de Mato Grosso do Sul.
No estado do Mato Grosso do Sul temos 4 grandes lideranças que norteiam os rumos eleitorais do estado.
A senadora Tereza Cristina, eleita senadora em 2022, e portanto, com mandato até 2031, poderia ser candidata a governadora, porém não dá sinais de que será. Pelo contrário, dá sinais de que apoiará a reeleição do atual governador Eduardo Riedel, que iria para o PL de Bolsonaro, mas a pedido da própria Teresa Cristina, está indo para o PP (Partido Progressistas).
Eduardo Riedel deve ser reeleito governador no Mato Grosso do Sul. Muito por sua habilidade política, Riedel está conseguindo manter em seu palanque apoios decorosos e fortes. Além de atrair a senadora Teresa Cristina para o seu campo político, Riedel tem o apoio do ex governador (que ele Riedel sucedeu), ou seja, Riedel tem o apoio irrestrito de Reinaldo Azambuja, ex prefeito de Maracaju e que governou o estado pantaneiro de 2014 até 2022.
Uma mão lava a outra.
Eduardo Riedel tem o apoio de Azambuja em sua reeleição, mas por outro lado, também apoiará "de peito aberto" Reinaldo Azambuja para o senado pelo Mato Grosso do Sul.
A quarta grande estrela da política do MS é a atual ministra do planejamento, Simone Tebet. Simone deve sair candidata à senadora por MS tendo apoio do presidente Lula.
No meu entendimento, Simone pode até vencer as eleições para a segunda cadeira do senado por Mato Grosso do Sul, mas precisará articular um "apoio velado" do governador Riedel.
Em resumo: Simone precisa costurar um acerto político onde ela seria o segundo nome a ser apoiada pelo governador Eduardo Riedel, fazendo uma espécie de dobradinha com Reinaldo Azambuja para que assim cada um ocupe uma cadeira de senador na disputa em 2026.
Há outros nomes que correm por fora nas eleições majoritárias no MS. Um desses nomes é o do atual senador Nelsinho Trad, cujo pai foi emancipador do estado, o Nélson Trad. Isso em 1977-1978.
Outro nome forte em MS, mas aí eu já percebo que disputará uma cadeira na câmara dos deputados, é o do ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta.
MS orbita entre esses quatro nomes para definir o seu futuro: Reinaldo Azambuja, Simone Tebet, Teresa Cristina e Eduardo Riedel. Qualquer nome fora desse quarteto representará uma surpresa enorme.
Um quadrado rico no meio do Brasil é o DF.
No DF, temos o seguinte quadro: O governador já reeleito, Ibaneis Rocha, renunciará o seu mandato para concorrer a uma cadeira no senado pelo DF. Ibaneis é um governador de grandes entregas e deve sim alcançar o seu objetivo de ser eleito senador em 2026.
Sua vice-governadora, Celina Leão (PL), assumirá o mandato de governadora em março de 2026 e será candidata à reeleição, com chances reais de vitória. Depois de Santa Catarina, o DF é a unidade da federação que possui mais bolsonaristas, tanto que Damares Alves, ex ministra de Jair Bolsonaro, venceu as eleições para senadora do DF em 2022. Celina tem esse perfil e tende a ser eleita governadora.
Seu (sua) adversário para ocupar o Palácio Buriti ainda está indefinido (a).
Uma das cadeiras em disputa para senador do DF deve ser preenchida pelo atual senador e candidato à reeleição, Izalci Lucas, também do PL. A outra cadeira está 100% em disputa, mas não se surpreendam se o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, tiver seus direitos políticos reestabelecidos e entrar na disputa por uma cadeira no senado...
Detalhe pequeno: Se isso acontecer, Arruda tem chances reais de vencer as eleições para senador no DF, preenchendo, assim, a segunda cadeira do senado destinada ao DF.