François Ramos - redator interino
Aprender a valorizar o que realmente importa
A coluna de hoje é dedicada a três pessoas muito especiais. Assim como tive o privilégio de contar com várias mães, sempre tive em minha vida muitos pais: Wellington Cardoso Ramos, Cilas Antônio Alves e Mozart Ramos Ferreira foram os homens que serviram como referência na construção do ser humano que me tornei.
Foi com eles que aprendi a valorizar as coisas que verdadeiramente importam em nossas vidas. Sempre que me recordo das palavras dos três volto no tempo e bate aquela nostalgia gostosa.
Recordo-me daquele tempo em que passávamos horas esperando passar a música preferida nas “10 mais” da Sociedade FM, a rádio rock de Uberaba nos anos 80 e início dos 90. Triste era enquanto levava uma bronca por causa do som alto e ainda tinha todo o meu esforço frustrado porque o locutor disparava no meio da música “93,7 FM – a número um do seu dial”. Como levar aquele cassete para a festa de logo mais, seria um “mico” danado.
Ah sim, a Patrulha do Silêncio não precisava da Guarda Municipal ou da Polícia, mas apenas da intimidação da mãe com a “cinta” na mão ou olhar reprovador do pai.
Aliás, o respeito que tínhamos por nossos pais fazia com que um olhar ou uma limpada de garganta no momento estratégico possuísse o mesmo efeito de uma boa chinelada.
Foi graças a um olhar de reprovação que não me tornei um fumante. Sim, meus amigos fumavam, minha avó e meu avô fumavam, meu pai não dispensava um cigarrinho e, mesmo assim, a forma como meu avô Mozart olhou pra mim quando me apanhou em flagrante com uma “bituca” de cigarro fez com que meu coração se partisse em milhares de pedaços e eu desistisse definitivamente de me tornar um astro das propagandas de “Hollywood”.
Ainda me recordo de “surrupiar” cascos de guaraná no quintal para correr atrás da Kombi do algodão-doce e de como fui introduzido no mundo do trabalho por meus avós (principais vítimas de meu comportamento infracional) e minha mãe, que sempre incentivaram que eu fosse para a rua “catar” esterco, latas de óleo, fios de cobre e quando dava sorte, alguma panela velha de alumínio. Era com essa “graninha” que eu disparava minhas canelas finas para a venda do Célio para comprar chiclete Ploc e colecionar os transfers.
Mas foi com meu “tio” Cilas que comecei pra valer minha vida profissional. Aos 14 anos ele me admitiu em sua empresa (Alvismaq) para atuar como responsável pela limpeza das máquinas de escrever, para o que usávamos querosene em um revólver de pintura com compressor. Além disso, ajudava o motorista nas entregas de máquinas e limpava toda a oficina (inclusive lavava os banheiros).
Não foi uma iniciação fácil...rs, eu sei, mas com certeza foi nessa época que aprendi o valor do trabalho e como controlar meu orçamento para que fosse compatível com o que eu ganhava.
Foi com as palavras de incentivo do meu “tio” Cilas, com as longas conversas que tínhamos sobre a vida e o futuro que reconheci a importância de estudar para crescer profissionalmente. Seria por intermédio dos livros e de muito esforço na escola noturna que eu poderia transformar minha vida em um caminho digno de ser trilhado.
Embora tenha sido criado por meus avós, o que durante anos representou significativa distância de meu pai, que além de tudo trabalhava manhã, tarde e noite, proporcionando apenas que eu o visse aos sábados à noite ou em datas especiais, sempre ficava atento a tudo durante o período que estávamos juntos.
Foi em um dos dias em que ele me levou para o trabalho como locutor esportivo na rádio, que me apaixonei pela comunicação, especialmente pelo jornalismo. Foi quando retornamos a pé para casa trilhando a linha férrea que aprendi a necessidade de acompanhar a direção certa e manter-me nos trilhos. Foi no dia em que ele comprou papel de seda e vareta chinesa e me ensinou a fazer um papagaio que aprendi a importância de saber “pescar e não depender do peixe que lhe dão”.
Wellington sempre foi minha grande referência profissional no jornalismo e na vida pública. Meu “tio” Cilas sempre foi o meu norte para a importância do respeito a Deus e às oportunidades que ele nos concede. Meu avô Mozart, que infelizmente é o avô querido que não posso mais abraçar, me mostrou a importância de termos sempre pessoas queridas por perto e a necessidade de respeitarmos a opinião daqueles que nos amam mesmo que não concordemos com elas.
Enfim, esses três homens me ensinaram o valor de tudo o que importa em minha vida, família, carreira, religião, solidariedade e ao mesmo tempo cautela nas ações e julgamentos. Por isso e muito mais, a todos vocês, o meu muito obrigado por fazerem parte da minha história. A todos vocês e àqueles que realmente são uma inspiração para seus filhos, desejo um FELIZ DIA DOS PAIS!!!