FALANDO SÉRIO

É apenas um faz-de-conta

O desaparecimento de Eliza Samudio confirma que a Lei Maria da Penha deixa a desejar

Wellington Cardoso
Publicado em 12/07/2010 às 10:20Atualizado em 16/12/2022 às 06:51
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Prejuízos para a saúde. A cada 30 dias, cerca de R$ 70 mil são desviados do sistema público de saúde para bancar despesas com as vítimas de acidentes de trânsito. Os números são do Hospital de Clínicas (ex-Hospital Escola) da UFTM, indicando o custo médio de R$ 1,6 mil por acidentado, apenas em relação às vítimas consideradas em estado grave. Os dados se referem aos primeiros cinco meses deste ano e, no acumulado, as despesas ultrapassam a R$ 360 mil, cobertas, em parte pelo seguro obrigatório de veículos, que não pode ser recebido pelo hospital cumulativamente com a remuneração do SUS.   Média alta. No ano passado, a cada 24 horas, 1,39 uberabense precisou de socorros médicos, apenas no Hospital Escola, em consequência da violência no trânsito. Os acidentados com gravidade ao longo de 2009 superaram as vítimas com ferimentos leves, o que significa que nem todos os feridos buscam a assistência pública. Foram 278 feridos graves contra 226 leves atendidos pelo HC no ano passado. É também subestimado o número de mortos em consequência do trânsito, quando o óbito não ocorre no primeiro atendimento, mas, dias depois, aparecendo como resultado de pneumonia, parada cardíaca e outras complicações. Em média, o acidentado ocupa um leito por seis dias.   Assessorias falhas. Levantamento de ações judiciais impetradas contra prefeitos – feito por advogado uberabense – constata que são inúmeras as situações em que os chefes de Executivo são “empurrados para o buraco” por suas assessorias jurídica e contábil. Em tese, eles são processados em consequência de orientações equivocadas (muitas delas discutíveis) que resultam em erros detectados pelo Tribunal de Contas ou Ministério Público.   Motivos de dor de cabeça. Entre os principais motivos de ações contra prefeitos – revela o estudo – estão, abertura de créditos suplementares sem cobertura legal, balanço financeiro incorreto, divergências de receitas e despesas em quadro de apuração, falta de concorrência na contratação de serviços, aplicação do orçamento em educação e repasse indevido de recursos à Câmara de Vereadores.   Amadorismo. A distribuição dos agentes (que passarão a ser rotulados investigadores por força de lei recém-aprovada) recém-formados pela Polícia Civil atesta o amadorismo com que a segurança pública é tratada, apesar dos anúncios de excelência de qualidade. Se Uberaba é a terceira cidade mais violenta de Minas e acumula milhares de inquéritos não instaurados ou deixados nas prateleiras por falta de pessoal, qual seria a decisão racional? Dotá-la de mais policiais. E o que se vê é exatamente o contrário, com Uberaba deixada de lado com as mesmas desculpas de sempre.   Justifica? O argumento de que o efetivo da Polícia Civil aqui está completo não justifica a irracionalidade com que a questão é tratada. Se os crimes aumentam e o número de policiais não acompanha é evidente que a criminalidade permanecerá vencendo a guerra e alimentando a insegurança, seja ela subjetiva ou objetiva.          Chefes demais. O sistema está precisando também de um enxugamento de cargos de chefia. É muito cacique pra pouco índio, e é comum os desentendimentos entre os próprios caciques, em autêntica fogueira de vaidades. E por detrás de cada chefe existe um monte de cargos administrativos, cujos ocupantes recebem os mesmos incentivos (ainda que pequenos) de quem está na rua enfrentando bandido. E, enquanto isso, os chefes viajam rotineiramente para inspecionar as áreas a eles subordinadas, e onde também existem chefes, aumentando as despesas do órgão com diárias. No que isso melhora a eficiência do sistema é questionável.   Ilógico. Não faz sentido, por exemplo, policial ou militar ser telefonista, secretário particular de chefe, produtor de estatística, motorista de viaturas administrativas ou do setor de saúde e de resgate de vítimas de acidentes de trânsito, enfermeiro, médico, dentista e mecânico – funções que podem ser exercidas por civis e até com remuneração inferior. Os efetivos de todas as forças poderiam ser reforçados apenas com o dinheiro economizado com a redução de chefes e os desvios de função. Mas, sobre isso ninguém quer falar.   Violência. De Salvador/BA vai mais um exemplo de autoridade que não sabe lidar com o poder. Juiz de Direito de apenas 38 anos foi morto a tiros por policial-militar depois de fechá-lo no trânsito com o seu veículo, e dele teria descido com uma pistola em punho. O policial, segundo testemunhas, atirou pra se defender, primeiro na clavícula, o que não foi o suficiente para deter o magistrado, baleado também no abdômen. Violência – física ou psicológica - e poder sempre andaram de mãos dadas.   Faz-de-conta. Episódio Bruno mostra mais uma vez que a proteção às mulheres vítimas de maridos, namorados ou companheiros violentos, criada pela Lei Maria da Penha, é apenas um faz-de-conta quando se trata de gente do povo. Como tantas outras coisas. E o ex-goleiro, com histórico de confusões criadas, permanecia na sua rotina de ídolo intocável – acobertado e endeusado também pela mídia.   Uma e outras. Rotular (e alardear isso) Eliza Samudio de prostituta e interesseira, em nada justifica o crime contra ela praticado.// As portas do TEU – Teatro Experimental de Uberaba serão reabertas no dia 23 deste mês.// Caminhões de fora abarrotados de móveis à venda fizeram da avenida Nenê Sabino, perto do aeroporto, loja a céu aberto, na manhã de domingo.// Só mesmo o Dunga pra ignorar que futebol não é questão de idade, mas de qualidade.// As seleções finalistas do Mundial provaram isso, mais uma vez.// APAC – Associação de Proteção e Amparo ao Condenado elege nova diretoria dia 29.   “O grande homem é aquele que não perde o coração de criança”.                                                                        (Mêncio)

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