François Ramos – redator interino Faltam dezoito dias para que todos nós possamos celebrar o Dia dos Pais. É bem verdade que nos condicionamos a lembrar de pessoas importantes em nossas vidas somente em datas eleitas pelo comércio. Contudo, esses raros momentos nos chamam a um exercício introspectivo sobre quem somos e o que realmente valorizamos. Hoje peço licença ao leitor para ocupar esse espaço e falar de alguém que vocês há muitos anos acompanham. Um homem com o qual por vezes concordam, em outras discordam, em muitos momentos elogiam, em outros criticam, afinal assim é o jornalism sempre com dois lados a serem devidamente apreciados. Aproveito a viagem do Jornalista Wellington Cardoso Ramos para apresentar a vocês esse homem que no próximo dia 25 de agosto completará 59 anos bem vividos. Um homem que tenho orgulho em chamar de pai. É bem verdade que ele não teve muitas oportunidades para estudar. Desde cedo teve que trabalhar para ajudar a família. Aos oito anos já tomava conta de uma banca de revistas na rua Artur Machad a Banca do “Seu Vilmondes”. Mudou-se com a família ainda menino para São Paulo e na terra da garoa também não teve moleza, chegou a passar fome, mas continuou lutando contra a adversidade. Ao retornar para Uberaba, já rapaz, começou sua carreira de comunicador na Rádio Difusora. Com apenas dezesseis anos sua voz tornava-se conhecida entre os uberabenses. Passou também pela Rádio Sete Colinas. Apresentou programas musicais, esportivos e, claro, iniciou o combativo jornalismo que ainda hoje acompanhamos. Além de comunicador, Wellington era militar. Entrou para a Polícia logo após concluir o Tiro-de-Guerra e lá também se destacou. Sempre que eu encontro algum de seus amigos da velha guarda sempre o elogiam por dois motivos: sua lealdade e a velocidade que operava a velha “Lexicon 80”, a máquina de escrever que dava origem aos boletins do 4º Batalhão de Polícia Militar. Em 1975 concluiu o curso de formação de Cabo em Belo Horizonte e foi orador da turma (foto). Sempre com dois ou mais empregos para conseguir manter a família de quatro filhos. Trabalhava dia e noite e ainda assim conseguiu concluir o ensino médio, antigo 2º grau, na Escola Tiradentes da Polícia Militar. Já mais maduro, passou a integrar a equipe do Jornal da Manhã e seu jornalismo tornou-se sinônimo de combativo e comprometido com o seu leitor e a cidade de Uberaba. Em 1989 tornou-se diretor do Departamento de Comunicação do então prefeito Hugo Rodrigues da Cunha. Devido à qualidade de seu trabalho foi convidado a coordenar a campanha de Luís Guaritá Neto, que sagrar-se-ia vitorioso e o convidaria a assumir sua Chefia de Gabinete. O respeito e a desenvoltura externados em sua vida política o credenciaram ao 1º Escalão de governo municipal por mais quatro mandatos, dois com Marcos Montes (Governo e Sesttran) e dois com Anderson Adauto (secretário executivo do Conselho de Segurança e Subsecretário de Governo). No governo Marcos Montes foi ele o primeiro titular da Secretaria de Trânsito, então Settrande, incentivando a criação da Guarda Municipal. Esteve entre os que batalharam muito e conseguiram trazer a Penitenciária Estadual para Uberaba, o que contribuiu para esvaziar o “cadeião” do Parque das Américas, sempre batalhando por uma polícia honesta e confiável, e uma cidade mais segura. Também ajudou na instalação da Central de Fiscalização de Penas (Cefipa) no Juizado Especial, um projeto que está chegando a toda a Justiça Comum. Enfim, é difícil conseguir me lembrar das realizações profissionais desse homem. Mas embora essas sejam as suas credenciais junto à sociedade, com os filhos e a família a coisa muda. Ainda bem me recordo quando aos seis anos ele me guiou pelas mãos do bairro Boa Vista à casa onde eu morava com os meus avós, no bairro Fabrício. Passamos pela linha férrea observando a paisagem e paramos em um armazém, onde ele comprou uma folha de seda azul e um par de varetas chinesas. Quando chegamos em casa fizemos juntos um lindo papagaio, daqueles com rabo de corrente (será que isso ainda existe?). E quando finalmente o colocamos para voar, parecia ser eu aquele que estava a planar sobre os céus. Embora estejamos vivenciando uma prévia da disputa eleitoral, que por incrível que pareça ainda não “esquentou”, posso lhes assegurar que apesar de lhes apresentar um breve currículo do jornalista que diariamente acompanham, não o faço na função de “coordenador de campanha”, a não ser que essa seja uma campanha para o “Pai do ano”. O faço para que juntos possamos refletir e gravar em nossas mentes e corações que para ser pai, precisa ter respeito não apenas por sua família, mas pelo que faz e pelas outras pessoas. É preciso ouvir atentamente quando seu filho lhe solicita ser amável e cobri-lo com um abraço carinhoso. Precisa saber elogiar, estimular e repreender para que seus filhos se sintam seguros e mais tarde possam enfrentar as grandes dificuldades da vida. Ser pai não é apenas dizer que é possível. É lutar, deixar seu filho participar de sua vida e mostrar que a recompensa é fruto de muito trabalho. Então, tenho que o nosso objetivo hoje, a apenas 18 dias do domingo dos pais, apresentar a vocês o homem que há anos faz parte também de sua família levando informação, alegria, tristeza, boas novas e também más notícias, sempre preocupado com a nossa cidade e com o seu leitor. Um uberabense que sem dúvida vale a pena conhecer e do qual tenho orgulho do privilégio de chamá-lo de meu pai. O homem que ao longo da vida mostrou que nada é impossível de alcançar se nos dedicarmos, formos leais e tivermos respeito pelo próximo.