FALANDO SÉRIO

PRA CONHECER...

Wellington Cardoso
François Ramos
Publicado em 09/01/2010 às 08:48Atualizado em 20/12/2022 às 08:39
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Ainda outro dia escrevi aqui nas páginas do JM que além de promovermos a lista dos 100 filmes que devemos assistir, dos 100 livros que devemos ler e dos 100 cd’s que devemos ouvir, precisamos nos preocupar em selecionar as pessoas que devemos conhecer e os exemplos que devemos seguir.   Assim sendo, reservei a coluna deste sábado para apresentar a vocês uma pessoa muito especial: HEND NASRALLAH ROCHA, a Dona Hend da Pastoral Carcerária. Essa libanesa que aportou no Brasil ainda aos oito anos de idade tem uma linda história de vida. Mulher de fibra, casou-se com Paulo Wilson Teixeira Rocha, já falecido, com quem teve dois filhos: Públio Emílio Rocha e Paulo Wilson Teixeira Rocha Júnior. Foram quase cinquenta anos de casamento e muita atenção à família, sem nunca descuidar-se de sua missão cristã: ajudar o próximo.   Como disse Chico Xavier, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. Talvez esse seja o objetivo basilar do trabalho de Dona Hend na Pastoral Carcerária: despertar o preso para a necessidade de mudar e a possibilidade real de construir uma nova história para sua vida. Pelo menos uma vez por semana Dona Hend entra pelos corredores da Penitenciária Aluízio Inácio de Oliveira com passos firmes e segurança. Em suas mãos uma única arma. Duas talvez: a Bíblia e o terço. Em seu coração uma convicçã é possível apresentar Deus àqueles que transgrediram as leis dos homens e ajudá-los a se transformarem em pessoas melhores.   Dona Hend está sempre atenta ao que acontece com os homens e mulheres condenados a pagar pelos seus erros na prisão. Escuta suas lamúrias, suas desilusões, seus anseios. Com um conselho sempre à disposição, mostra o caminho da oração e o poder de Deus para mudar nossa realidade. A verdade, é que naquele lugar o trabalho desenvolvido por Dona Hend ajuda a transformar pesadelos em sonhos. A penitenciária Aluízio Ignácio de Oliveira ocupa uma área de 60 mil metros quadrados. São 144 celas distribuídas para abrigar 396 presos e já conta com população carcerária instalada de aproximadamente 700 detentos. O cenário da superlotação só faz piorar as possibilidades de ressocialização do preso.   Contudo, Dona Hend deixa as estatísticas de lado e confia na força de um ser maior que irradia amor a todos os seus filhos. Com a visita em todas as celas ela leva a palavra chave para conhecer os ensinamentos de Deus: amor.             E os detentos retribuem o carinho que recebem com muito respeito. Dona Hend circula entre esses homens e mulheres com a tranquilidade necessária para levar o Evangelho de Jesus Cristo às pessoas privadas de liberdade e zelar para que a dignidade humana seja garantida no sistema prisional.   Em todas as celas ela providencia para que cada preso tenha a sua bíblia e o seu terço. É um caminho que se abre para que o detento se arrependa de seus crimes, fale com Deus e peça a força necessária para que sua transformação se efetive. Visitando religiosamente todas as dependências prisionais: celas em geral, inclusão, celas de castigo, seguro, enfermaria, Dona Hend abre um canal de diálogo do preso com a igreja católica e com a sociedade, a fim de promover uma consciência coletiva comprometida com a vida e a dignidade da pessoa humana.   Depois de conhecer o trabalho realizado por essa libanesa naturalizada brasileira e com alma uberabense posso dizer que me livrei do preconceito. Sempre reagi de forma contrária ao assunto, acreditando que são as vítimas do crime aqueles que verdadeiramente merecem ajuda.   Contudo, Dona Hend me fez acreditar na força de seu trabalho. Na necessidade de mostrar ao preso a existência do amor em Deus e a possibilidade de reconquistar sua dignidade, aprendendo também a respeitar todos os seus irmãos, voltando assim ressocializado após o cumprimento de sua pena.   Quem dera as autoridades que elegemos tivessem o mesmo carinho e dedicação para conosc aqueles que trabalham e pagam impostos que sustentam os polpudos salários de nossa elite governante. Falta estrutura ao sistema prisional para que este cumpra o seu propósito de punir e preparar o preso para seu retorno à sociedade. O que vemos na maioria de nossas cadeias são escolas de “Pós-Graduação” na Criminalidade. Assim sendo, o trabalho e o esforço de pessoas como Dona Hend, que trabalham simplesmente porque acreditam que podem fazer a diferença por um mundo melhor, precisa ser conhecido por toda a sociedade e incentivado por nossas autoridades.

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