François Ramos - redator interino
“Sabe, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.” O orgulho há muito se foi e, como sempre advertia minha querida avó Mariinha, não se vive somente de amor. De nada adiantam empenho e trabalho se não podemos usufruir de nossas conquistas.
Assim, o discurso do “País do Futuro” já cansou. É preciso de um governo que se comprometa com o agora!
Como sentir orgulho de viver em um país em que em menos de três décadas de democracia permitiu que a segurança pública simplesmente deixasse de existir? O Brasil atualmente pertence a uma minoria de marginais que impõe ao cidadão de bem uma vida centrada no medo, similar àquela que existia na barbárie que antecedeu a criação do próprio Estado.
O descaso governamental com a segurança pública é tão grande que aos mais céticos e otimistas recomendo uma visita ao 4º Batalhão de Polícia Militar em Uberaba.
Basta uma corrida de olhos nas fotos históricas que mostram o efetivo de policiais que guarnecia a cidade nos anos 1950 para ver que ele era no mínimo equivalente ao dobro dos homens que temos hoje. Não se esqueça que o município somente ultrapassou a marca de 125 mil habitantes na década de 1970.
E qual é a marca do discurso para a segurança pública local? Um novo batalhão. Espaço físico e projetos para o futuro com certeza são importantes, mas o que traz segurança para população é polícia na rua. Precisamos de homens, viaturas e, claro, armas que permitam o enfrentamento do crime.
Muitos se sentirão indignados com o meu desejo de ver a polícia melhor armada e equipada. Pois meu desejo vai além. É preciso que as armas sejam utilizadas. Fogo se combate com fogo.
Bandido não quer diálogo. Está na rua para matar. E se assim o faz, precisa estar disposto a morrer. A vida que precisa ser preservada é a do cidadão, que cumpre seus deveres, paga seus impostos e ainda se vê refém de muros e grades que não conseguem mais livrá-lo do mal.
Alguns vão defender que é necessário educar e dar oportunidades para que o marginal se recupere. Também concordo que uma transformação do indivíduo é necessária e que essa condição deve estar presente nos presídios, que na realidade se transformaram em oficinas de aperfeiçoamento para o crime.
Mas o trabalhador não pode esperar por ela. A situação pede urgência nas atitudes. As penas precisam ser mais rigorosas e efetivamente aplicadas. Os regimes de progressão têm que ser urgentemente revistos. Afinal, a impunidade é o que motiva a criminalidade.
Num simples exemplo, na última semana um sujeito que simulou estar armado levou R$615 de uma farmácia. Dois dias antes o mesmo indivíduo havia assaltado uma sorveteria. A Polícia Militar identificou o marginal, mas não conseguiu prendê-lo. Como ele fugiu? A pé.
Se o efetivo fosse maior, as viaturas estivessem na ruas e não estivéssemos em um país onde o crime compensa, provavelmente o delinquente estaria atrás das grades.Enquanto isso, para que trabalhar por um salário mensal de R$724?
As manifestações que ocorrem no “gigante que acordou” se transformaram em atos de vandalismo com a destruição de patrimônio público e privado. No jornal televisivo acompanhei duras críticas à Polícia Militar por não ter intervindo em protesto contra tarifa de transporte público que culminou com depredação agências bancárias, concessionária e até uma igreja em São Paulo.
A imprensa também vem prestando um grande desserviço à segurança pública. Precisa entender que a polícia simplesmente sente medo de intervir. É isso mesmo, a cada marginal que reclama de uso excessivo da força, o militar ganha destaque como criminoso nas notícias do dia seguinte.
Bala de borracha contra bandido disfarçado de manifestante não pode. Mas tiro na cabeça daqueles que devem zelar pela segurança de toda uma nação é tolerável. É um simples efeito colateral da atividade.
Fico triste ao transitar por Uberaba e ver que as pessoas não ocupam mais as calçadas à frente de suas casas para um bate-papo ao final do extenuante dia de trabalho. Que as crianças não podem mais brincar na rua. Que os casais não podem mais se encontrar pelas praças.
Que as casas se fecham para o mundo e os vizinhos não mais se conhecem. Esse é o resultado de governos que não se importam com aquele que devem representar. O povo aparece nos discursos, mas não se torna o destinatário das necessárias ações à retomada da paz e da harmonia.
As ações da segurança pública nacional mostram-se distantes do aperfeiçoamento profissional e do aparelhamento necessário ao banimento do criminoso de nossas ruas. Predominam o discurso da hipocrisia e a contínua promessa de recursos. Basta!
Precisamos e homens e leis aptos ao enfrentamento das questões que garantam o bem público. Este sim deve ser o objetivo maior de um governante. Espero que o povo se lembre disso nas próximas eleições.
Vamos refletir melhor e nos transformar como eleitores. É preciso exigir mais e expulsar da vida política os incompetentes.