Ditado
Em um momento no qual se destaca em conversas políticas a possível existência de pesquisas apócrifas que estariam a indicar uma renovação superior a 40% na Câmara Municipal de Uberaba, uma análise do contexto indica que os vereadores que fazem oposição ao governo da prefeita Elisa Araújo (PSD) podem ter uma ligeira vantagem em relação aos seus pares, pois, nas últimas eleições, aqueles que “batem” têm conquistado mais simpatia do que aqueles que “assopram”.
Prova
Os reflexos do acordo celebrado junto ao Ministério Público pelo ex-prefeito Anderson Adauto ajudam a confirmar essa tese. A alegria da renovação da esperança entre seus correligionários e simpatizantes resta evidente. A preocupação de muitos em vê-lo no pleito de 2024, também. Nem parece ser político que não “assopra” ninguém. AA continua a suscitar admiração, até mesmo dentre aqueles que dele “apanham”, o que por vezes inclui aliados.
Fogo
Reconhecido por sua aspereza e acidez crítica, Anderson Adauto reafirmou recentemente sua convicção de que a atual composição da Câmara Municipal é uma das piores já vistas, apesar de alguns vereadores serem exceções. O descontentamento geral com a fala, porém, não permite ter dúvida de que, caso o ex-prefeito consiga o “milagre jurídico” necessário à efetivação de sua candidatura ao Executivo, alguns parlamentares podem “mudar de caminhão” para apoiá-lo.
Esquerda
A força que Anderson Adauto detém na esquerda é inequívoca. Estranho é que isso não parece incomodar a centro-direita, núcleo que lhe asseguraria muitos votos. Filiado ao PV, que integra federação junto com PT e PCdoB, ele é a opção preferida para 2024. Plano “B” seria Patrícia Melo, que concorreu ao cargo em 2020. Entretanto, convicta que AA se livrará dos inconvenientes à sua elegibilidade, a petista colocou seu nome à disposição para ocupar a vaga de vice ao lado de AA.
Tem mais
Outro que não hesita em “bater” é Thiago Mariscal. Apesar de ter seu nome entre os indiciados no inquérito da Polícia Civil que apura habilitação criminosa de linhas de telefonia celular em nome da prefeita municipal Elisa Araújo (PSD), ele continua pré-candidato a prefeito pelo PSDB. O presidente da sigla em Uberaba, Thiago Tiveron deixou claro que o fato não afeta sua participação nas articulações que antecedem as eleições municipais deste ano, pois nada há de comprovado.
Oposição
A oposição mantida, como vereador, caracterizada por fortes críticas e embates com o governo de Paulo Piau, garantiu a Thiago Mariscal a popularidade para um novo salto em sua trajetória política. Em 2020, ele foi candidato a prefeito e conseguiu, ao lado do também ex-vereador Kaká Carneiro (seu vice), 17.705 votos, o que corresponde a 11,76% do total.
Diferente
Entre os pré-candidatos a prefeito aparece também Paulo Piau, que muito “apanhou”, em seus dois mandatos, de Thiago Mariscal, que à época era vereador. Hoje compartilham espaço no PSDB. De perfil conciliador, o ex-prefeito anunciou, no final de 2023, uma coalizão com Tony Carlos (MDB) e Franco Cartafina (PP) para as eleições deste ano, mas o nome do grupo ainda não foi definido. Especula-se que nem será!
Esse vai!
Fato é que Tony Carlos pode não contar com Paulo Piau e Franco Cartafina para concorrer pela segunda vez à Prefeitura de Uberaba. O grupo parece ter implodido antes mesmo de definir o nome que iria às urnas. Algo que não parece ter afetado o ânimo do ex-deputado estadual. Derrotado no 2º turno em 2020, ele não tem poupado críticas ao governo municipal.
Articulações
A postura de Tony Carlos como pré-candidato tem se concentrado em mostrar erros e falhas na administração de Elisa Araújo, mas também apresenta propostas para fazer diferente e trazer mais desenvolvimento para a cidade. Seu bom desempenho nas urnas vai depender das alianças que conseguir construir, do vice que escolher e da capacidade de se livrar do rótulo de “candidato dos coronéis”, imposto no último pleito.
Pois é
Franco Cartafina é mais um que aparece como pré-candidato à Prefeitura de Uberaba, mas sua atividade política demonstra que ele está mais preocupado, neste momento, com a composição das chapas que disputarão as eleições proporcionais, entre as apostas do reconhecido articulador estão os evangélicos, grupo que inclui, por exemplo, Julio Riposati (Podemos), sobrinho do ex-vereador João Gilberto Ripposati, e a pastora Regiane Isidoro (Avante).
Então...
A pastora Regiane Isidoro, hoje pré-candidata a vereadora, esteve por bom tempo entre as prefeitáveis. Tornou-se, para alguns, um nome perfeito para ocupar a condição de vice em chapas majoritárias, em especial com linha conservadora, como é o caso daquela encabeçada por Samir Cecílio, pré-candidato a prefeito do PL, que tem buscado o apoio das principais lideranças nacionais e estaduais do partido de Jair Bolsonaro.
Então
Samir Cecílio, aliás, assume a presidência do PL/Uberaba no lugar de Ellen Miziara, que passa a se dedicar à sua pré-candidatura a vereadora. Ela é mais uma daquelas pessoas que costumam “bater” forte. Inclusive disse que uma possível pré-candidatura de AA em nada a preocupa, pois “deve ter pelo menos umas três eleições que ele coloca seu nome como pré-candidato, mas chega na hora do vamos ver, ele não vem, pois continua inelegível devido à lei da ficha limpa”.
Beligerância
Em uma eleição na qual predominará a linguagem digital e o uso das mídias sociais, a prefeita Elisa Araújo (PSD) já começa a sofrer com a disseminação de materiais contra seu governo. Até o momento, ela tem evitado comentar a maioria das críticas e concentrado seu esforço em apresentar as realizações de seu primeiro mandato. Mas o clima de guerra tende a exigir posturas mais firmes, como aconteceu no caso de uso indevido de seu nome na aquisição de linhas de telefone celular.
Tranquila
Neste momento, a dificuldade de articulação identificada nos grupos que pretendem concorrer à sucessão de Elisa Araújo, que agora integra o PSD, do ex-prefeito e ex-ministro da Agricultura de Bolsonaro, Marcos Montes Cordeiro, dá certa folga para a primeira mulher a comandar o Executivo uberabense. Porém, não se pode esquecer que o jornalista apenas analisa contextos, no final, quem decide é o eleitor.
