A HISTÓRIA DE GIORGIO ARMANI
Giorgio Armani nasceu em 11 de julho de 1934 em Piacenza, no norte da Itália, filho de Ugo Armani, que trabalhava como contador em uma empresa de transporte, e de Maria Raimondi, dona de casa. Ele teve uma infância marcada pelas dificuldades da Segunda Guerra Mundial: em meio aos bombardeios e à pobreza, sofreu um acidente ainda garoto, quando um projétil de artilharia não detonado explodiu acidentalmente, causando-lhe queimaduras graves. Na juventude, seus pais desejavam que ele seguisse medicina e ele chegou a se matricular na faculdade de Medicina em Milão. No entanto, não terminou esse curso. Antes disso, fez o serviço militar obrigatório. Após cumprir esse período no exército, Armani decidiu que precisava trabalhar para ajudar a família e ingressou no mundo da moda, primeiro como vitrinista no grande magazine La Rinascente, em Milão. No La Rinascente, Armani começou decorando vitrines, depois foi promovido ao departamento de moda, trabalhando como vendedor e comprador no setor masculino. Na década de 1960, Armani foi contratado por Nino Cerruti para trabalhar na linha masculina da Hitman, que era uma marca de moda masculina do grupo de Cerruti. Durante esse período, Armani aprendeu muito sobre alfaiataria suave (“soft tailoring”). Em 1973, sob influência de seu parceiro de negócios e de vida, Sergio Galeotti, ele decidiu montar seu próprio escritório de design em Milão. Finalmente, em 1975, Armani fundou oficialmente sua própria marca — Giorgio Armani SpA — lançando primeiro a linha masculina. No ano seguinte, ele incorporou também o prêt-à-porter feminino. A partir daí, Armani consolidou-se como um dos grandes nomes da moda mundial. Seu estilo ficou marcado por uma alfaiataria impecável. Ele introduziu o que muitos chamam de corte suave ou desconstruído reduzindo ou eliminando o forro pesado e as estruturas internas rígidas nos paletós. Ele também usava uma paleta de cores sóbrias, tons neutros, cinzas, beges, marrom, preto discreto — elegância e sobriedade, sem ostentação exagerada. Nos anos 80, Armani alcançou projeção internacional gigantesca. Suas criações passaram a vestir estrelas de cinema, executivos, pessoas influentes, e ele redefiniu o “power suit” — o terno de impacto no ambiente corporativo, inclusive para mulheres. O filme American Gigolo (1980), com Richard Gere, ajudou muito: o guarda-roupa de Gere foi feito por Armani que tornou os ternos relaxados e elegantes praticamente símbolos de estilo. Além disso, Armani diversificou: abriu lojas, ampliou para linhas como Emporio Armani, Armani Privé, perfumes, acessórios, casa, hospitalidade etc. Sua marca se tornou sinônimo de um estilo de vida elegante, moderno, clean. Nos seus últimos anos, mesmo enfrentando problemas de saúde, Armani continuou trabalhando até pouco antes de sua morte. Ele faleceu em 4 de setembro de 2025, aos 91 anos, em Milão. Sua morte motivou homenagens no mundo da moda, e seu legado permanece vivo não apenas nas roupas que vestem gerações, mas nos valores estéticos que ele promoveu: elegância sem ostentação, alfaiataria humana, roupas que respiram, que se adaptam ao corpo, que respeitam o estilo individual.
NO RED CARPET
Giorgio Armani foi sinônimo de elegância e sofisticação ao longo de mais de cinco décadas na moda. Suas criações, marcadas por cortes impecáveis e alfaiataria desconstruída, redefiniram o conceito de luxo: roupas que uniam conforto, simplicidade e poder. No tapete vermelho, tornou-se presença incontornável, vestindo algumas das maiores estrelas do cinema e da música. Nomes como Sophia Loren, Cate Blanchett, Jodie Foster, Julia Roberts e até Lady Gaga desfilaram em seus modelos icônicos, reforçando a aura de prestígio associada à marca. Armani compreendia que a verdadeira elegância estava na sutileza — em vestidos que destacavam a personalidade da mulher sem sobrecarregar sua imagem. Esse equilíbrio lhe deu poder absoluto no red carpet, fazendo de seus desfiles um parâmetro de bom gosto e sofisticação. Mais do que um estilista, Armani foi um arquiteto da elegância moderna, deixando um legado que continua a inspirar o universo da moda e o glamour de Hollywood.
O ÚLTIMO DESFILE
O último desfile de Giorgio Armani — uma verdade emocional e estética — foi marcado para a Semana de Moda de Milão, de 23 a 29 de setembro, com criações da Emporio Armani assinadas diretamente por ele, suas últimas peças revisadas pessoalmente. O Teatro Armani foi o local escolhido por ser um lugar simbólico, que serviu para velar seu corpo, conferindo ao desfile um tom de homenagem e encerramento de ciclo. As roupas escolhidas foram minuciosamente selecionadas e ressaltam todo o seu legado: cortes limpos, alfaiataria impecável, caimentos fluidos, a busca incessante pela elegância atemporal que o definiu. Quem viu Armani na passarela pela última vez — em janeiro, ao encerrar o desfile comemorativo dos 20 anos da Armani Privé em Paris — sabe que cada detalhe importava: do gesto aos tecidos. Este último desfile é também um momento de transição: despedida do homem por trás da assinatura, mas celebração da Maison que ele construiu.
FONTES: Harper’s Bazaar, Al Jazeera, The Washington Post, EBSCO, Arab News, GQ, El País, Reuters, Veja