Estamos no Setembro Amarelo e uma das frases que mais se ouve nesta época é: peça ajuda! Felizmente, muitas pessoas seguem este conselho e, diante de algum sofrimento mental ou mesmo pensamentos suicidas, procuram alguém para desabafar e buscar auxílio.
Mas, e quando a pessoa me procura quando procura ajuda? Qual deve ser minha atitude, o que devo ou não dizer? O psicólogo Matheus Félix Ribeiro compartilhou com a Janela da Mente algumas dicas do que fazer, caso esteja na situação de ouvinte.
(Foto/Divulgação/Gerada por IA)
Antes de tudo
A primeira orientação quando alguém nos procura para desabafar é ter uma atitude acolhedora, totalmente livre de julgamentos. “Aquele que está pedindo ajuda deve sentir que está sendo ativamente escutado, perceber que não está sozinho, que seu sofrimento é relevante, que sua vida importa, que ele faz parte de uma comunidade que se preocupa com seu bem-estar”, frisa o psicólogo.
O que pode ser dito?
Cada pessoa possui suas próprias dores e questões e o sofrimento deve ser tratado de forma pessoal. É importante que o ouvinte demonstre esperança e cuidado, e algumas frases como “você importa para mim”, “conte comigo”, “você não está sozinho”, “sei que é difícil, mas podemos tentar” podem ajudar neste contexto.
E o que não dizer nunca?
Quando uma pessoa busca ajuda, ela quer ser ouvida e ter seus sentimentos validados. Portanto, não devemos nunca minimizar ou comparar seu sofrimento, dizendo coisas como “eu já passei por coisa pior e sobrevivi”, ou “deixe de frescura”. Frases assim podem desencorajar a pessoa na sua busca por ajuda.
Sinais de alerta
Durante uma conversa, é preciso prestar atenção no que a outra pessoa diz, para avaliar se ela está em uma fase de desesperança – um grande sinal de alerta. Algumas das frases que demonstram essa desesperança são: “não estou conseguindo mais”, “está impossível continuar desse jeito”, “não há nada de bom no mundo”, “nada tem sentido”, “me sinto um excluído” e “o futuro não tem jeito”.
Em momento de crise
Às vezes, pode acontecer de, o que se esperava ser apenas uma conversa, se tornar algo mais sério, com a pessoa à sua frente enfrentando um momento de crise aguda. O psicólogo explica que existem dois momentos no manejo de uma crise: um de curto prazo e outro de médio-longo prazo. Em um primeiro momento, é preciso manter a pessoa segura, afastando dela possíveis meios letais, como remédios, objetos cortantes e perfurantes. Também é preciso oferecer apoio emocional, contato periódico para saber como ela está, identificar gatilhos e buscar ajuda profissional. Em um momento posterior à crise aguda, deve-se tentar compreender mais profundamente os motivos pelos quais aquela pessoa está em sofrimento intenso.
Devo orientar a buscar ajuda profissional?
Matheus Félix orienta que é preciso incentivar a outra pessoa a buscar ajuda profissional quando se percebe que é difícil, para ela, lidar com seus problemas com os recursos que dispõe no momento. A busca pelo apoio especializada é necessária para se construir um caminho mais saudável. E antes que alguém possa dizer que isso é um sinal de fraqueza, não, não é! Pelo contrário, é preciso ter força para buscar ajuda!
Onde buscar ajuda especializada?
É possível ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV) de forma gratuita e anônima pelo telefone 188, 24 horas por dia. Em Uberaba, existe o Serviço Intermediário de Atenção Psicossocial (Siap), que é constituído por três equipes multiprofissionais de Atenção Especializada em Saúde Mental para o atendimento ambulatorial de pessoas com transtorno mental moderado, referenciado pela Atenção Básica e pelos Caps. Também existem as clínicas escolas de Psicologia da Universidade de Uberaba e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
E quando sou eu que preciso de ajuda...
Não hesite! Busque ajuda! Não apenas no Setembro Amarelo, mas qualquer dia que precisar!
*Matheus Félix Ribeiro (CRP 04/51037) é psicólogo clínico graduado pela UFMG e UAB (Barcelona), possui especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, mestrado pela USP e doutorado pela UnB. Atualmente, atende em consultório e é professor e supervisor clínico na Uniube.