Nessa época do ano os amantes do esporte sobre rodas ficam órfãos das competições. É um tempo de sofrimento. Mas, para sorte de quem gosta de esporte, temos o Raid, criado por Thierry Sabine no final dos saudosos anos 70, que é uma competição à parte no mundo esportivo.
Um pouco de história. O primeiro Paris-Dakar aconteceu no final de 1978. Mais precisamente em 26 de dezembro de 1978. A ideia de criar esse Raid foi de Thierry Sabine, que se perdeu no deserto um ano antes quando participava do rali Abidjan-Nice numa XT 500, uma moto que marcou época, e assim teve a ideia de criar uma prova de regularidade.
Number one. Na primeira edição participaram 170 concorrentes, que saíram de Paris com destino a Dakar. E assim nasceu uma das competições mais difíceis do mundo, já que no percurso tinham de encarar o intimidador e lendário deserto de Saara. E isto numa época em que os competidores não tinham o recurso do GPS. Era pura navegação, coisa para poucos na época. E dos 170 que largaram, apenas 69 chegaram a Dakar.
Revelação. E assim, em poucos anos, o Raid ganhou proporções estratosféricas com o apoio da mídia especializada e a entrada de alguns fabricantes de renome. Porém, depois de toda fama e exposição mundial, o Raid ganhou a fama de “rally da morte”. Em 1986, o helicóptero que transportava Sabine, criador do evento, chocou-se com uma duna em uma tempestade de areia. Até hoje, morreram 70 pessoas em etapas do rally entre competidores, assistentes e organizadores.
Falha geral. O rally continuou sua trajetória ascendente mesmo depois da morte de seu criador, pois o evento tinha sido transformado em uma competição mundial e de renome. Sabine havia criado uma empresa para ter condições de dar todo o suporte necessário, e a sua evolução elevou o nível e tornou o evento único e altamente viável.
Porém, em 2008, não aconteceu o rally devido a problemas políticos na Mauritânia. O cancelamento foi feito um dia antes da largada. Na semana anterior, quatro turistas foram assassinados na Mauritânia e o crime foi atribuído a Al Qaeda. No decorrer dos anos da disputa, sempre houve ameaças de terroristas no submundo africano, mas a organização contornava a situação. No entanto, neste ano isso não foi possível. Só na Mauritânia havia oito etapas da competição, e os organizadores decidiram não correr o risco.
Vizinhos. E assim, desde 2009, a competição é realizada na América do Sul. África, nunca mais. A competição continua a ser um grande desafio e não perdeu seu encanto e nem sua pior característica, pois mesmo aqui na América do Sul continua a morrer gente. Giniel de Villiers foi o primeiro vencedor nos carros e Marc Coma, nas motos.
Agora. A grande notícia da edição de 2015 foi a volta da marca Peugeot. O Dakar de 2015 segue firme e tem como líder nos carros, o príncipe do Qatar, Nasser Al, da equipe Mini. Seguido do primeiro campeão em solo sul-americano, vem Villiers, que corre com uma Hilux. Que de Hilux mesmo tem só o nome.
Motos. No mundo das duas rodas, a KTM, que dominava as últimas edições (desde 2005), agora vê a Honda comandar a disputa. Juan Barreda é o nome da fera que comanda essa categoria. Os japoneses investiram alto para tomar o domínio. Na rádio paddock comenta-se que a Honda transferiu tecnologia da Moto GP para CRF 450 Rally. É o tipo de notícia que parece boa, mas que no futuro se mostra ruim. A KTM usa uma mecânica simples e muito eficiente. Já a Honda, para superar os austríacos, gastou muito dinheiro e tecnologia. E quem quiser superar os japoneses no futuro terá que trilhar pelo mesmo caminho. Ou seja, a categoria vai se tornar mais cara e assim afastar muitos competidores.
Uma ótima semana