Fase dolorida
Não existe época pior para os amantes da F1 do que o período de férias, de novembro a março. Para quem gosta, é algo como uma separação da pessoa amada por esse tempo. Tipo assim, seu grande amor vai para Londres fazer uma especialização e você é obrigado a ficar por quatro longos meses sem ver ou conviver com essa grande paixão e sua razão de viver. Isso mesmo, a paixão é um sentimento bem intenso.
Para aliviar essa falta, a mídia especializada, depois do advento da internet, tornou-se mestre em produzir notícias e boatos falsos, e alguns ainda esdrúxulos, para se manter ou ainda chamar a atenção dos apaixonados. E, normalmente, esses apaixonados acreditam em muitas besteiras plantadas.
E para complicar ou complementar, ainda discutem essas baboseiras em fóruns e sites especializados. Porém foi a maneira que os profissionais da mídia acharam para manter acesa a chama dos aficionados. No passado, tínhamos apenas as revistas europeias para nos atualizar. E vinham com uma boa defasagem de tempo.
Saudade. É algo que machuca a alma e deixa (quase) todos desnorteados.
Quando a gente tem algo que dá muito valor e fica sem esse algo, temos um cotidiano indigesto. Na verdade, é horrível conviver com a falta. E isso é o que representa as férias da F1 para a maioria dos aficionados. O nosso mundo só começa no dia doze de março, quando acontece o primeiro treino em Melbourne, na Austrália.
Aliviando.
Mas para aliviar a saudade, teremos lampejos do que poderá ser o campeonato de 2015, com os treinos da pré-temporada que começam neste domingo, no tradicional circuito de Jerez de La Fronteira. Pistinha encardida onde ultrapassar é uma tarefa quase impossível. Mas o circo acampa neste circuito é para testar e desenvolver os carros, e não fazer ultrapassagens. A ideia principal é verificar a resistência dos novos sistemas que foram atualizados e das evoluções implantadas nos motores. Saudades dos tempos em que os testes eram realizados em Jacarepaguá em pleno verão carioca.
Atualizado. Você, leitor, estará lendo esta coluna no Jornal da Manhã e também no site nossoesporte. Portanto, não se esqueçam de que o trailer da F1 de 2015 começa na manhã deste domingo em Jerez, na velha e conhecida Espanha.
Detalhe. Quem acompanha essa categoria sabe que ela vive uma senhora crise econômica. E que seu dono, quer dizer, seu dirigente maior, mesmo sendo um gênio em abafar esse tipo de situação, desta feita ainda não conseguiu se dar bem no final dos acontecimentos. Ele sempre conseguia e ainda saía por cima. O verme não é o mesmo ou a situação financeira falou mais alto do que ele.
De cara. A primeira equipe a declarar que não tem possibilidades de estar em Jerez foi a Force Índia, que foi ao México demonstrar seu novo design. Por sinal muito atraente. Porém, não é só a equipe indiana, que é indiana apenas no nome, que sofre com suas receitas. A Sauber do nosso Felipe Nasr é uma incógnita ainda maior que os indianos.
Mesmo sem declarar e ter um grande apoio da Ferrari, a equipe suíça pode não estar presente neste primeiro treino em Jerez.E tem mais. A equipe Lotus foi um das primeiras a apresentar seu carro de 2015. Que é um belo carro. Mas sabemos que a equipe, também devido a um grande detalhe nas finanças, não tem como produzir um carro de ponta como em 2012 e 2013.
Finalizando. Para concluir, a saudade é grande, mas devemos pensar que se nada for feito podemos ter saudades eternas. A F1 como é hoje precisa ser repensada ou essa categoria vai desandar. Pra ser sincero, acho isso quase impossível. No entanto, no mundo dos grandes negócios, existem situações em que matam uma empresa para depois comprar a mesma por um valor bem inferior. O momento é crítico. Tem gente de olho na galinha de ovos de ouro do Verme Ecclestone.
Uma ótima semana!
