GP de Singapura – O dia da zebra

A décima sexta etapa de 2023 da F1 ficará marcada na história. Foi uma corrida excelente, repleta de emocionantes duelos. O fato mais notável foi a vitória de Sainz Jr. com a Ferrari 55, que quebrou a sequência de vitórias da dupla RB19/Verstappen, que estava invicta até Monza. A equipe venceu as 15 corridas de 2023, e Max venceu treze delas, incluindo dez consecutivas. Esses recordes serão difíceis de serem superados. Além disso, surpreendeu muitos no paddock o fato de Sainz Jr., e não Leclerc, ter vencido. Há muito tempo não víamos quatro carros disputando a vitória nas voltas finais.

Diferente. Singapura se mostrou diferente desde o primeiro treino na sexta-feira, TL1. Com Leclerc liderando, Sainz Jr. em segundo e Max em terceiro. Até então, nada muito anormal, já que a própria Red Bull havia declarado que Leclerc seria forte nesta etapa. Neste treino, a maioria estava mais preocupada com os ajustes para a corrida do que com tempos rápidos.

TL2. No TL2, realizado à noite, assim como a classificação e a corrida, as equipes simularam a durabilidade dos diferentes tipos de pneus e ajustes para a classificação. Ao final, as duas Red Bull não foram bem, e Sainz Jr. liderou não apenas esse treino, mas todos os outros também. Todos, sem exceção, acreditavam que a equipe Red Bull estava escondendo seu verdadeiro potencial e que na classificação mostrariam sua força.

Hora da verdade. Na classificação, já na primeira fase, ficou claro que os carros taurinos enfrentavam problemas. Seus carros não tinham um equilíbrio consistente, ora saindo de frente, ora de traseira. Ao final do Q1, Stroll bateu forte e interrompeu a sessão. A grande surpresa veio no final do Q2 quando, pela primeira vez desde 2018, os dois carros taurinos não se classificaram para o Q3. Todas as demais equipes pareciam satisfeitas, pois o que parecia impossível nesta temporada aconteceu no circuito de Singapura. Sainz Jr. conquistou a pole, seguido por Russell e Leclerc, com tempos muito próximos. Norris ficou em quarto, com Lewis logo atrás.

A grande surpresa foi ver as duas Haas conseguirem se classificar para o Q3. Ao final da classificação, Magnussen conseguiu a proeza de se classificar em sexto, à frente de Alonso, Ocon e Hulkenberg. E, para fechar com chave de ouro, Liam Lawson se classificou em décimo. Essa foi a terceira corrida do jovem da Alfa Tauri, substituindo o lesionado Ricciardo.

Enfim. A esperança de nove chefes de equipes da F1 se concretizou em Singapura, ou seja, uma etapa sem os carros da Red Bull no topo. O Safety Car entrou na volta vinte, mudando a estratégia da equipe do touro vermelho. Eles imaginaram que o Safety Car entraria no início ou no final da corrida. Com a entrada do Safety Car, todos foram aos boxes e colocaram pneus novos. Sob o regime do carro de segurança, os carros da Red Bull não conseguiram avançar como o planejado devido ao intenso tráfego nos boxes, lembrando que Singapura possui uma das paradas de box mais demoradas de todos os circuitos. Mesmo assim, Max terminou em quinto lugar.

Sainz Jr. Ele foi o destaque do fim de semana. Com um carro que se adaptou bem ao circuito, ele se destacou na classificação e mostrou maestria na corrida. No início, a equipe privilegiou sua posição na frente. Leclerc, obediente, seguiu as ordens da equipe para proteger seu companheiro de equipe. O engenheiro de Russell chegou a comentar pelo rádio: "Parece que vão sacrificar Leclerc em favor de Sainz Jr." e acrescentou: "mantenha o foco".

Devoradora. A estratégia da equipe vermelha, devido ao desgaste rápido dos pneus, foi manter um ritmo de corrida mais lento do que o normal, segurando o pelotão para evitar que alguém fizesse uma tática de undercut. Com a entrada do Safety Car, a equipe não lidou bem com a situação e Russell teve dificuldades para retornar à pista devido ao tráfego nos boxes.

Sábio. A grande atitude de Sainz Jr. foi sua habilidade em ler a corrida ao seu redor dentro do carro. No terço final da corrida, os quatro primeiros estavam próximos. Sainz Jr. permitiu que Norris se aproximasse e entrasse na zona de DRS para dificultar a vida das Mercedes de Russell e Lewis, que estavam com pneus novos e eram mais rápidos. Quando seu engenheiro o alertou que Norris estava prestes a entrar na zona de DRS, o espanhol respondeu que essa era sua intenção, para dificultar o trabalho dos britânicos. Sainz Jr. já havia demonstrado essa habilidade de leitura de corrida em Mônaco no ano passado, quando se recusou a trocar os pneus enquanto a chuva caía e depois voltou à frente de seu companheiro de equipe quando o tempo melhorou.

Modelo novo. No ano passado, Sainz Jr. ganhou sua primeira corrida em Silverstone de uma forma controversa, mas não conseguiu muitos resultados pelo restante da temporada. Neste ano, também não teve pódios ou poles até as férias de verão. No entanto, agora vemos um novo Carlos Sainz Jr., que foi o melhor entre os demais em Monza e agora o melhor de todos em Singapura.

Quase. Jorge Russell teve um final de semana brilhante, até a última volta, quando tocou o muro com a asa dianteira. Norris também bateu no mesmo pedaço de asa sem grandes danos. Lewis chegou ao pódio após o abandono de seu companheiro de equipe. Sainz Jr., Norris e Lewis formaram um pódio inédito nesta temporada, sem nenhum piloto da Red Bull. Verstappen terminou em quinto. A expectativa na equipe taurina é de que tudo volte ao normal no GP do Japão.

De olho. Não podemos esquecer que em Singapura a FIA introduziu novas regras técnicas. Se os carros da Red Bull não se saírem bem no GP japonês, fica claro que a FIA encontrou uma maneira de conter o domínio dos carros de Milton Keynes nesta temporada. Esta é a grande esperança de nove dos dez chefes de equipe da F1.