O Grande Prêmio da China acabou de forma surpreendente, ou seja, a vitória ficou com um carro e piloto que não era o favorito, apesar de ter largado na pole. Como todos sabiam, o carro alemão era bom nos treinos por usar o duto aerodinâmico, e ruim no decorrer de uma corrida. Foi assim nos dois primeiros GPs. Mas na China o carro que mais deteriorava os Pzero da Pirelli ganhou a corrida com duas trocas (voltas 13 e 34), enquanto os maiores rivais optaram por três trocas. Como explicar o inexplicável?
A lógica diz que o traçado chinês mudou o consumo da borracha italiana no carro alemão. Ao invés de desgastar os dois pneus traseiros, as flechas de prata estavam consumindo apenas o dianteiro direito, assim como ocorreu com os demais participantes. Certamente, é devido à boa velocidade que a grande reta proporciona e também os trechos de alta do circuito que contribuem para abaixar a temperatura dos pneus. A verdade é que novamente deu zebra, não tão grande como na Malásia, porém, pela lógica, Button seria o vencedor desta etapa, mas o destino e os mecânicos da McLaren mudaram o script e facilitaram a situação para o filho do Keke.
Morna. O GP chinês foi meio sem sal. Isso até o terço final da etapa. Devido a estratégias diferentes e ao erro do mecânico da McLaren, a corrida teve um desfecho diferente há 20 voltas para o final. Formou-se uma fila indiana com uns dez pilotos, entre eles Button e Hamilton, com os carros mais rápidos. Porém, tinha o trânsito como inimigo e pilotos com táticas diferentes e tentando economizar pneus para chegar ao final.
Mecânicos. A turma da Ferrari mudou radicalmente. Ano passado, eram os piores entre as equipes de ponta. E neste ano tem sido os melhores. Batendo todos no grid. Já a turma da Ferrari que atua junto ao muro dos boxes, continua na mesma, só faz merda. Massa partiu para duas paradas e, mesmo usando pneus macios no último stint, ficou apenas com um décimo terceiro posto. O mesmo pode se dizer da Lótus – ex-Renault –, que errou na dose e deixou o bom e combativo Kimi Raikkonen sem pneus no final da etapa. Por outro lado, acertaram em cheio com o Romain Grosjean.
Graça. A graça desta etapa, como disse antes, aconteceu nas últimas 18 voltas, quando se formou uma fila tendo no meio dela carros rápidos e alguns economizando borracha. E foi isso que deu graça a essa corrida. Aconteceram boas disputas e algumas ultrapassagens legais. A tática, de alguns anos para cá, sempre faz diferença. Em alguns GPs até está parecendo F. Indy. Como disse antes, esta etapa era do Button, mas fatores extra-pista o empurraram para o segundo lugar. O mais interessante é que o melhor carro da temporada não ganhou as duas últimas etapas. Se usássemos apenas a lógica, os McLaren teriam vencido as três etapas do campeonato.
História. A vitória de Nico Rosberg na China pode ser considerada uma marca na trajetória da equipe alemã. A última vitória de um carro da equipe aconteceu com J. M. Fangio, em 1955. O carro era a W196, carro que hoje é raríssimo e uma lenda. Por falar na marca da estrela, a estrela da equipe (Schumacher) teve a corrida perdida devido a um erro humano na primeira troca. O piloto foi muito gentil ao comunicar seu abandono via rádio. Se fosse um piloto latino, a informação certamente seria mais apimentada.
Destaque. Boa parte da mídia especializada enche a bola do Perez. Mas o grande piloto da equipe Sauber é Kamui Kobayashi. Nesta etapa, ele largou na segunda fila, porém fez uma péssima largada e terminou em décimo. E ainda foi o autor da melhor volta. Perez mostrou seu lado egoísta ao tentar jogar Koba para fora do traçado, no meio da reta. Vergonhoso. Mas é o Perez quem traz dinheiro para a equipe e, assim, ele se acha dono do pedaço. Vettel e a Red Bull continuam no páreo, mas nem de longe conseguem a performance do passado. Webber tem sido mais eficiente que o alemão.
Queimada. Muitos, inclusive eu, queimaram a língua com o desempenho do Senna, pois desta feita não houve chuva, outro fator extrapista, e o resultado foi na pista mesmo. Novamente, o piloto brasileiro terminou nos pontos e à frente de seu maior rival, o companheiro de equipe. Sétimo posto para o nosso representante. Já o outro representante nosso, é melhor nem comentar. Carro ruim e o piloto vive uma fase péssima.
Médias. Como sempre, as médias de cada piloto nem sempre traduzem o resultado final. Button foi quem alcançou a melhor média do dia, 1:42.680. Duas grandes surpresas: a quinta posição de Vergne, com 1:43,02, e Vettel, conseguindo apenas a nona posição, com 1:43.108. Vergne, na prova, foi apenas décimo sexto e conseguiu ter a quinta média. Muito estranho! Já Vettel chegou na quinta posição. Kobayashi conseguiu a sexta melhor média.
Felicidades a todos!