O herói dos campeões
Semana passada, comentamos sobre o rei das estatísticas e que é o detentor da maioria dos recordes da F1. O alemão Michael Schumacher. Porém, para quem vive e respira F1, isto é, os mais entrosados, elegeram, como o maior de todos, um escocês que era apenas um lenhador e, de repente, se viu no mundo da velocidade. Quando citei o maior de todos, muitos devem ter pensado que seria Airton Senna. No entanto, o piloto do qual vamos falar foi o ídolo de Senna. Uma pessoa que atendia pelo nome de Jim Clark.
Dados. Jim Clark nasceu em 4 de março de 1936, na Escócia, e foi o primeiro escocês voador. Clark morreu na pista de Hockenheim em abril de 1968, em uma prova de Fórmula 2. Participou de 72 etapas na Fórmula 1, foi campeão por duas vezes, e somou 27 vitórias, todas com carros da Lotus.
Diferença. A mania de citar quem foi o melhor de todos os tempos é complicada. Cada qual na sua época tem o seu valor. Juan M. Fangio é um ser que não pode ser esquecido, assim como outros, quando se fala em F1. Ele foi campeão com várias marcas e era tido como o melhor de sua época. Porém, assim como Schumacher, ele foi favorecido pelas equipes para ganhar alguns de seus títulos, e assim deixa de ser um piloto de primeira neste quesito. E ninguém do meio já citou Clark como um campeão, com ajuda da sua equipe. Pelo contrário, G. Hill chegou a ganhar de Clark com apoio da Lotus.
Fiel. Na verdade, é difícil comparar épocas diferentes devido à tecnologia. Nos anos 50, 60 e 70 havia muitas quebras e acidentes fatais. E Colin Chapman sempre aparecia com novidades surpreendentes e, muitas das vezes, perigosas para seus pilotos. Clark era fiel às ideias mirabolantes de Chapman e isso o fez ser apenas bicampeão. Ele e Chapman formaram a primeira dupla, que depois se repetiria com outros pilotos. Se fosse como os pilotos atuais, que pensam apenas no marketing e dinheiro, ele teria ganhado mais campeonatos mudando para outras equipes.
Pau para toda obra. Para ser sincero, acho que essa turma de hoje não teria coragem de correr nos carros de décadas passadas, com os equipamentos de segurança da época, e para apimentar mais ainda os pilotos daquele tempo competiam de F1, F2 e com carros de turismo. E até se aventuravam em corridas de estrada. Algo que os ídolos atuais jamais se arriscariam. A não ser numa competição como a Corrida dos Campeões. Mas, profissionalmente não se arriscariam. E os antigos eram braços para todo tipo de carro.
Números. Jim correu de 1960 a 68 na F1 e estabeleceu alguns recordes. Conseguiu 27 vitórias e 33 pole positions. O recorde de vitórias foi batido em 1973 e o de poles caiu em 1989, com Airton Senna. Os americanos viram Jim Clark vencer as 500 Milhas de Indianápolis, com um carro de motor traseiro, o primeiro a conseguir o feito. O escocês teve momentos únicos de pilotagem no automobilismo e os seus rivais reconheciam que ele era o melhor e dono de uma pilotagem suave, limpa e tranquila.
Detalhes. Em 1968, Clark estava com 32 anos. Ele morava em Paris, para escapar dos altos impostos que o Leão britânico impunha àqueles que ganhavam bem. Foi por isso e por outras coisas que Clark decidiu não participar, em 7 de abril de 1968, das 1000 Milhas Boac de Brands Hatch, (prova de turismo) na Inglaterra. Em vez disso, Clark decidiu participar de prova de Fórmula 2 no circuito alemão de Hockenheim. Seu mentor, Chapman, tinha um compromisso com a Firestone, e queria que ele experimentasse o novo modelo de Fórmula 2 da Lotus em Hockenheim.
Seguro. O piloto escocês era um piloto que raramente cometia erros. O seu único acidente grave tinha sido em Monza, seis anos e meio antes, e era um piloto que tinha um estilo seguro de guiar. Apesar de todos saberem que os carros de fórmula eram feitos para competição perigosa e fatal, poucos acreditavam que algo poderia acontecer a Jim Clark.
Felicidades a todos.