O fim de semana passado foi marcante para o automobilismo. Com a vitória de um venezuelano que comprou um lugar numa equipe que já não pertencia ao G-4, Pastor Maldonado entra para história num fim de semana em que a F-1 completava 62 anos. Maldonado já surpreendeu na classificação quando fez o segundo melhor tempo, ficando à frente de várias equipes de ponta. Ninguém, nem mesmo sua família ou seu maior admirador, esperava um resultado tão promissor. E, para coroar o dia, veio a desclassificação de Hamilton, que guindou o venezuelano à pole.
Drible. Aqueles que se acham entendidos do assunto apostavam numa vitória dos carros pretos da Lotus, que vinham logo atrás no grid, ou ainda da McLaren, que dominou os treinos livres. Mas aconteceu o que a maioria não esperava. Maldonado ou Maldanado, como alguns citam, conseguiu a vitória. Alonso também conseguiu manter sua Ferrari na disputa. Duas zebras, se pensarmos na lógica.
Esporte. Mas também aconteceram fatores extrapista que conspiraram para que o resultado fosse este. Começou com a desclassificação de Hamilton e com a punição do Vettel na prova. A própria Lotus errou ao deixar Kimi tanto tempo na pista com pneus velhos e, principalmente, no primeiro trecho da etapa, quando o finlandês deixou os dois ponteiros abrir tanto. Quando tentou correr atrás do prejuízo, já era tarde!
Quente. A situação na equipe Williams estava tão quente neste fim de semana que até houve um incêndio no boxe da equipe, depois da vitória inesperada do Pastor, uma hora depois das comemorações do pódio. A vitória da dupla Maldonado e Williams nos dá mostra de que este campeonato é um dos mais disputados dos últimos anos. Foram cinco corridas e cinco vencedores diferentes. E, ainda, tem a Lotus batendo na trave e já demonstrou que tem carro e piloto para vencer. Só falta à equipe acertar um pouco mais na tática.
Gostoso. O bom da vitória do venezuelano foi que ele ganhou na pista e no braço, sem qualquer interferência do destino. Não houve chuva ou qualquer outra intempérie que conspirasse para a vitória de um carro que estava há oito anos sem ganhar. O engraçado é que Senna é quem vinha conquistando pontos para a equipe. Senna tinha quatorze pontos e Maldonado, apenas quatro. É interessante como as coisas mudam do dia para a noite neste cirquinho.
Venezuela. A vitória de Maldonado foi um marco para seu país. Maldonado tem total apoio do governo, que usou a Petrobras deles (PDVSA) para comprar a vaga do piloto. Pastor só está no circo porque tem alguém pagando sua vaga, e a maioria do grid hoje é composta por pilotos pagantes. Até o Alonso levou dindim para os italianos, mas isso noutra escala. O melhor venezuelano que conheci no esporte foi Cecotto, mas nas duas rodas, em que Carlos Lavado também foi um ídolo.
Venezuela II. Depois da ascensão de Hugo Chaves, apareceram Milka Duno, simpática e ruim de braço; Ernesto Viso, companheiro do Burrinho, hoje, na Indy; Johnny Cecotto Jr., Rodolfo González e Giancarlo Serenelli, todos na GP2. E existem outros em diversas categorias. Todos com apoio da PDVSA, ou seja, do governo deles. Bem que a Petrobras poderia voltar atrás e patrocinar nossos iniciantes no circo. E por falar em GP-2, Luis Razia ganhou mais uma etapa e Felipe Nasch imitou seu chará Massa.
Brasileiros. O GP da Espanha foi horrível para nossos representantes. Na classificação, enquanto Alonso conseguiu a terceira posição, nosso Massa era o décimo sétimo, enquanto o Pastor fez um segundo e o Senna, décimo oitavo. Senna ainda tem lugar na equipe, apesar de alguns interesseiros já apontarem o Vateryi Bottas para sua vaga.
Brasileiros II. Felipe Massa fez mais corrida ruim. Como sempre, larga bem e depois se perde pelo caminho. E para complicar sofreu uma punição. A situação do nosso representante na Ferrari fica a cada dia pior. Italianos são apaixonados por massa, mas, como nosso Massa embolorou, eles podem não aguentar ou digerir por muito tempo.
Felicidades a todos.
