Inimigo doméstico
Lewis Hamilton tem razão em todas as críticas que fez no fim de semana em Mônaco. Falou mal de Rosberg, da equipe e, sem medir sua fala, magoou até quem não tinha nada com o assunto. Enfim, deu tiros pra tudo quanto é lado. Como disse, acho até que ele tem razão em quase tudo. Mas ao citar certas palavras chateou pessoas que nem são do meio, e o pior ficou na mira de muitos e da própria equipe e, indiretamente, da mídia alemã que não vai perdoar nada daqui pra frente.
SEM QUERER. Lewis disse que veio de um lugar humilde (Stevenage) e dormia no sofá da casa de seu pai, enquanto Rosberg nasceu em berço de ouro e cresceu em Mônaco em meio a iates e aviões. E por isso ele é mais batalhador. A primeira pedra para cima de Lewis veio justamente do pessoal de sua cidade, que ficou indignado por Lewis citar Stevenage em tom pejorativo, ou seja, se for para falar mal esqueça sua origem.
MONAGATE. O episódio de Mônaco demonstrou um Lewis Hamilton totalmente desestabilizado emocionalmente e, no mundinho cruel da F1, isso é um sério e grande defeito. Fora a arrogância do piloto no rádio com seu engenheiro na corrida de Mônaco. Nesse mundinho sujo da F1, o piloto tem que ser mais falso que político brasileiro em campanha, totalmente mudo e um ótimo ouvinte. Falar o que vê e o que pensa só traz transtornos tanto para a própria equipe quanto para o paddock, e à mídia especializada.
FOGUEIRA. Durante o tiroteio de Mônaco, repórteres ouviam declarações de Hamilton e depois iam até a Mercedes dizendo que o inglês disse isso ou aquilo. Um dirigente chegou ao espanto depois de ouvir de um membro da imprensa uma declaração de Lewis e soltou um ‘Ele disse isso?’, pondo mais gasolina na fogueira.
LAUDA. Agora temos dois grupos no seio da equipe Mercedes. O grupo de Toto Wolf, defensor de Rosberg e o de Niki Lauda, padrinho de Lewis na Mercedes. Lewis foi cria da McLaren, porém o inglês nestes anos de aprendizado sempre teve uma boa relação com os alemães e quase sempre usou os propulsores da marca alemã nas categorias de entrada. E quando Lewis foi para a equipe o chefe era Brawn, e agora quem dá as cartas é Wolf.
INOCÊNCIA. Mas o grande perigo que Lewis ainda não percebeu é que os alemães renovaram o contrato de Rosberg bem na semana do GP de Mônaco. E logo nesta semana eles ficaram do lado do compatriota. Deixando bairrismo de lado, é mais lucrativo para os alemães terem um campeão como Nico do que como Lewis.
PQ?$$$. Porque Nico tem um salário que mal chega à metade do de Hamilton, 15 milhões de libras por ano. Seria muito mais econômico para a equipe ter Nico como campeão, que acabou de renovar seu contrato até o fim de 2016, do que ter que lidar com um Lewis Hamilton como bicampeão e dono da razão, que tem o contrato vencendo antes do de Nico.
RESSUSCITOU. Nos anos 80, o Brasil tinha dois autódromos de nível internacional onde o mundial de motos podia correr. Eram Goiânia e Jacarepaguá. O primeiro acabou sendo renegado devido à falta de manutenção e abandono. Sobrou Jacarepaguá que, por questões políticas e econômicas, foi destruído. Então ficamos sem pista para receber o Mundial de duas rodas, já que Interlagos não oferece segurança para este tipo de corrida. Mas o impossível aconteceu e os políticos do Goiás acordaram e reformaram o belo e bom circuito de Goiânia. E a Stock Car estreou domingo passado. O autódromo está maravilhoso, e acima de tudo é que mantiveram o traçado original que agradou a todos que por lá passaram. A corrida de stock teve como vencedor na primeira bateria Felipe Fraga, e Tiago Camilo na segunda. Goiânia agora tem a melhor pista do Brasil. Espero o Mundial de Motos em breve.