A etapa de abertura de 2014 na Austrália foi realizada no último fim de semana e não foi o caos que muitos pensavam. Alguns chegaram a temer o absurdo de que apenas meia dúzia de carros chegaria ao final. Uns, pela falta de confiabilidade, e outros por falta de combustível. E nada disso ocorreu. O que realmente aconteceu foi uma vitória arrasadora da Mercedes, com Rosberg. Porém, a falta de confiabilidade ainda é uma realidade. Tanto que o pole Hamilton ficou pelo caminho, com a companhia de Vettel, um dos melhores na atualidade.
SURPRESA I - Hamilton teve um fim de semana estranho, quebrou no primeiro treino e depois se recuperou na classificação. Na corrida, porém, ficou sem potência. E Vettel padeceu do mesmo mal. Mas houve surpresas boas. Quem diria que uma Red Bull chegaria ao Q3 com Ricciardo e a
McLaren, logo atrás, com o novato Magnussen? A turma do fundão também sofria com a parte técnica. As Marussias tiveram problemas no alinhamento do grid e foram fazer companhia para Grosjean, que estava na saída dos boxes. Na verdade, ele foi o primeiro piloto a ser punido com Stop Go, antes mesmo de ter largado. Pelo menos esse recorde a Lotus conseguiu, já que na prova a escuderia foi um fiasco total. As “Caterham” também não foram bem.
SUPRESA II - A equipe Caterham conseguiu provar à FIA que
Kobayashi não teve culpa no acidente com Massa. E o melhor de tudo foi a humildade do japa ao pedir desculpas para a equipe Williams e ao Massa.
A falha foi do freio traseiro eletrônico. Esse freio traseiro ainda vai dar o que falar. Ele faz parte de um dos sistemas de recuperação de energia que foi implantado em 2014 (MGU- K) e muitos ainda estão apanhando da novidade. Nos treinos vimos isso na curva nove, onde vários pilotos não conseguiam equalizar a freada e o sistema dava um baile nos pilotos e engenheiros.
REVELAÇÕES - Essa etapa demonstrou que Button, Vettel, Hamilton e Massa vão ter uma temporada difícil pela frente. O estreante e companheiro de Button, Ian Magnussem, fez um pódio logo em sua corrida de estreia.
O novo australiano da Red Bull demonstrou que certamente vai complicar a vida do alemãozinho. No ano passado, vocês se lembram, Rosberg já dava trabalho a Hamilton, mas agora esse novo carro casa melhor com o estilo de pilotagem do filho do Keke Rosberg. Já o nosso representante parece que nasceu no dia de São Cadeado. Bottas foi o melhor da prova australiana: o único a movimentar realmente a corridinha morna australiana. Massa vai sofrer de novo com um companheiro muito rápido. Já Daniil Kvyat (Toro Rosso) entrou na F-1 pela porta da frente e sem pedir licença.
TRAPALHADA - A desclassificação de Ricciardo é um ponto que deve ser considerado. É certo que o fluxo de combustível estava variando de acordo com o sensor da FIA, mas a equipe monitorava esse fluxo por outra via e achou que não tinha nada de errado. A equipe alega que o sensor fornecido pela FIA é de qualidade ruim (fajuto) e por isso não equalizou o sistema. Mas a organização não cedeu e o australiano ficou sem pontos. Se o fluxo era realmente muito alto, o carro terminaria sem combustível, o que não aconteceu.
AMPLIFICADOR - Sou obrigado a concordar com Verme Ecclestone: o barulho dos carros ficou horrível. Verme foi o primeiro a empunhar a bandeira do som fraquinho. Se conheço bem o mala, ele vai espernear até alguém tomar uma atitude para resolver o problema. Engraçado é que os primeiros motores turbos 76/88 tinham um ronco pra lá de bonito e agora ficou rouco.
SEM TEMPERO - Os italianos, mais uma vez, erraram o ponto da massa e o carro de 2014 começou fraquinho. Parece ser mais um carro para disputar pontos, e não para chegar ao pódio. Mas o alarme já soou em
Maranello e eles vão ter de correr atrás para melhorar o F14 T. Por outro lado, enquanto a Red Bull não acerta o carro, a McLaren aparece como segunda força de 2014. Com a Williams no vácuo, é claro!