Essa era uma etapa que tinha tudo para repetir o script das anteriores. Mercedes comandando o primeiro treino, em que normalmente as Red Bull testam algumas variáveis e nunca buscam ser as mais velozes. Já no segundo treino, a equipe mesmo não buscando ser a melhor, acaba sendo mais eficiente que as concorrentes. E no restante do fim de semana comanda o espetáculo.
Isso mostra devidamente que os carros da equipe do energético chegaram ao índice de desenvolvimento que a concorrência desconhece. Na F1, todos: projetista, engenheiros e o pessoal da aerodinâmica tentam o máximo em termos de desempenho e esse compromisso de ser muito rápido, sempre esbarra na confiabilidade. Esse era o grande dilema de Colin Chapman, que foi acusado de produzir carros muito velozes, porém frágeis e assassinos, tendo como maiores vítimas: o maior de todos Jim Clark e Jochen Rindt, único campeão post-mortem. Newey também tem uma morte no seu currículo.
Compromisso. Sendo assim os projetistas e engenheiros vivem numa linha tênue entre ser muito rápido sem ser frágil e isso gera um compromisso que poucos dominam. Mas Newey consegue como poucos atenuar essa linha frágil. E para piorar esse cenário, o carro da temporada de 2014 é totalmente novo. Isso pode simplesmente ser mais uma boa chance do melhor se sobressair. E pensar que ele praticamente começou na finada equipe Fittipaldi.
Para compensar. A sorte é isso, às vezes não acontece. Newey sempre tem ideias à frente de todos e assim algumas delas demoram algum tempo para dar certo. Isso já aconteceu algumas vezes. Na Williams e na McLaren. E sempre com projetos revolucionários.
Williams. Na Williams, ele criou o FW 14, um modelo frágil no começo, e depois de algumas atualizações se transformou num carro invencível. Tão eficiente que a FIA mudou o regulamento para tirar o carro do grid. Ninguém conseguia criar algo tão eficiente ou equiparado. Na época, a saída encontrada pelo Verme foi simplesmente eliminar o carro e seus conceitos eletrônicos.
McLaren. Mas na McLaren ele viveu um período ruim, fez um carro (MP 4/18) que nunca ganhou, apesar de naquela época os treinos particulares serem liberados. E depois de várias tentativas foi obrigado a abandonar o projeto revolucionário e atualizar o carro da temporada anterior, (MP 4/17) que também não era grande coisa, pois só havia ganhado uma corrida em 2002. Assim foi batizado de MP 4/17 D. Carro que conseguiu vencer duas corridas em 2003. Melhor que o original de 2002. Nessa época a Ferrari tinha um trio vencedor: Byrne, Brown e Todt. Schumacher apenas tinha um grande carro.
E o GP? Falar o que de uma corrida que deveria ser do segundo piloto, mas que a equipe mais uma vez resolveu dar para seu número 1. Na classificação, Vettel teve uma pequena falha no KERS, e assim a pole foi de Webber. Poderíamos ver uma corrida diferente das anteriores. Desde a volta das férias de verão, Vettel dominou todas as etapas. E era a hora de ver seu companheiro ser vencedor. Mas o marketing da Red Bull trabalha sempre por Vettel. Eles querem ficar marcados na história como os maiores vencedores de todos os tempos. Bater Schumacher é a meta e, assim, entrar para a história.
Moeda de troca. Tanto que Vettel, apesar de tricampeão e iminente tetra, não é o maior salário entre os pilotos e nem o segundo. A explicação é: damos-te o melhor equipamento e você será o número 1. Já o salário é segundo plano. Acho que hoje ele só perde para Alonso e Lewis. E assim os que ganham melhor e são muito bons no volante são obrigados a ver um bom piloto num ótimo carro os derrotando. Isso nos remete a Damon Hill com as FW da Williams. Se bem que acho que Vettel seria bem superior ao inglês se competissem na mesma época.
Surpresa. Romain Grosjean foi o nome da etapa. Largou bem, liderou a maior parte da prova e só perdeu para as RB 9. Com esse terceiro posto encostou em Massa na tabela de pilotos. Grosjean tem feitos boas apresentações quando não se envolve em algum toque. Kimi Raikkonen largou em nono e chegou em quinto. Perdeu para Grosjean tanto na classificação quanto na corrida.
Tentando. Fernando Alonso também não estava em seus melhores dias. Largou em oitavo e chegou em quarto. Desta feita não foi ao pódio. Ele parece ter caído na realidade. Sentiu que seu tri mais uma vez ficou para a próxima temporada. A desculpa da hora é que o carro italiano não casou com os novos compostos da Pirelli.
Queridinho. Nico Hulkenberg mais uma vez foi uma atração à parte. Ruim para nosso Massa que foi apenas décimo. Enquanto Hulk, com um carro inferior, foi sexto. Assim a disputa por um banco melhor em 2014 passa primeiro pelo germânico. Gutierrez foi sétimo comprovando bom momento da Sauber neste circuito. Rosberg vinha no pelotão intermediário, porém sofreu uma punição e acabou sendo apenas oitavo. Button arrancou o nono. Massa também foi punido. Ultrapassou o limite de velocidade nos boxes. Esse tipo de falha normalmente é do carro e não do piloto. Massa precisa urgente de uma benzedeira.
Felicidades!