ROLÊ SONORO

Plebe Rude: Além do álbum "O Concreto já Rachou"

Fernando Martins
Fernando Martins
fernandocartum@gmail.com
Publicado em 27/06/2024 às 07:56
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Plebe Rude é Philippe Seabra - guitarra e vocais, Clemente Nascimento - guitarra e vocais, Marcelo Capucci - bateria e André X - baixo e vocais (Foto/Divulgação)

Banda destaque de Brasília, a Plebe Rude surgiu em 1981 em meio à inquietude da juventude da capital do Brasil. Naquela época, as bandas da cidade gravavam seus ensaios em gravadores de fitas e depois se reuniam para trocar essas fitas; assim, todos conheciam as músicas de todos. A sonoridade da banda e as letras certeiras começaram a chamar a atenção de quem estava procurando algo novo para ouvir. Em 1986, o quarteto lançava por uma grande gravadora o seu primeiro disco de estúdio, “O Concreto já Rachou”. Quem aí nunca se pegou cantando “Não é nossa culpa, nascemos já com a benção…”? A música "Até Quando Esperar" fez o maior sucesso em todo o país e está presente nos shows da banda até hoje; é quase obrigatório a banda tocar essa faixa.

Muitos fãs da banda acompanharam a carreira dos artistas até os próximos dois discos. O “Nunca Fomos Tão Brasileiros” foi lançado em 1987 e continuou agradando esses mesmos fãs. Músicas como "A Ida" e "Censura" são lembradas até hoje. Mas aí chegou o terceiro disco e dividiu opiniões. Em meio a brigas internas, a banda lançou em 1988 o disco “Plebe Rude”, mais conhecido como “Plebe Rude Terceiro”. A nova sonoridade da banda, com instrumentos regionais, fez muitos fãs se afastarem, mas o disco tem ótimas canções. Sério, escutem “Plebiscito”, “Valor” e “A Serra”, por exemplo.

Para muitos, a banda acabou aí. Um dos integrantes saiu do grupo e os artistas ficaram anos sem lançar um novo trabalho. Na péssima memória das pessoas, a banda tinha lançado apenas os dois primeiros discos e sumido de vez.

Muitos não sabem, mas em 1993 a banda ressurgiu das cinzas como um trio e lançou o disco "Mais Raiva do que Medo". Aqui temos um disco que merece mais atenção. As letras das canções são extremamente atuais até os dias de hoje. Houve um amadurecimento nas composições da banda. A música que abre o disco se chama “Não Nos Diz Nada” e fala sobre a frieza do ser humano ao ver alguém precisando de ajuda pela tela da TV e conseguir ignorar completamente, sem nenhuma empatia, trocando para um canal ou programa de mais agrado. Nos dias de hoje, vemos isso acontecer em outra tela: o celular tem o mesmo papel aqui. A humanidade não evoluiu muito; a tecnologia e o sangue frio continuam entrelaçados, não é verdade?

O disco é uma obra-prima. Escute e aprecie sem moderação alguma. Destaco as músicas “Sem Deus, Sem Lei”, "Ação, Solidão, Adeus", "Aurora", "Se Lembra" e "Este Ano". Porém, o álbum não fez o sucesso esperado e a Plebe se separou oficialmente no ano seguinte, quando o vocalista Philippe Seabra se mudou para Nova Iorque.

Em 1999, a banda se reuniu novamente para se apresentar no festival Porão do Rock 99 com todos os integrantes originais. A partir daí, o grupo retomou as atividades. Infelizmente, em 2003, dois integrantes deixaram a banda definitivamente, mas a banda não pararia desta vez, ainda bem!

Com a entrada de Clemente Tadeu Nascimento, sim, o vocalista da banda paulistana Inocentes, a Plebe retomou o fôlego e lançou em 2006 o clássico “R ao Contrário”, disco que dá continuidade à evolução que vimos acontecer no álbum anterior. O que já tinha amadurecido em "Mais Raiva do que Medo" aqui foi aperfeiçoado. A sonoridade deste disco é absurda e as letras são o prato principal.

"E Quanto a Você?", “Discórdia”, “Dançando no Vazio” e a sensacional “Remota Possibilidade” mostram que a Plebe Rude veio para ficar. Este disco merece um relançamento em vinil para colecionadores e fãs da banda.

Tá achando que acabou? É claro que não! Em 2014, a banda nos surpreendeu com o disco “Nação Daltônica”, que carrega uma das músicas mais bonitas do grupo. Não tem como não se apaixonar por "Sua História". Sério, que letra é essa? Neste trabalho, a banda foca em dizer para quem está ouvindo que tudo tem um jeito; basta você se movimentar para isso. "Mais Um Ano Você", "Quem Pode Culpá-lo?", "Que Te Fez Você" e "Tudo Que Poderia Ser" reafirmam esta mensagem. Não deixe de ouvir este disco na íntegra.

Para a alegria dos fãs, em 2019, a banda lançou “Evolução - Vol. I”, uma ópera rock dividida em dois volumes. Neste disco, Clemente participa mais das composições do que nos trabalhos anteriores. A ideia do disco é contar a evolução do homem desde o seu surgimento até os dias atuais. Destaque para “O Fogo Que Ilumina o Caminho”, "Nova Fronteira", "Luz no Fim das Trevas, Pt. 1" e “A Mesma Mensagem”.

O segundo volume de “Evolução” sairia logo em seguida, mas veio a Covid-19 e atrapalhou os planos da banda e de todo o mundo. A segunda parte viu a luz do dia somente no ano de 2023. Apesar do atraso, “Evolução - Vol. II” chegou chegando e este é o trabalho mais recente da banda.

Se você, como muitos, parou em “O Concreto já Rachou”, mergulhe de cabeça na discografia dos caras. Não existe arrependimento aqui. A banda continua relevante e deveria ser mais lembrada e aclamada. Suas letras estão cada vez mais afiadas e a sonoridade é sempre impecável. A Plebe continua viva e mais rude ainda; afinal, os tempos estão cada vez mais difíceis.

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