O modelo permite aproveitar integralmente frutas e hortaliças impróprias para o consumo humano, resultantes das perdas durante o transporte e armazenamento. (Foto/Reprodução)
Biometano. Em entrevista à CNN, o CEO da Copersucar, Tomás Manzano, falou sobre o potencial e a ampla gama de usos que o biometano oferece visando a descarbonização, um dos temas centrais da COP30, que acontece em novembro em Belém, no Pará.
Produção. Em 2024, o Brasil produziu cerca de 840 mil metros cúbicos de biometano por dia, um crescimento de 16% em relação ao ano anterior. O país está numa escala de evolução e até 2030 deve produzir entre 7 e 10 milhões de metros cúbicos por dia de biometano.
Consumo. O gás fóssil consumido pelo Brasil hoje é na ordem de 75 milhões de metros cúbicos por dia, sendo boa parte desse montante importada, cerca de 20 a 25 milhões de m3/dia. Ou seja, a previsão é de que, nos próximos cinco anos, o biometano represente perto de 10% do atual consumo de gás no país.
Potencial. Para Manzano, o potencial de produção é muito maior. Considerando as matérias orgânicas disponíveis, o Brasil poderia produzir cerca de 120 milhões de metros cúbicos por dia de biometano, segundo a ABiogás, suprindo toda a demanda de gás atual do país. E metade desse potencial vem do setor sucroenergético, pela escala de matéria-prima disponível.
Beleza. “A beleza do biometano é que ele tem uma ampla gama de aplicações, emitindo 90% a menos de intensidade de carbono do que o diesel e o gás fóssil. Então, essa gama de aplicações, que passa pela geração de energia elétrica e vai até a substituição de combustíveis fósseis, faz com que o biometano descarbonize o campo, a cidade e os transportes”, destacou à CNN o CEO da Copersucar, Tomás Manzano.
Purificado. O biometano é o biogás purificado, ou seja, significativamente menos poluente. O biogás é gerado pela biodigestão de matéria orgânica por bactérias, um processo natural que pode ocorrer com resíduos orgânicos em geral, como o lixo urbano e resíduos agrícolas.
Sucroenergético. No setor sucroenergético, o material para a produção do biometano resulta do esmagamento da cana para a produção de açúcar e etanol. Atualmente, com a tecnologia disponível, usamos dois resíduos principais: um líquido, que chamamos de vinhaça; o outro é sólido, a torta de filtro.
Resíduos. Todos os meses, 17 a 25 toneladas de resíduos da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa - CE) são enviadas ao aterro sanitário a um custo aproximado de R$230 mil. Para transformar esse passivo em energia renovável, pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram o Sistema Integrado de Reatores Anaeróbios.
Biogás. A inovação aumenta a produção de biogás, com alto teor de metano, ocupa menos área e reduz custos e emissão de GEE. Projetada para a Ceasa do estado, a tecnologia tem potencial de replicação nas outras 57 centrais de abastecimento brasileiras.
Aproveitamento. O modelo permite aproveitar integralmente frutas e hortaliças impróprias para o consumo humano, resultantes das perdas durante o transporte e armazenamento. Essa biomassa não utilizada, altamente biodegradável, é ideal para produzir um biogás rico em metano, aproveitável na forma de combustível.
Novo. No método usual, a fermentação dos resíduos de frutas e verduras ocorre em Reatores de Mistura Completa (CSTR, sigla em inglês), que possuem limitações operacionais e exigem grandes volumes.
Pré-tratamento. O novo sistema aprimora esse processo ao aplicar um pré-tratamento que separa os resíduos por meio de trituração e prensagem em duas frações: líquida e sólida. Cada uma delas é direcionada a um reator especializado.