Fernanda Borges
Alguns dos presos na operação “Legalidade” devem ser transferidos para evitar que comandem ações criminosas de dentro da penitenciária
Explosões no BB
Na coluna anterior disse que ainda não entendia a preferência dos bandidos em explodir e furtar dinheiro dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil (BB). Nos últimos 13 meses, somente em agências do BB foram 15 explosões. Em e-mail à coluna, o juiz de Direito da 1ª Vara Cível em Uberaba, Lúcio Eduardo de Brito, com conhecimento e experiência jurídica, comentou: “Pode estar relacionado [explosões de caixas eletrônicos do BB] à certeza de impunidade decorrente da investigação ou não investigação dos crimes praticados”. E questiona: “Você já parou para pensar que não ocorrem explosões de agências da Caixa Econômica Federal tal qual ocorre com os demais bancos?”.
Federalização do crime
A explicação mais provável, segundo o magistrado, “é a de que sendo a Caixa Econômica uma empresa federal (BB é S/A de economia mista), com base na Constituição Federal a competência para investigar é da Polícia Federal, que está muito mais aparelhada, preparada e melhor remunerada. Logo, a bandidagem, que é muito bem assessorada em tudo, opta pelo mais fácil”. Uma das soluções, segundo Lúcio Eduardo de Brito, “seria federalizar os crimes contra agências bancárias em todas as suas modalidades ou melhorar a estrutura, o preparo e a remuneração das polícias civis dos Estados”.
Problemas e soluções
O juiz de Direito Lúcio Eduardo de Brito ainda sugestiona: “Já que a ideia da tinta derramada nas cédulas não funcionou, outra solução interessante seria pensar em um dispositivo que derramasse ácido corrosivo sobre as cédulas com o impacto da explosão, de modo que elas se dissolvessem nas mãos dos bandidos, e o Banco Central tão-somente as substituiria para a instituição financeira atacada, considerando as cédulas destruídas pelo ácido como cédulas recolhidas (retiradas de circulação)”. Para finalizar, o magistrado acredita que suas ideias e sugestões não devem ser pioneiras, pois quem trabalha na área de segurança do setor bancário certamente já deve ter pensado nisso tud “Eu só não entendo sobre o motivo (mas desconfio qual seja) pelo qual nada tem sido feito de modo a efetivamente dar um basta nesses crimes”. O culto julgador, em poucas palavras, apontou o problema e fez sugestão para solução.
Operação “Legalidade”
Enquanto advogados fazem filas na porta da Delegacia de Operações Especiais em Uberaba, no prédio da 5ª Risp, no intuito de tirar cópias do inquérito onde 28 pessoas foram presas na última quarta-feira (27), ainda existem pelo menos oito pessoas a serem presas pela Polícia Civil. Entre os procurados está um “diretor financeiro” da facção criminosa da qual fazem parte os presos na operação “Legalidade”. Dos 28 recolhidos existem assaltantes (que agem com muita violência), traficantes drogas no varejo e atacado, homicidas e outros. Eles não fazem parte de uma única quadrilha, são diferentes bandos que se interagem por pertencer a uma única facção criminosa. Entre eles existem os chamados “paus mandados”. São executores de ordens e por isso se tornam mais perigosos. São indivíduos capazes de acatar qualquer determinação, até mesmo matar quem quer que seja.
Organização criminosa
O esquema envolvendo o bando preso na operação “Legalidade” é tão organizado que há “juízes” para o sexo masculino e feminino. Muitos ficaram surpresos com a prisão de uma jovem de boa aparência, mas é ela quem decidia as penas a serem impostas às mulheres que infringiam o “estatuto do crime” dentro da facção. Era ela quem decidia se a “infratora” iria ter a sobrancelha ou os cabelos rapados. E pior: se morreria ou não. Alguns dos presos serão indiciados pelo crime de tortura e homicídio entre eles. Teve bandido mandando torturar e matar bandido.
Transferência de presos
A operação considerada um sucesso e um baque para a facção criminosa ainda vai colocar mais gente na cadeia. Enquanto isso, o delegado que preside o inquérito deverá pedir à Justiça a transferência de alguns mentores do bando. Como se sabe, a penitenciária não é sinônimo de isolamento, pelo contrário, está provado que mesmo presos alguns estavam orquestrando e comandando crimes em Uberaba.
Valores
Agilidade, ética e profissionalismo são valores que Álvaro Félix preza ao oferecer seus serviços. Sempre enfocando na agilidade e qualidade dos serviços, Álvaro Despachante tem equipe qualificada para atender seus clientes, seja pelo telefone 3311-1500 ou no escritório na rua Luís Próspero, em frente da Delegacia de Polícia Civil no Parque das Américas.
Exemplo a ser plagiado
Peço licença ao leitor para concluir a coluna de hoje parabenizando um dos melhores delegados de Polícia Civil de Minas Gerais e um homem de integridade e honestidade inabaláveis. Refiro-me a Luiz Antônio Blanco, que nos seus 14 anos de polícia sempre se mostrou comprometido com a profissão, dedicado e zeloso com os interesses da sociedade. Um policial respeitado até por aqueles que são alvos de suas investigações. Um servidor público que nunca poupou esforços ou se furtou de dar explicações e até ensinar, como é o caso deste colunista. É um perseguidor da verdade e temeroso da injustiça. Durante a operação “Legalidade”, o delegado Blanco não pôde acompanhar o desenrolar de mais de seis meses de exaustivo trabalho juntamente com sua equipe em busca de elementos que pudessem levar ao convencimento da necessidade da prisão dos acusados ao promotor de Justiça Laércio Conceição Lima e o juiz de Direito Ricardo Cavalcante Motta. O delegado Blanco não acompanhou a operação porque sofreu mal súbito e foi internado por exaustão, estresse pela sua dedicação como policial. Um bom domingo a todos!