SENTINELA

Diante da marginalização, qual é o valor de uma vida?

Mata-se por muito pouco nos dias de hoje (Leia mais...)

Carlos Paiva
Publicado em 05/03/2015 às 10:18Atualizado em 16/12/2022 às 03:36
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Carlos Paiva

Matusalém Ferreira Júnior, vulgo “Juninho Paisagista”, e Antonio Moreira Pires, vulgo “Pedrão”, foram transferidos para o CDP de Franca (SP)

Quanto vale a vida?

Nos últimos meses venho refletindo muito sobre o valor da vida no Brasil, afinal, os assassinatos, cada vez mais crescentes, cruéis e banais, não são nenhum “privilégio” de Uberaba. Até há pouco tempo eu diria pra você que a vida não tem preço, valor incalculável. No entanto, infelizmente, hoje a vida tem preço. Pode até variar de valores, mas existe um preço. Pode ser uma pedra de crack, uma bicicleta, um aparelho celular, alguns trocados no bolso ou no caixa, ou simplesmente por motivos passionais, banais ou vingança. Hoje nossa vida não vale nada. Estamos enclausurados em nossas casas, enquanto os malfeitores desfilam sem o menor constrangimento em carros imponentes e com belas mulheres (que usufruem do dinheiro do crime e também são criminosas). Enquanto não podemos sair de casa sem nos preparar para sermos assaltados, os marginais ostentam joias, roupas e tênis de grife e usam notas de R$ 100 para misturar uísque 18 anos em gelo de água de coco. E sabe o que é pior? Nada está sendo feito para mudar esta situação. Estamos sobrevivendo de promessas, ou melhor, mentiras eleitoreiras. Ou você já se esqueceu da implantação do Segundo Batalhão da PM em Uberaba? Não temos nem um inteiro (devido ao baixo efetivo) e prometeram um segundo. Esse tipo de balela gera mais insegurança e nossa vida passa a valer menos ainda, ou seja, se não valia nada, passa a valer menos do que nada. Se você não acredita, então pergunte para os familiares das 65 pessoas assassinadas no ano passado ou para os parentes das 13 vítimas deste ano. Observe a motivação de cada homicídio e você vai concordar que nossa vida vale menos do que nada. Não precisa ir muito longe para chegar a essa conclusão. Basta lembrar-se do assassinato (dia 2) do supervisor de segurança Jean Carlo Carvalho de Almeida. Motivaçã fútil, sem explicação. E o duplo homicídio onde as vítimas foram dois bebês (eram gêmeos e com dois meses e três dias de vida). O que as crianças fizeram para os assassinos? Que riscos poderiam gerar aos seus algozes? Os bebês não tinham nem como denunciá-los ou reconhecê-los. E mesmo assim eles foram assassinados com tiro à queima-roupa e na testa. O preço da vida dos bebês? Absolutamente nada. Mas se você é daqueles que vê preço em tudo, então podemos dizer que a vida dos bebês custou R$ 15, o valor pago pelos dois projéteis de arma de fogo usados na execução covarde e sem precedentes. Duas vidas por R$ 15.

Investigando

A dona de casa R.A.M., 31 anos, foi vítima de furto em sua residência no Parque das Primaveras e se cansou de esperar e acabou fazendo o trabalho da polícia, o que não é aconselhável. Ela descobriu onde estava o caminhão que literalmente fez sua mudança e acionou a PM. O dono do veículo contou que foi contratado para fazer um frete até uma casa na rua das Violetas. Conclusã foi tudo recuperado, da geladeira ao chuveiro.

Roubo em fazendas

Crimes em áreas rurais, principalmente às margens das rodovias que cortam Uberaba, estão cada dia mais rotineiros. No feriado de segunda-feira, três homens invadiram a fazenda Mata Velha, na BR-050, e chegaram até a casa do gerente A.C.C., 36 anos. Os autores tentaram roubar o veículo da vítima com objetos de valor, porém foram flagrados por outros moradores e fugiram pelo matagal a pé levando alguns eletrônicos.

Não basta assinar, tem que...

O tatuador M.A.S., 32 anos, acusado de passar a mão em um dos peitos de uma adolescente de 17 anos, durante uma tatuagem em seu estúdio, não ficou preso. Porém serve de alerta, tanto para ele que usou da desculpa de estar passando por problemas pessoais como para os pais que autorizam os filhos a fazerem tatuagem. Não basta um papel assinado autorizando, tem que participar, tem que estar presente. Não é só por questões de segurança, mas para checar a higiene e as condições dos equipamentos.

Abuso sexual

Ainda sobre abuso sexual, onde sua maior parte é cometida no âmbito familiar. Uma dona de casa, moradora do bairro Cartafina, vive situação complicada. O sobrinho de 13 anos, que temporariamente mora com ela devido a problemas familiares, teria abusado sexualmente da sua filha (prima do menor acusado) na semana passada. A menina tem apenas cinco anos de idade, mas contou detalhes dos abusos e também relatou que foram três vezes. O menor vai responder junto à Vara da Infância e Juventude.

Crueldade

Um vaqueiro de 50 anos está incrédulo com que fizeram a um bezerro de sua propriedade, no Parque São Geraldo, na tarde de terça-feira. Da forma que o bezerro de seis meses foi encontrado, sem as patas e partido ao meio, o vaqueiro acredita que o animal tenha sido usado em ritual satânico. Não foi levada nenhuma parte do bovino.

Manifesto

Moradores da Capelinha do Barreiro marcaram para hoje, às 13h, um manifesto em prol da segurança pública naquela comunidade. Ultimamente foram registrados alguns assaltos no local e regiões vizinhas. Fica a dica para políticos e autoridades bem intencionados para comparecerem e quem sabe, ajudá-los, mesmo que não estejamos em campanha eleitoral.

Transferidos para CDP

Os dois homens acusados de matar Izabella Marques Gianvechio, 22 anos, e seus dois filhos gêmeos, Lucas e Ana Flávia Marques Gianvechio, de dois meses e três dias, foram levados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Franca (SP) na tarde de terça-feira (3). Matusalém Ferreira Júnior, vulgo “Juninho Paisagista”, e Antonio Moreira Pires, vulgo “Pedrão”, vão responder pelo sequestro, triplo homicídio e ocultação de cadáver na Comarca de Igarapava (SP). Como em Igarapava não tem presídio vão ficar recolhidos no CDP de Franca, onde o PCC dá as cartas. A Justiça em Uberaba usou o mesmo critério no caso da estudante de medicina Virlânea Augusta de Lima (assassinada em outubro de 2008). Ela foi morta em Uberaba e corpo desovado no rio Grande, área territorial de Igarapava. Como o crime mais grave é o homicídio, o “distrito de culpa” foi considerado Uberaba.

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