Carlos Paiva
Veículo VW Gol, cor branca, com placas clonadas, foi tomado de assalto em Igarapava (SP), bateu em uma árvore e capotou deixando duas vítimas fatais
Esclarecendo
Peço licença ao leitor para esclarecer alguns pontos no acidente que culminou na morte de dois jovens: Danilo de Oliveira Vorney (“Danilinho”), 29 anos, e Bruno Leonardo de Souza (“Bruninho”), também de 29. Infelizmente, alguns fatos posteriores às mortes, principalmente devido a Polícia Militar ter monitorado a distância velório, cortejo e sepultamento, causou certa polêmica. Em primeiro lugar é bom que se frise que a viatura da Polícia Militar estava na AMG-2595 (antiga avenida Filomena Cartafina) em patrulhamento de rotina. Não era uma blitz. Em dado momento saiu de uma estrada vicinal o veículo VW Gol, cor branca, placas (clonadas) HKF-2772 de Sacramento. O condutor do VW Gol, Danilo de Oliveira Vorney, ao ver a viatura da PM deu um “cavalo de pau” (o que configura crime de direção perigosa) e retornou para a estrada vicinal, o que chamou a atenção dos militares. Talvez se continuassem pela rodovia nem teriam sido abordados. Os policiais não estavam à procura deles. Eles é que fugiram ao ver o carro de polícia, coisa de bandido.
Morte por acidente de trânsito
Após o “cavalo de pau”, os policiais foram atrás. Na estrada de terra, cheia de curvas e ondulações, o motorista (Danilo) do VW Gol perdeu o controle e bateu em uma árvore, capotou e parou virado com a frente para antiga Filomena Cartafina, por onde vinha a guarnição policial. Diante da poeira e o carro virado de frente para os militares, segundo documento em poder da Polícia Civil, “os militares disparam três tiros”. Em seguida viram que os ocupantes estavam feridos e foram em direção do carro e encontraram Bruno Leonardo de Souza, morto. Ele teve morte instantânea, e como não usava cinto de segurança acredita-se que sofreu traumatismos diversos. Já Danilo, que também não usava cinto de segurança, chegou a se identificar para os policiais e até disse o nome do colega, que estava morto ao lado. Ele deu entrada na viatura do Samu ainda falando. Sofreu várias paradas cardiorrespiratórias. Foram mais 30 minutos tentando salvá-lo, mas morreu possivelmente por hemorragia interna devido a múltiplos traumas. Suspeita-se que o volante do carro tenha causado hemorragia no abdômen, devido ao impacto da batida. Os corpos foram levados para IML no Parque das Américas.
Manifestações infundadas
Já na porta da delegacia e na presença de diversos colegas da imprensa e policiais, uma mulher gritou em alto e bom tom que “policiais tinham que morrer” e afirmou que foram os policiais militares que mataram a tiros os dois ocupantes do carro (Danilo e Bruno). Temendo por atos de desordem, como vem acontecendo em algumas cidades do país, várias guarnições da Polícia Militar foram para a porta da delegacia, no Parque das Américas, a fim de manter a ordem pública. O que foi mantido. Com a chegada dos policiais, o grupo de pessoas que “manifestavam” dispersou. No velório dos dois (Danilo e Bruno), na funerária Uberaba, alguns rapazes de motocicletas, acreditando que os militares teriam matado principalmente o Danilo, planejavam represálias (ataques) contra a Polícia Militar. Isso foi ouvido por várias pessoas no velório. Tal informação foi repassada a este colunista e também para o comando da Polícia Militar. E afinal, os corpos apresentavam perfuração de projétil de arma de fogo? Apenas no corpo do Danilo Oliveira Vorney tinha uma perfuração em uma das pernas, o que fraturou o fêmur. Segundo médicos especialistas, jamais poderia ser ou contribuído com a causa da morte.
Ação preventiva e ostensiva
Diante da possibilidade de ataques, manifestações, protestos, quebradeiras (chamem do que quiserem), que poderiam ferir terceiros e policiais, abalar a ordem pública, a Polícia Militar passou a agir de forma preventiva e ostensiva. Policiais militares passaram a monitorar o velório, cortejo e sepultamento. Em momento algum alguém foi abordado ou impedido de fazer suas últimas homenagens aos mortos. E pode ter sido isto que impediu a ação daqueles que procuravam por vingança cega. Fontes da coluna disseram que com o monitoramento da Polícia Militar, indivíduos conhecidos nos meios policiais desapareceram, pois estavam em débito com a Justiça ou seus veículos em situação ilícita. Por isso foi montada blitz na Univerdecidade. Mesmo assim, no retorno do sepultamento, a PM apreendeu seis motos e quatro carros em situação de ilegalidade e prendeu três pessoas por desacato.
Honestos?
Algumas pessoas chegaram a dizer que tanto Danilo de Oliveira Vorney como Bruno Leonardo de Souza eram honestos e trabalhadores. Isso sim me cortou profundamente. Afinal qual o conceito de honestidade para estas pessoas? E o que é ser trabalhador? Essas palavras de significados tão importantes estão banalizadas. Lembro ao leitor que o carro VW Gol que estava com os dois (Danilo e Bruno) e ficou destruído na batida, foi tomado de assalto em Igarapava, em 11 de outubro passado, e estava com placas clonadas de um veículo pertencente a uma empresa em Sacramento. E mais: o Danilo e o Bruno (e outros) foram presos em 6 de janeiro de 2011 acusados de envolvimento com o tráfico de drogas. Eu estava presente quando foram presos na BR-262. Conforme Reds, o Danilo e o Bruno estavam em um VW Golf, cor preta, placas GZE-4537, “dando cobertura para GM Monza, cor cinza, placas GNB-7971, transportando mais de nove quilos de maconha”. Os dois e outros envolvidos foram levados para Polícia Federal e lá autuados em flagrante por tráfico drogas. Eles deram entrada na penitenciária de Uberaba no mesmo dia da prisão e autuação. Os dois saíram, por relaxamento de prisão em flagrante, nos dias 12 e 13 de outubro de 2011. O Danilo também era investigado por suspeita de furtos em ranchos da região.
Legítima e necessária
E para concluir, mais uma vez peço desculpas ao leitor por destrinchar esse assunto. Faço algumas perguntas: pessoas honestas correm da polícia? Pessoas honestas circulam com carros tomados de assalto e placas clonadas? Pessoas honestas se envolveriam com transporte de drogas? Espero que desta forma tenha contribuído e esclarecido para que não paire dúvidas quanto a ação legítima e necessária da Polícia Militar. O que os policiais fizeram foi justamente o que determina a Constituição Brasileira. Eles defenderam os interesses da coletividade agindo com prevenção e se mostrando presentes. Em dias de guerra civil não declarada, devemos refletir bem antes de apontar o dedo para aqueles que se dispuseram a dar suas vidas em prol das nossas.