SENTINELA

Morte da agente Vívian Medeiros pode ter sido encomendada de dentro da penitenciária

Carlos Paiva
Publicado em 02/08/2015 às 11:12Atualizado em 16/12/2022 às 23:00
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Carlos Paiva

O funileiro João Paulo Rocha Fabrini foi morto com um tiro na nuca, disparado por seu colega de trabalho Vinicius Paulo Martins da Silva

Violência no trânsito

As conversões à esquerda em Uberaba são responsáveis por boa parte dos acidentes, e na quarta-feira (29) acabou em assassinato. O funileiro Vinicius Paulo Martins da Silva, 20 anos, vulgo “Caresami”, pilotava uma motocicleta pela avenida Orlando Rodrigues da Cunha (sentido Abadia-Leblon) e próximo à oficina de funilaria em que trabalhava, sem a devida atenção, entrou para a esquerda no intuito de fazer uma conversão ou até mesmo transpor o canteiro central, como é comum naquele local. No mesmo sentido, seguia o entregador N.A.S., 24. Houve o choque das duas motos e os dois pilotos caíram. O entregador se levantou rapidamente e passou a agredir com socos e chutes o funileiro. Um homem atravessou a avenida e tentou apaziguar a situação, momento em que o funileiro se levantou, apanhou sua moto e saiu em alta velocidade para, em seguida, retornar armado com um revólver. Foi neste momento que apareceu o também funileiro João Paulo Rocha Fabrini, 25. Ao tentar promover a paz, é surpreendido com um tiro na nuca disparado por seu colega de trabalho, o também funileiro Vinicius Paulo Martins. Mesmo depois de atingir e matar o colega, Vinicius disparou vários tiros no intuito de acertar o entregador N.A.S., que não foi atingido. O funileiro Vinicius Paulo tem passagens pela polícia, quando ainda era menor. Já o entregador N.A.S., que não quis saber de dialogar e partiu para agressões físicas, tem passagens por direção perigosa, atrito verbal, CNH vencida. Já a vítima fatal, o funileiro João Paulo Rocha Fabrini, não tinha nenhuma passagem pela polícia.

Execução

A morte da agente penitenciária e estudante de Direito Vivian Cristina Medeiros, 37 anos, não foi um caso “aleatório” como chegou a ser ventilado. O alvo era ela, tanto que descarregaram uma pistola ponto40. A agente era tida como rigorosa em suas funções na penitenciária. Uma das vertentes investigadas pela polícia é de que a ordem para matar pode ter partido de dentro da penitenciária e um homem seria o executor. Familiares disseram que a agente estava sendo ameaçada de morte por parentes de presos que estavam insatisfeitos com o rigor nas revistas.

A suspeita

A agente penitenciária Vivian Cristina registrou uma única queixa de ameaça e foi em 03/05/2013, onde a detenta D.F.L., na época com 21 anos, disse que: “Eu já respondo um latrocínio e um homicídio e sei que não dá nada. Sei que você tem filho e cadeia não é para sempre”. A autora das ameaças é de Fernandópolis (SP) e foi presa em Iturama (MG) e, em seguida, transferida para penitenciária de Uberaba. A suspeita não está presa em nenhum presídio ou penitenciária de Minas Gerais e é considerada de altíssima periculosidade e tem envolvimento com facção criminosa.

Mortes em 2015

A semana foi marcada por muitos assaltos, três homicídios e uma morte no trânsito. Fechamos o mês de julho com cinco assassinatos. Agora, nos sete primeiros meses de 2015 e somente na área territorial de Uberaba, são 38 assassinatos e dois latrocínios. Dos 38 homicídios, pelo menos três foram mortos em outras cidades e seus corpos desovados em Uberaba, mas as investigações estão sendo feitas pela Polícia Civil local. E dos 38 assassinatos, 22 vítimas tinham envolvimento com crime ou criminosos. Já com relação às mortes no trânsito, até ontem e somente na área territorial de Uberaba, foram 21. A BR-262 lidera com seis mortes. Logo em seguida estão as ruas e avenidas de Uberaba com cinco vítimas fatais. A título de comparação, em 2014 e no mesmo período (01/01 a 31/07), 35 pessoas foram assassinadas e duas morreram durante assalto (latrocínio). Já os acidentes em 2014, no mesmo período e também somente na área territorial de Uberaba, foram 44 mortes.

Disputa de pontos

Alguns travestis estão em pé de guerra por disputada de pontos para se prostituirem. Na sexta-feira (31), o travesti W.J.L., 31 anos, conhecido como “Roberta Killer”, e outros dois compareceram no ponto que fica na avenida Deputado José Marcus Cherém com rua Francisco Pagliaro e tentaram retirar à força os travestis “ Cris” e “Camila”. A alegação de “Roberta” é que já possui mais tempo de prostituição e por isso tem direito de escolher onde quer se “expor”. O local que está sendo disputado é o mesmo onde no dia 9/6/2015 foi assassinado com golpe de faca o travesti Arnoldo da Silva Macedo, também conhecido como “Kely”.

Guerra declarada

Os cinco travestis partiram para baixaria e passaram a se agredir com spray de pimenta, agressões diversas (algumas impublicáveis) e pedradas. Eles foram levados para a Delegacia de Plantão de Polícia Civil e ainda continuaram entrando na pancadaria. Na frente dos policiais, se agrediram com socos e puxões de cabelose até caíram sobre um bebedouro de água. Todos foram ouvidos e liberados. Na madrugada de ontem, voltaram às vias de fato e juraram que a pendenga vai acabar em morte. Alguns pontos de prostituição de travestis são considerados vip’s, pois ficam no escuro e isso favorece os clientes, geralmente homens casados que não podem ser vistos.

Antecedentes

O assassinato do ex-presidiário André Luiz Lopes, 21 anos, não está tão difícil de ser elucidado. Testemunhas viram o autor em veículo VW Fox de cor preta e com placas de Araxá (MG). A vítima tinha passagens por furto, posse de drogas e deixou a penitenciária de Uberaba em 16/10/2014. Em 20 de julho passado, ele foi preso pela PM portando uma faca e também por estar intimidando transeuntes na avenida Djalma Castro Alves, próximo ao local onde foi morto. O ex-presidiário chegou a reclamar que o condutor de um veículo teria tentado contra sua vida. Ele foi morto com três tiros no peito, e próximo ao local onde a agente penitenciária Vivian Cristina Medeiros foi executada, com 11 tiros, horas antes.

 

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