SENTINELA

Só no Brasil 190 juízes precisam de proteção policial

Os mais vulneráveis são os magistrados que atuam nas varas criminais(Leia mais...)

Carlos Paiva
Publicado em 24/02/2015 às 11:20Atualizado em 17/12/2022 às 01:17
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Fernanda Borges

Delegada PC Carla Garcia Bueno deve concluir em 30 dias inquérito que apura as mortes da mãe e dos dois bebês

O silêncio dos bons

O atentado ao promotor de Justiça da comarca de Monte Carmelo (MG) Marcos Vinicius Ribeiro, 33 anos, é uma evidência incontestável da ousadia daqueles que se acham e agem como se fossem superar a tudo e todos. Mas engana-se quem pensa que isso me espanta. Infelizmente a insegurança está banalizada e quem tenta colocar um pouco de ordem e Justiça acaba sofrendo graves consequências. O que me espanta, caro leitor, é a inércia dos bons, das pessoas de bem. Somos a maioria absoluta, mas agimos como se fôssemos uma minoria insignificante. Não damos o devido valor à nossa própria força. Quando um marginal atenta contra a vida de um policial, promotor de Justiça ou juiz de Direito, está atentando contra o Estado. E o Estado somos nós, o povo. Quando acertaram quatro tiros no promotor de Justiça Marcos Vinicius Ribeiro, os projéteis da pistola 380 penetraram cada um de nós. O promotor de Justiça representa os interesses do Estado, ou seja, nossos interesses. Simples assim. Ele não representa seus interesses pessoais. Quando pediu a prisão e cassação do ex-vereador Valdelei José de Oliveira, fez isso para proteger os cofres públicos, nosso dinheiro. Está na hora de nos juntarmos ou estaremos condenados a viver na sombra, a sobreviver trancafiados, enquanto os malfeitores estão morando em mansões, desfilando em carrões e ostentando joias. Está na hora de nos organizarmos enquanto pessoas de bem. Um bandido cai da moto enquanto fugia da polícia e no outro dia param a cidade com protesto que nem mesmo sabiam por quê. Um promotor de Justiça é baleado e nada. Hoje foi um promotor de Justiça, amanhã pode ser eu ou você, quem sabe?

Enclausurados

Só a título de ilustração, hoje no Brasil mais de 190 juízes de Direito contam com esquema de proteção policial, segundo a AMB. E conforme o CNJ, 83% dos casos de ameaça são registrados na Justiça comum. E mais: os mais vulneráveis são os magistrados que atuam nas varas criminais de primeira instância. Os outros 17% dos casos são referentes a juízes que atuam em tribunais regionais federais, do Trabalho e eleitorais.

Risco de morte

O comerciante Matusalém Ferreira Júnior, acusado de matar a comerciária Izabella Gianvechio e seu casal de gêmeos de dois meses, está isolado na penitenciária de Uberaba para que nada lhe aconteça. Logo que chegou já foi apelidado pelos presos de “Matosneném”. Com capacidade para 680 presos, o local tem mais de 1.300 reclusos. O risco de agressão e até morte por parte dos detentos é grande, devido à crueldade do crime.

O distrito de culpa

A delegada de Polícia Civil Carla Garcia Bueno, que preside o inquérito policial do sequestro seguido de triplo homicídio e ocultação de cadáver (Izabella Marques Gianvechio e seus dois bebês, de 63 dias de vida), deve concluir as investigações em 30 dias e remeter para apreciação do Ministério Público e Justiça. O caso vai gerar certa polêmica devido à discussão do chamado “distrito de culpa”, mas não deve ir muito longe, até porque já existe um caso semelhante e já julgado. O assassinato no ano de 2008 da estudante de medicina Virlanea Augusta de Lima gerou a mesma discussão, pois ela foi morta em Uberaba e o corpo jogado no rio Grande, em águas de Igarapava (SP). O caso chegou a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, que decidiu que o crime teve início em Uberaba e, portanto, deveria ser julgado aqui.

Invasores

Na coluna Sentinela do dia 17 deste mês noticiei que um grupo de 60 pessoas invadiu o terreno do Clube dos Cavaleiros Campo Floridense, em Campo Florido (MG), e alertei para a intenção deste grupo de invadir propriedades rurais e até terrenos na cidade. Dito e feito. No domingo passado, 150 pessoas invadiram a chácara Três Irmãos, naquele município. Uma área de 19 hectares que confronta com a BR-262. Agora é na Justiça.

Sem qualidade

Uma vergonha o asfalto colocado para que o ônibus do BRT trafegue pela avenida Leopoldino de Oliveira. Em alguns pontos verdadeiras crateras se abriram, sem condições de se trafegar até mesmo a pé. Não sou especialista no assunto, mas acredito que os envolvidos na obra já deveriam saber que ali precisava de ter concreto e não asfalto, que, aliás, é de má qualidade. As crateras colocam em risco a vida de passageiros e também de terceiros.

Gigante por natureza

E já que o assunto predominante da coluna de hoje são os servidores públicos que doam suas vidas em prol das nossas, ontem, um dos melhores peritos criminais de Minas Gerais, cidadão e pai de família exemplar e um ótimo amigo foi baleado acidentalmente durante uma perícia técnica em um bar da Palestina. Antônio Carlos Barroso Jacques, 48 anos, foi atingido na coxa esquerda por um projétil de pistola ponto40. Ele desembarcava da viatura policial quando a pistola que portava caiu e disparou, acertando a coxa. Inicialmente foi socorrido por dois peritos que estavam com ele no carro da perícia, mas a viatura apresentou problemas e foi prontamente atendido por uma guarnição da PM. O perito Jacques foi levado ao pronto-socorro do HC da UFTM, submetido a cirurgia e na noite de ontem estava em recuperação. Hoje, minhas preces são para este grande, literalmente, parceiro. Ele é um lutador forte e vencedor por natureza e vai sair dessa.

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