— Você gosta de novelas? — Eu não. Ah, na boa! Perde-se muito tempo assistindo novelas. Aí, no desenrolar das histórias, o desfecho é sempre o mesmo. O mocinho termina junto com a mocinha e o vilão sempre leva a pior; isso quando não morre... Novela, pra mim, é um porre. Quem gosta fica agoniado, feliz com a desgraça do vilão e triste pelo casalzinho que não deu certo. Nusss!... E aquelas do Manoel Carlos, que nem pobre tem na trama. Tudo se passa no Leblon, como se a vida do povo fosse só ir à praia pela manhã e jantar em restaurante chique à noite. Ah, claro, eles sempre vão pro litoral... ninguém trabalha. (sic) Bom. Mas gosto é gosto e não se discute, apenas se comenta. Tudo com respeito, sempre! Agora, pior do que esse tipo de novela são as novelinhas de início de temporada, repetidas exaustivamente todos os anos pelos clubes de futebol do mundo inteiro. É insuportável este lengalenga. É jogador que vem e daí a uma semana não vem mais; é proposta recusada; conversa de empresários; listinhas de dispensa; especulações, mentiras e muito teatro. Não é futebol. Não é esporte. É chato. Vejam as histórias do Vagner Love – que não sabe se vai para o Flamengo ou se permanece no Palmeiras – e do argentino Maxi Lópes, do Grêmio. Qual a utilidade disso? Apesar de muitos torcedores gostarem – me desculpem –, é um porre. Até acho que os jornais são os únicos que deveriam gostar dessa novela futebolística que antecede o momento de a pelota rolar. Ora, se não há jogo, a página e os blocos do programa esportivo precisam ser preenchidos com algo. Aí, vêm à tona as novelas. Mas, quando o clube deixa de lado a conversinha fiada e bota a mão na massa, efetuando contratações de jogadores renomados ou não, eu gosto. Por isso, expresso aqui meu sentimento de admiração pela atitude do Uberaba Sport Club em incorporar ao seu elenco os atletas Laerte e Jonatan, de 17 anos, ambos indicados pelo técnico Sílvio Bernardes. As contratações do volante e do atacante demonstram que a diretoria está com a cabeça no lugar e disposta a manter o bom nível do último ano e, na medida do possível, melhorar ainda mais o desempenho do atual campeão da Taça Minas Gerais. Tudo isso, sem exageros desnecessários e dispendiosos. Deixar de lado os medalhões e apostar em promessas, ainda que um pouco arriscado, acho que é interessante. O Corinthians trouxe Roberto Carlos, mas estou de olho, por exemplo, no meia Moacir, vindo do Sport Recife, que não conseguiu insurgir das trevas e caiu para a Segundona. Note-se que, para um cara se destacar em um time rebaixado, a ponto de chamar atenção de um grande clube, é porque ele não é qualquer um... Por isso, sou adepto ao fim das novelinhas pelas idas e não vindas de medalhões e a favor das contratações responsáveis. Assim, parabéns ao USC e parabéns a quem trabalha e deixa de lado a conversinha fiada. Feliz ano-novo a todos!