A morte do Dino foi desastrosa – para mim e para meus leitores
A morte do Dino foi desastrosa – para mim e para meus leitores. Perdi meu conselheiro nas desgraças e idiotices deste lindo Brasil e a lagoa da Emendada perdeu seu sábio analfabeto. Estou desolado, e sem ter a quem recorrer vou aumentando minha leitura dos nossos jornais. Nesta fase vejo de saída como os chamados “grandes jornais do Brasil” são realmente grandes puxa-sacos dos jornais estrangeiros, sobretudo de língua inglesa. Vou na página “Ilustrada” da Folha de São Paulo, que assino. Um livro qualquer em inglês, lançado lá nos picorós da Serra Nevada, recebe um bruto espaço e comentário do cronista, alguns “up to date” e “new look”. O livro curioso e elogiado cai para as livrarias metropolitanas e é bem vendido, afinal é chic comentá-lo, porque é sinal de cultura. Um livro brasileiro, sobretudo se for escrito nos interiores desta terra, recebe cinco linhas – o cronista sabe que português é língua morta, não será lido nem comentado nas rodas literárias da metrópole. Isto eu escrevo provado – e sem mágoa. Escrevi um romance épico sertanejo que saiu muito bem para o meu calibre de interior. No fim do ano, meu “Caçadas” viu-se coroado como finalista e do prêmio Jabuti – o maior prêmio da literatura nacional. Pensam que alguém da Folha, do Estadão, do Globo ou do Estado de Minas leu ou comentou o livro? Espere sentado, meu amigo. Aliás, não me queixo do público leitor. Os que leram gostaram e o usaram para presentear amigos. As livrarias esgotaram os exemplares da 1ª e da 2ª edição. Se fosse escrito em inglês, mereceria este comentário que nunca foi feito... Mas deixa isto pra lá. Ficando por aqui, ninguém vai me chatear, e eu posso contar aos meus leitores o que quiser, sem risco metropolitano ou governamental. Por exemplo, meu amigo que não leu a Folha de segunda-feira e sua notícia dramática na página política, com gráfico e tud você sabe que neste lindo Brasil (existem 14 estados que gastam entre 39 e 45% por cento de sua arrecadação com pagamento de seu pessoal? E neles há uma maioria nordestina, exatamente uma sede de escândalos governamentais... O que sobra para o povão e suas necessidades? Vem daí a apelação permanente com que sangram o governo federal. Suas bancadas na Câmara, no Senado e nos Ministérios choram como bezerro desmamado, a dona Dilma tem que ajudar para não ser crucificada. Felizmente, no gráfico da Folha, nós, do sul – Minas, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul –, não aparecemos. Somos vacas e bezerros que não choram, apenas trabalhamos. Vejam a falta do Din se ele soubesse desta situação, classificaria o gráfic é tudo bezerro enjeitado, doutor! Pode dar tudo para mamar, que não vão parar de berrar!
(*) Médico e pecuarista