Por que há tantas repetições? Por que lutamos para entendê-las e vencê-las? Existe uma compulsão à repetição? Existe um instinto que nos faz repetir um comportamento destrutivo e sofredor? Por que existem as repetições autodestrutivas? Como explicar a repetição de experiências dolorosas em sonhos e memórias? Será que a repetição em si oferece algum ganho particular? Esse comportamento repetitivo pode ser mudado? Para aqueles que sofrem com a repetição de comportamentos autodestrutivos, existe esperança? A possibilidade de mudança para aqueles que são atormentados por atos e atitudes repetitivos inconscientes existe? Esses comportamentos podem ser modificados?
O comportamento do indivíduo é motivado por fatores dinâmicos, que geralmente fogem à consciência.
A solução para o padrão de repetição mais profundo e inconsciente está no passado do sujeito. Os sentimentos e traumas anteriores estão relacionados com os problemas do presente. Torna-se necessário descobrir a origem dos conflitos inconscientes. É importante entender as razões subjacentes a tais comportamentos, tornar consciente o que está inconsciente.
O que é importante? Que o indivíduo entenda a si mesmo e perceba o mundo à sua volta de outra forma, que o sujeito se permita a liberdade de fazer escolhas. Escolher é diferente de repetir.
A mudança de comportamento é o que possibilita que os ciclos repetitivos de autossabotagem possam ser decifrados e controlados.
Mudança e consciência então intrinsecamente ligadas.
Se não ocorrer a mudança, a vida do sujeito continuará sendo infernizada e destruída pela compulsão à repetição. O que seria essa compulsão? Uma necessidade inconsciente de repetir muitas vezes um comportamento, um impulso de levar adiante um fato, sem se importar com as consequências.
Como operar a mudança?
Mudar é perceber o que está acontecendo e principalmente, porque está acontecendo. Mudar é encarar o ciclo da repetição para ter algum controle sobre o que este ciclo está inconscientemente provocando.
Por que a autossabotagem?
Cada pessoa traz uma história singular. Cada um tem suas próprias defesas. Seres que passaram a vida construindo uma concepção sobre si e sobre o mundo ao redor de uma determinada percepção equivocada têm medo de contestar aquela visão de si mesmo. Acontece a muitas pessoas o fato de sepultar sentimentos traumáticos, experiências tristes e memórias sofridas. Entretanto, enterrar essas experiências não significa que elas estejam mortas. Ao contrário, elas se incorporam ao indivíduo, tornando-se parte implacável da imagem que as pessoas têm de si mesmas.
Como você se vê? Como uma criança medrosa e incapaz de lidar com o mundo ou como um adulto capaz de lidar com os acontecimentos?
(*) Psicóloga clínica
