Não adianta querer separar totalmente a vida pessoal e profissional. É uma grande teia, na verdade. Pessoal e profissional estão interligados e não há como negar isso. Também, é verdade, não há como um não influenciar no outro.
Vejam só: Uma beata viu o sacristão da igreja tomando cerveja com o amigo em um barzinho perto da casa dela. Nada de errado, não é mesmo?
No entanto, para ela, aquilo era um verdadeiro sacrilégio, um absurdo, um pecado com direito a excomunhão.
Tomando conhecimento do caso, o padre acabou não mandando o sacristão embora. Ele, sensato e justo, escutou a versão do rapaz. No fim, o sacristãozinho continuou empregado e feliz. Porém, nervoso demais com a beata fofoqueira...
Ora, é assim também no futebol. Por mais que muitos digam que a vida pessoal do cara é dele e só dele, é preciso uma discussão mais abrangente sobre o assunto.
Jogadores, além de milionários, também são ídolos. Na grande maioria, são ídolos de crianças. Crianças pobres, sem um plano na vida, a não ser... tornarem-se jogadores de futebol.
Entende a grandeza do negócio, caro leitor? Meu filho, por exemplo, adora ser o goleiro quando brincamos de jogar bola. Adivinha o nome do goleiro que ele dizia ser????
“Bruuuuuuno!!!”, gritava ele a cada defesa feita. Agora, o ídolo dele, o maior goleiro do mundo – para ele – é apontado como suspeito de participar de um crime macabro.
No entanto, amigo torcedor, o caso do goleiro Bruno é só mais um entre tantos casos parecidos. Já tivemos casos de atletas batendo em namorada; jogador negociando com traficante; boleiro saindo com prostitutas adolescentes, artilheiros alcoólatras e viciados em outras drogas, etc.
Tudo bem que é preciso entender que estamos falando de seres humanos. Humanos erram. É normal. Mas, na boa, certos erros são perfeitamente evitáveis. Achar que por ser ídolo se pode fazer tudo é um erro. Achar que dinheiro compra tudo, é outro erro ainda maior.
É preciso que o jogador entenda que muitos órfãos, por exemplo, se espelham neles! Houve um tempo em que o garoto escutava que seu ídolo cresceu na favela e venceu na vida, apesar de todas as dificuldades. Naquele tempo, porém, não se ouvia dizer que depois de ficar rico e famoso, o jogador, outrora pobre, voltou para ajudar traficantes, assassinos e ladrões. Lembro de já ter lido e visto reportagens em que os craques abrem instituições de apoio aos menores em situação de risco; compram comida, dão roupas e oferecem educação. Hoje, para tristeza de muitos e decepção da maioria, o dinheiro que poderia ser gasto com atitudes nobres e de caridade está sendo colocado nas mãos de advogados de defesa... É bom pensar nisso.