Não é qualquer palavra, mas aquela que é o próprio Cristo, a Palavra que se fez carne e veio habitar entre nós
Não é qualquer palavra, mas aquela que é o próprio Cristo, a Palavra que se fez carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1,1s). Essa realidade é festivamente celebrada na Epifania do Senhor, quando Jesus se manifesta ao mundo, tornando-se ponto de unidade entre todas as pessoas, tanto cristãs como pagãs. Em seu nascimento, foi procurado, visitado e conhecido pelos reis pagãos do Oriente.
Estamos convivendo com um mundo repleto de trevas, mesmo sabendo que existe uma “luz no fundo do túnel”. As trevas facilitam a divisão, o isolamento das pessoas e atitudes arbitrárias violentas e impedem a claridade da luz. Jesus tem sido um grande desconhecido no mundo da maldade. Ele é a unidade do amor, com uma palavra de convergência para construir o Reino de Deus.
A mensagem da palavra de Jesus não consegue atingir os centros de decisões no mundo do poder, principalmente quando o bem dos mais pobres não é levado em conta. Decisões para favorecer a minoria, em detrimento do empobrecimento da maioria, não podem ter a bênção de Deus. Isso foge da moralidade da Palavra de Jesus Cristo, que foi dada para todos, mas supõe honestidade no agir.
A cidade de Jerusalém, para o povo antigo, representava ponto convergente de unidade do mundo antigo. Essa realidade foi proclamada pelos profetas, mesmo sabendo de sua destruição, mas com o tempo, conseguir recuperar essa identidade. O Brasil poderia ser uma nova Jerusalém, caso fosse administrado dentro dos princípios da Palavra de Deus. Temos riquezas suficientes para isso.
Hoje temos muitas barreiras que impedem o exercício da unidade e da fraternidade. Um exemplo disto é a crise vivida por grande número de famílias, que não conseguem ter boa convivência familiar. Não é o caso de citar tipos de divergências, mas sabemos que a cultura secular, em meio a muito progresso tecnológico, acaba atropelando os mecanismos humanos de convergência.
Em Jesus a luz de Deus passa a ter um alcance universal, mas foi bem mais acolhida pelas pessoas das classes simples e desprotegidas, social e economicamente. A luz de Deus está muito obscura e desconsiderada no mundo que engloba o poder, exigindo das autoridades uma verdadeira mudança de rota e de estrutura para conseguir viver uma experiência autêntica com Deus.
(*) Arcebispo de Uberaba