Dentro do contexto da história de vida de Jesus está a Festa da Ascensão do Senhor. É a volta de Cristo para a casa do Pai, de onde ele mesmo tinha vindo. É a alegria da Aliança que envolve a todos nós, porque se plenifica e possibilita a relação entre o céu e a terra, a humanização do divino e a divinização do humano. Jesus abre caminho, como o primeiro na promessa, de vida eterna a todos.
A alegria tem como fundamento primeiro o cumprimento da promessa que Deus fez ao povo eleito de lhe enviar o Paráclito, o Espírito Santo. Desta forma, inspirada por ele, a humanidade pudesse fazer encontro pessoal com Jesus Cristo. Em tudo isto está o grande gesto do amor de Deus em benefício das pessoas. A intimidade com Deus, com sua Palavra e seus preceitos dá sensação de alegria.
Não é tão fácil compreender a real dimensão sobrenatural que envolve a alegria, pois ela só é realmente verdadeira e concreta quando tiver relação com Deus. Os apóstolos foram envolvidos de alegria no momento que viram o Senhor sendo elevado ao céu (cf. At 1,10). Certamente, foi uma sensação de novidade, de cumprimento da promessa do que ouviram: Jesus vai voltar (cf. At 1,11).
A alegria que contagia as pessoas vem de dentro do coração humano e tem forte dimensão de fé. Ela reflete prazer e entusiasmo, fruto de uma pessoa feliz. Às vezes, rezamos dizendo Nossa Senhora da alegria, vendo na Mãe de Deus uma pessoa feliz por cumprir sua missão como serva fiel do Senhor. Então, a alegria é ter sensação de amor, de felicidade, de empolgação, de festa.
Uma guerra nunca pode transmitir sensação de alegria, porque ela antecipa a morte de tantas pessoas inocentes. Desta forma, podemos dizer que a palavra alegria está intimamente unida à palavra vida. Quem defende a vida humana, enfrentando todas as consequências, está exercendo uma força que vem do alto, vem de Deus, luta pela sua dignidade e supera todo tipo de tristeza.
A Festa da Ascensão do Senhor Jesus é marcada por uma verdadeira alegria, porque é o coroamento da missão de Jesus na terra. É também celebração da elevação de toda a humanidade para o encontro eterno com Deus. Aí não haverá mais limitações, medo e maldades, porque o amor passa à dimensão de plenitude, isento de qualquer condicionamento e debilidades subjetivas.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba