Angelina Jolie publicou um artigo em que explica que se submeteu a uma dupla mastectomia preventiva, depois que médicos estimaram em 87% a possibilidade de ela vir a ter câncer de mama e em 50% a de ter câncer no ovário. Afirmou que tomou a decisão de tornar público o seu gesto para encorajar outras mulheres, com os mesmos riscos da doença, a buscarem informações, fazerem exames e tomarem providências no sentido de diminuírem as possibilidades de serem alcançadas pelo câncer.
A atriz tem sido elogiada mundialmente pelo corajoso gesto, porém tem recebido puxões de orelha, pois pode, com sua atitude, desencadear um processo de mastectomia em massa, que tem sido desaconselhado pelos estudiosos do assunto, uma vez que existem meios de acompanhamento seguros para evitar o câncer.
Os dois lados podem estar com a razão. Mas a favor de Jolie pesa o fato de ela ter visto de perto o longo sofrimento de sua mãe por causa do câncer. O fato levanta a questão de como cada pessoa enfrenta uma doença, qualquer que seja. O ex-presidente Lula, por exemplo, não escondeu da nação o grave problema pessoal que ele enfrentou, também um câncer. Entregando seu problema a uma competente equipe médica, conseguiu voltar à ativa. Já o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chavez, procurou esconder o que se passava com ele. Cada qual tem o direito de fazer opção por tornar público, ou não, o próprio drama.
Também o ator e modelo Reynaldo Gianecchini enfrentou de peito aberto sua luta contra o câncer. Constatamos a extraordinária vitória da medicina ao vermos o ator visivelmente feliz novamente atuando em novelas e comerciais. E o que mais ele vende, para alegria de todos, é a simpatia que, de certo modo, agrega aos produtos que anuncia.
Cerca de quatrocentas mil mulheres morrem por ano, vítimas de câncer na mama, por diversas razões: questão genética, falta de controle no exame anual dos seios, desconhecimento de medidas preventivas, falta de acesso a tratamento especializado... A atitude de Angelina Jolie na tentativa de minimizar ao máximo, em si mesma, a possibilidade de câncer suscitou acalorado debate sobre o assunto. E a atitude de tornar público esse fato nos faz admirá-la por sua coragem, pois, mesmo sabendo que se exporia a inevitáveis críticas, apostou na possibilidade, de alguma forma, de ajudar o próximo.