Na data de 3 de junho deste ano, 2021, mesmo em plena presença desoladora e letal da pandemia do coronavírus, celebramos a Solenidade do Santíssimo Corpo, Sangue e Divindade de Jesus Cristo. Corpus Christi é Festa da Eucaristia, da presença do Cristo Ressuscitado e do Sacramento do Amor de Deus pelo seu povo. É a fonte da vida da comunidade cristã e da família de Deus.
Essa Solenidade revela o sentido rico da espiritualidade da Aliança, expressão de unidade que acontece entre o ser divino e o ser humano, em sinal visível e concreto, presente na hóstia consagrada. Jesus Cristo continua entre as pessoas, em forma de Sacramento Eucarístico, sinal-presença de esperança para todos aqueles que O reconhecem como libertador e Salvador da humanidade.
No Novo Testamento acontece a Nova Aliança de Deus, não mais como sinal e nem como acontecimento, mas como Sacramento para edificar a vida das pessoas, porque Cristo continua unido ao povo, a quem doou a vida no seu corpo e sangue. É da Eucaristia que nasce e vive a Igreja, no sangue e na água que jorram de seu corpo, concretizados na água do batismo e na força do sangue derramado.
Então, a Igreja, que vive da força da Eucaristia, exerce uma missão no mundo para construir o Reino de Deus. Além do aspecto da evangelização, da construção da comunidade cristã e da paz, ela realiza ações sociais para ajudar as pessoas mais necessitadas. É a prática da caridade fraterna, diminuindo o sofrimento das pessoas à margem das condições mínimas para sua sobrevivência.
Esse gesto solidário foi ampliado neste tempo de pandemia. O sofrimento do povo aumentou em diversos aspectos. O maior deles é a fome e a impossibilidade de conseguir os alimentos básicos para preservar a vida. Com isto os gestos solidários foram assumidos por pessoas e instituições. Sem dar nenhuma publicidade, mas todas as paróquias no Brasil fizeram alguma campanha solidária de alimentos.
É na força da Eucaristia que melhor conseguimos enxergar o irmão sofredor. A solidariedade de Jesus Cristo com os pobres foi um testemunho modelar para todos os seus seguidores. Ele mostrou que a vida cristã não pode ficar no patamar de um mundo fechado, egoísta e sem partilha. Viver a Eucaristia é colocar a mão na massa para construir uma sociedade onde a vida tem sua dignidade.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba