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Crise! Crise!

Caramba, esta é a palavra mais falada nos dias atuais. E eu, como todo brasileiro, tenho mesmo é que falar e escrever sobre a crise. Adianto-lhes que de crise econômica eu não entendo nada,

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 15:12
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Caramba, esta é a palavra mais falada nos dias atuais. E eu, como todo brasileiro, tenho mesmo é que falar e escrever sobre a crise. Adianto-lhes que de crise econômica eu não entendo nada, o que me dá uma nota fraca como cronista. Prefiro isto a ficar de boca cheia, soltando crise pra todo lado, como fazem cronistas de futebol, de cinema, de modas e literatura, que também não entendem nada do assunto mas querem exibir sua participação e desconhecimento. Pra mim, nada melhor que o comentarista Zé Simão, da Folha, que joga no meu time de ignorantes, mas conta o horror das socialites Daslu e Daspu achando que está chegando o fim do mundo – aliás, do seu mundo. O nosso Lula, que foi promovido da Daspu pra Daslu, já disse que crise no Brasil é marola, nunca vai ser tufão. Estou com ele, mesmo porque a vida brasileira é sócia da crise desde o descobrimento, que já aconteceu por acaso. De saída os índios queriam comer um tal Caramuru, que deu um tiro com a garrucha que conhecia e virou semideus, e daí ganhou prestígio, comida grátis e até umas índias pelo mesmo... deixa isto pra lá. Depois, ao longo e pela vida afora, nós sempre vivemos em crises de toda espécie. No princípio, holandeses e franceses tentaram nos invadir, foi um fracasso. Voltaram pra Europa, ça n’est pás um pays serieux, disseram como desculpa. Vieram outras crises não sérias, dom João fugiu de Portugal para cá, logo que pôde voltou pra Portugal, deixou-nos dom Pedro de herança e este aumentou a esculhambação gritando Independência ou Morte! – Ninguém pensou que ele estava era gritando com sua marquesa no Ipiranga, daí ficamos independentes mesmo, pelo menos no nome, sem tiros, sem guerra... sem crise outra vez. E vai pra frente, minha gente: o Império virou República, creio que foi um jogo de truco do bom Pedro II com Deodoro da Fonseca. Ele, um nobre português, não conhecia jogo de cartas, e Deodoro era professor como todos que fazem carreira militar onde guerras são proibidas raridades. E por aí navegamos sem novidade, lembro até de um moleque que vendia jornal na rua e gritou como assustadora manchete: o Brasil decretou a guerra! E todos que compravam seu jornal voltavam raivosos, ele mostrava a página policial: polícia decreta greve contra o jogo do bicho! Vejam, tudo é nacionalismo puro! Depois e tudo, minha gente, como acreditar seriamente em crise neste país? Motivos existem de sobra, não precisamos importar. É claro que não estou denunciando corrupções políticas, nepotismo, sentenças jurídicas negociadas, a falsa preservação da natureza, índios que recebem terras que nunca trabalharam, mas vão receber mesada, a Amazônia que não conhecem mas legislam no ar-condicionado de Brasília, maravilhosas jogadas interbancárias nacionais e internacionais, e a tal base de tudo que é a esculhambação das negociatas políticas, etc. e tal e tudo mais em busca do poder. Caramba, é possível sofrer e acreditar neste país que de sério só tem carnaval e futebol? Ó, desculpem, agora tem o Ronaldo no Corinthians. Tem sinal maior de que damos bananas para todas as crises?

(*) médico e pecuarista

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