ARTICULISTAS

Crise do saber III

Será o conhecimento o elemento necessário

Sandra de Souza Batista Abud
sandrasba@uol.com.br
Publicado em 21/03/2013 às 20:03Atualizado em 17/12/2022 às 09:20
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Será o conhecimento o elemento necessário para transformar em realidade o ideal da emancipação humana?

Ou será a adoção de modos de comportamento dos objetivos capitalistas?

O professor agora se encontra na necessidade de competir pela atenção do aluno, enfocado em seu celular e outros apetrechos eletrônicos. O imaginário social infelizmente reforça tal disposição, exigindo do professor a capacidade de se metamorfosear em um animador de auditório, com a única diferença que, ao invés de haver a distribuição de prêmios, se anseia pela distribuição indiscriminada de pontos para a satisfação dos alunos. Como o espaço público se esvazia emocionalmente por excesso de informações, de suscitações e de estímulos, o eu perde suas referências e sua unidade por excesso de atenção.

Por conseguinte, a educação, que poderia ser um instrumento essencial para a mudança da estrutura excludente do regime capitalista, torna-se, justamente, instrumento dos seus mais violentos processos de estigmatização. Na dimensão opressora do comercialismo capitalista, a educação se torna uma mercadoria de grande rentabilidade.

Na sociedade contemporânea, percebe-se a tendência da família fragilizada em suas bases morais, de transferir a responsabilidade formativa dos jovens para a escola e seus educadores, que ficam assim sobrecarregados em suas funções pedagógicas. Os jovens, cada vez mais, infantilizados pela sociedade de consumo, consideram o espaço educacional apenas como um local de lazer, um ponto de encontro social. Não se realizam existencialmente em seus estudos cotidianos, considerando a vida estudantil um enfado insuportável. A transformação do estudante em um consumidor que deve ser satisfeito como cliente preferencial passa a responsabilidade ao professor, considerado culpado por todo fracasso pedagógico do estudante desprovido de qualquer senso crítico em sua existência. De onde a juventude alienada reproduz esse comportamento clientelista? Da sua própria vida familiar.

O ensino atual transforma o homem em uma espécie de rebanho de consumidores felizes, à custa da redução intelectual do estudante, levando-o ao estado de infantilismo narcísico, como uma criança que tudo quer.

Neste contexto, a sociedade requer professores com habilidades fantásticas, capazes de seduzir os alunos com aulas consideradas mais agradáveis e mais dinâmicas, conforme a lógica vertiginosa do tempo corrido da contemporaneidade.

O objetivo central da luta contra a sociedade mercantilista e sua subsequente alienação cultural em nome da massificação  da vida humana é a emancipação plena da educação desses ditames comercialistas.

O que se exige hoje dos professores é que eles tenham e exibam habilidades espetaculares, capazes de atraír as mentalidades dos alunos despreparados, por meio de estímulos sensoriais.

Decorre daí a crise do sistema público de ensino, pressionado pelas demandas pecuniárias dos especuladores financeiros e dos empresários educacionais que de modo algum podem aceitar melhorias qualitativas na dimensão do sistema de ensino público - a degradação deste é diretamente proporcional ao luxo das instituições educacionais.

Esclarecimento é a saída do homem desta menoridade, da qual ele é o próprio culpado, se a causa dessa condição não se encontrar na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de provocar mudanças.

(*) Psicóloga clínica

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