Ao abrir a caixa de mensagem, havia lá, entre tantas, uma de minha filha
Ao abrir a caixa de mensagem, havia lá, entre tantas, uma de minha filha. Fui direto nesta mensagem. Pai! – era o assunto título. Veja – assim começava o seu texto – o que a minha amiga me enviou. Depois de ter sentido uma vontade enorme de escrever, pegou lápis e papel e deixou fluir a intuição.
Passei a ler o texto de sua amiga. Fiquei a imaginar essas meninas que gostam de escrever, de uma boa conversa, de roda de amigos, cultuam hábitos saudáveis, falam de coisas que estão no mundo, sobre as quais poucos têm coragem de discutir. São meninas privilegiadas por ser corajosas com a vida, idealistas e solidárias; merecem o bem maior: a felicidade, na expressão filosófica do existir em ação harmônica com o pensar.
Laís, que escreveu o texto, é filha de Luiz Henrique. Ele foi meu aluno quando eu era professor no Colégio Nossa Senhora das Graças. Hoje, ele é um proficiente professor no Colégio Diocesano e a sua menina é tão inteligente quanto à mãe. Laís e tantas outras, como a Eloá, são meninas de prosa boa, de bem com a vida, sem estar no corrimão social. Elas têm o seu jeito próprio de ser.
Ler, escrever, dialogar são hábitos que se deve cultivar sempre. Vale a pena ganhar tempo com reflexões, com a leitura, com o escrever e falar de coisas que nos agradam. Não há demérito algum na reflexão, na dor do pensar, na incerteza ao caminhar, na angústia da procura, no silêncio por falta de assunto. As coisas vão se consubstanciando dentro de nós, em conformidade aos nossos hábitos e na incerteza que temos. No entanto, cultivar ações habilidosas nos fazem suaves. Segue o texto dela na íntegra.
Muitos têm medo da loucura, mas que bobagem. Queria, eu, esse estágio inconsciente, inconsequente, em que, na verdade, o medo não vem, já que o real não existe. Eu tenho medo é desse momento que estou vivendo agora, que é o caminho para a loucura, em que tenho consciência de tudo, aliás, sou consciente demais. Queria parar de me ouvir pensar, raciocinar por alguns segundos, minutos, quem me dera. O silêncio já não me atrai mais, já que é junto dele que meus pensamentos mais cruéis gritam. É por isso que gosto de música, a música alta, a música boa, pois assim eu sinto o que o outro pensa e não o que a minha mente doentia sussurra. Te confesso que já foi mais difícil, quando nem o sono vinha para calar os meus pensamentos. Agora, não de um meio natural, consigo dormir, e que momento! É o momento do silêncio, mas o silêncio de verdade, que minha cabeça se acalma e assim, meus pensamentos também, não posso dizer que dormem, pois se acordo por um segundo, todos já estão prontos para gritar de uma vez. Pode ser o caminho para a loucura ou uma crise, mas se for a primeira opção, que o destino chegue logo. Que venha a inconsciência, a inconsequência, o irreal... Laís V. C. F.
(*) Professor