Em duas semanas tivemos aqui dois aviões interceptados pela ação firme da Polícia Federal. Segundo as autoridades, os dois aparelhos eram utilizadas pelo tráfico internacional de drogas. Um dos aviões foi reduzido a pedaços carbonizados, enquanto que o outro, perfurado a balas, permanece apreendido em Uberlândia. O papel ilícito das aeronaves nestas bandas é velho conhecido. Há alguns anos ocorreu uma inexplicável chuva de cigarros e dinheiro sobre fazendas em Conceição das Alagoas. Houve até quem pensasse em milagre!
Aí está a prova inconteste de que o Triângulo Mineiro não é simples rota das drogas. Ele é como que a curva fechada de um rio que ancora tudo e depois vai liberando as escórias pouco a pouco.
Os embates ocorridos entre a Polícia Federal e representantes do crime organizado nos levam a recordar dos jovens tragados pelas drogas e suas famílias mergulhadas em inferno astral. A morte do cantor Alexandre Magno Abrão, o Chorão, no dia 06/03/2013, é exemplo eloquente. Eis o desabafo de sua ex-mulher Graziela Gonçalves: “Eu tentei tudo que vocês possam imaginar, mas infelizmente essa praga mundial que é a droga, que está acabando com tudo, ganhou. Eu espero que outras famílias e que outras pessoas não passem por isso que eu estou passando, eu os familiares todos, o filho dele, a mãe, os irmãos e os amigos”. Não há declaração mais emblemática.
Nosso rincão triangulino, por fazer fronteira com os estados de Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul, vive um triste paradox ganha seus louros devido à sua posição geográfica e ao mesmo tempo paga altíssimo preço por isso. É que por aqui também passam ou param alguns maus que atravessam o Brasil. As drogas teimam em fazer a festa, embora tenhamos na região todas as respeitáveis instituições policiais repressivas, incluindo unidades do Exército. Pais desesperados não viam a hora de uma resposta à altura.
E esperam que o bem prevaleça sobre o mal.
(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da ACademia de Letras do Triângulo Mineiro